Houve pois  melhoria generalizada no armazenamento de água, e as autoridades alertam para a necessidade de manter uma gestão cuidadosa dos recursos hídricos, especialmente nas regiões que continuam em situação de escassez.

Dados divulgados pelo Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos (SNIRH) indicam que 14 bacias hidrográficas apresentaram um crescimento nos níveis de armazenamento, enquanto apenas uma registou uma diminuição.

O balanço global revela que 51% das albufeiras monitorizadas possuem disponibilidades superiores a 80% do volume total, e 10% continuam com níveis inferiores a 40%.

A precipitação intensa que marcou o mês de janeiro, sobretudo na última semana, refletiu-se significativamente nos níveis de armazenamento das barragens portuguesas. Comparando com os valores médios de janeiro no período de referência (1990/91 a 2023/24), as reservas de água estão, em geral, acima da média, excetuando-se as bacias hidrográficas do Mondego, Sado, Mira, Arade e Ribeiras do Barlavento.

Estes continuam a apresentar valores abaixo dos esperados para esta época do ano.

O Algarve, região historicamente afetada pela seca, beneficiou de um aumento importante  nas reservas hídricas dados  os  três dias consecutivos de chuva intensa.

O volume de água armazenado nas seis principais barragens da região subiu para 46% da capacidade total, representando um acréscimo de 85 hectómetros cúbicos (hm³) em comparação com o mesmo período de 2024.

A barragem de Odeleite foi a que registou a maior recuperação, atingindo 71% da sua capacidade, um aumento de 32,39 hm³, a barragem de Beliche subiu para 58% da sua capacidade, enquanto o Funcho chegou a 42% e Odelouca a 35%.

No entanto, nem todas as albufeiras algarvias conseguiram uma recuperação expressiva.

Assim as barragens de Arade e Bravura continuam  em níveis críticos, com apenas 17% e 14% da sua capacidade total, respetivamente.

O volume armazenado no Arade aumentou apenas 0,15 hm³, enquanto na Bravura a subida foi de 0,34 hm³, valores insuficientes para alterar a situação de escassez na região do Barlavento Algarvio.

Em termos nacionais, os dados indicam que o armazenamento de água melhorou bastante  na maioria das bacias hidrográficas. O Tejo, a maior bacia hidrográfica do país, apresenta níveis superiores a 85% da capacidade total das suas albufeiras, garantindo reservas para abastecimento urbano e agrícola. No Douro, os níveis também são positivos, com algumas barragens a ultrapassarem os 90% da sua capacidade.

A bacia do Guadiana registou um aumento expressivo devido à precipitação e à captação de água do Alqueva, consolidando-se como uma das principais reservas estratégicas para o abastecimento do sul do país. A barragem de Alqueva, em particular, mantém-se acima dos 80% da sua capacidade total, um fator determinante para a segurança hídrica do Alentejo.

Entretanto as bacias do Mondego, Sado, Mira e Ribeiras do Barlavento continuam abaixo das médias históricas.

No Mondego, a escassez de precipitação nas cabeceiras comprometeu a recuperação plena das albufeiras, colocando em risco o abastecimento agrícola para os próximos meses. A bacia do Sado mantém níveis baixos, agravando as preocupações com a gestão hídrica na região do Alentejo Litoral.