A história começou nas sombras, muito longe das trincheiras, quando em setembro de 2025 os serviços secretos húngaros decidiram dedicar-se a um único homem: Robert Brovdi, o comandante das Unmanned Systems Forces (USF) das Forças Terrestres Ucranianas, mais conhecido como Robert Madyar. Para a Hungria, Madyar deixou de ser apenas um especialista em guerra de drones; tornou-se um inimigo pessoal de Viktor Orbán.

Entre março e agosto de 2025, quatro ataques ucranianos atingiram o oleoduto Druzhba, uma das artérias energéticas mais sensíveis da Europa Central. Todos tinham a mesma assinatura: planeamento meticuloso, drones de longo alcance e uma ousadia estratégica que Orbán classificou como “um ataque directo aos interesses vitais da Hungria”. Foi assim que começou a caça.

O Information Office (IH) mobilizou equipas inteiras de analistas para desmontar a teia europeia e ucraniana que sustenta Madyar. Cada fio da rede era analisado com precisão cirúrgica: canais de angariação de fundos, empresas de fachada para movimentação de dinheiro, startups europeias que fornecem peças para drones, sobretudo os mini motores a jacto — discretos, caros e extremamente difíceis de rastrear.

As transacções bancárias passaram a ser escrutinadas minuto a minuto. Agentes seguiram intermediários ligados a Madyar na Polónia, nos Bálticos e na Alemanha, tentando perceber como se cruzavam as empresas de Defesa, os circuitos paralelos de financiamento e os programas de desenvolvimento tecnológico das USF. Como diria Sun Tzu, “Conhecer o inimigo é o primeiro passo para o vencer”.

Ao mesmo tempo, o Military Intelligence Office (KFH), já bastante activo na Ucrânia, uniu esforços ao IH para criar uma task force exclusivamente dedicada ao fantasma que perseguem: Robert Brovdi. A missão? Identificar o posto de comando das USF, mapear todas as redes comerciais que o alimentam e, idealmente, interromper a infraestrutura clandestina que tornou a Ucrânia uma potência formidável em drones de longo alcance.

O foco voltou-se também para as zonas mais discretas do mapa. Na Transcarpácia, junto à fronteira húngara, agentes infiltrados procuram fábricas improvisadas onde a Ucrânia monta drones fora do alcance dos bombardeamentos russos. Com grande parte da indústria deslocada para esta região, longe das sirenes e da destruição, a área tornou-se o novo coração industrial de um país que resiste reinventando-se.

Para Budapeste, porém, este não é um mero jogo de espionagem. É uma batalha estratégica pela sobrevivência energética e geopolítica. Para Kiev, por outro lado, é a prova viva daquilo que Viktor Frankl escreveu: “Quando não podemos mudar a situação, somos desafiados a mudar a nós mesmos.” A Ucrânia mudou, inovou e transformou-se numa das potências tecnológicas mais inesperadas do século XXI — e Robert Madyar é o rosto dessa mudança.

No meio desta guerra invisível, uma certeza emerge: a fronteira entre tecnologia, espionagem e sobrevivência nunca foi tão fina. E no centro dela, um homem tornou-se símbolo de um país inteiro.

Fontes e leituras recomendadas:
– Análises sobre guerra tecnológica e drones: https://www.rand.org
– Estudos sobre guerra híbrida e inteligência militar: https://www.nato.int
– Relatórios sobre segurança energética europeia: https://www.iea.org