A Convenção Nacional - órgão revolucionário de governo criado na sequência da Revolução Francesa e da deposição do rei - anulou o sistema de contagem do tempo ligado ao cristianismo o calendário gregoriano e impôs um calendário republicano que assumiu como data inicial o dia 22 de novembro de 1792, o momento da instauração da república, para substituir o gregoriano no país, e torná-lo universal.

O calendário foi uma criação do matemático Gilbert Romme, também dividido em 12 meses coincidentes com os meses gregorianos e cada mês foi cortado em três decêndios.

Nestes decénios os dias eram numerados de um a dez, recebendo nomes de primidi, duodi, tridi, quartidi, quintidi, sextidi, septidi, octidi, nonidi e décadi.

Os decêndios receberam nomes tirados de plantas, animais e objetos de agricultura.

O dia foi dividido em dez horas de cem minutos e cada um destes, em cem segundos.

O poeta Fabre d’Eglantine imaginou os nomes dos novos meses, com auxílio do jardineiro do Jardim das Plantas de Paris.

As denominações inspiraram-se nos sucessivos aspectos das estações do ano na Europa: neblinas, neve, chuvas, ventos, calor etc..

Cada dia também tinha um nome diferente, em favor de nomes comuns em francês, úteis na vida cotidiana.

Por exemplo: o nosso 24 de novembro tornou-se o Nèfle do mês frimário.

Ao total de 360 dias, acrescentavam-se cinco complementares e, a cada quatro anos, um sexto - como nos anos bissextos do sistema gregoriano.

O ano neste calendário revolucionário começou à meia-noite do equinócio do outono, segundo o meridiano de Paris.

Mas a eliminação dos feriados religiosos católicos, dos nomes de santos e, sobretudo, do domingo, insuficientemente compensado pelo décadi, incomodou a população.

O calendário, em resumo, era assim esquematizado:
* Frimário (frimaire): 21 de novembro a 20 de dezembro
* Nivoso (nivôse): 21 de dezembro a 19 de janeiro
* Pluvioso (pluviôse): 20 de janeiro a 18 de fevereiro
* Ventoso (ventôse): 19 de fevereiro a 20 de março
* Germinal (germinal): 21 de março a 19 de abril
* Florial (floréal): 20 de abril a 19 de maio
* Pradial (prairial): 20 de maio a 18 de junho
* Messidor (messidor): 19 de junho a 18 de julho
* Termidor (thermidor): 19 de julho a 17 de agosto
* Frutidor (fructidor): 18 de agosto a 20 de setembro
* Vindimiário (vendémiaire): 22 de setembro a 21 de outubro
* Brumário (brumaire): 22 de outubro a 20 de novembro

A data da Queda da Bastilha por exemplo, o 14 de julho, era nesse calendário o 26 Messidor, e o nome do dia era Sauge (em português, sálvia).

Mal se tornou imperador, Napoleão assinou o retorno ao velho calendário gregoriano em janeiro de 1806.

Mas até lá a instauração da República, da formação da Convenção Nacional em 20 de setembro de 1792 e, da chegada dos jacobinos ao poder, em 2 de julho de 1793, a Revolução Francesa radicalizou-se.

Para transformar a sociedade uma das medidas adotadas foi a criação de um novo calendário, diferente do calendário gregoriano, por ser um símbolo do cristianismo e do Regime Absolutista Monárquico que fora extinta.

Adotado a partir de 1793, o seu início foi na data de 22 de setembro de 1792, dia da instauração da República impondo a marcação de uma rotura com as tradições cristãs e aproximando-se do racionalismo burguês.

Assim o ano I, iniciado em 1792, era o ano da adoção da Constituição que havia instituído o sufrágio universal, e a democratização do regime.

O carater anti religioso do calendário gerou a oposição da população ao mesmo já que a maioria a rural sobretudo era cristã.

Napoleão ordenou como se disse o fim da utilização do calendário revolucionário e o regresso do vaticanista calendário gregoriano a partir de 31 de dezembro de 1805.

O calendário revolucionário no entanto não foi esquecido e seria reutilizado nos dois meses de vigência da Comuna de Paris, em 1871 .