Em tom indignado, denunciou os gastos militares em contraste com o abandono social: “É triste saber que o mundo gastou US$ 2,4 triliões em armamentos, no ano passado, e não teve a coragem de gastar isso ensinando as pessoas a acabar com a fome”.
Ao falar sobre as relações com a África, Lula fez questão de reconhecer o legado africano na formação da identidade nacional brasileira.
“Devemos o que nós somos, a nossa cor, a nossa arte, a nossa cultura, o nosso jeito de ser, ao continente africano. O Brasil não pode pagar isso em dinheiro, isso não pode ser mensurado em dinheiro. Mas podemos pagar em solidariedade e em transferência de tecnologia”, declarou.
Lula acentuou que o Brasil dispõe de tecnologia agrícola suficiente para apoiar os países africanos na transformação de terras improdutivas.
“O Brasil pode ajudar, tem como ajudar. Basta que a gente assuma a responsabilidade de tratar vocês com o carinho e respeito que merecem. E saibam que, com a existência das mais modernas técnicas, não tem mais terra improdutiva em lugar nenhum do mundo”, reforçou o presidente, encorajando as delegações a aproveitarem as oportunidades do evento.
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, destacou o fortalecimento dos vínculos com os países africanos em uma cooperação orientada pela solidariedade e pelo respeito mútuo. “Temos reforçado os vínculos com cada um dos países africanos. A expressiva participação de representantes do continente africano no II Diálogo exemplifica a força do Sul Global, num cenário impactado pelas mudanças climáticas”, pontuou.
Representando os países africanos, a vice-primeira-ministra de Essuatíni, Thulisile Dladla, agradeceu a hospitalidade brasileira e destacou a importância da cooperação Sul-Sul. “Compartilhamos um legado que mostra nossa resiliência”, afirmou. Dladla ressaltou os desafios impostos pelas mudanças climáticas e pela crise econômica sobre a agricultura familiar e reafirmou o compromisso africano com uma agenda de combate à fome. “Assumo o compromisso da nossa cooperação para garantir que toda família tenha comida e abrigo”, disse.
O evento reúne mais de 40 delegações de países africanos, além de organismos internacionais, bancos multilaterais de desenvolvimento, instituições de pesquisa, cooperativas de agricultura familiar e representantes do setor privado.