Com base no relatório do ministro Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal (STF) e o  tom contundente que reforçou, deixou  em aliados e adversários de Jair Bolsonaro a expectativa de uma pena elevada no julgamento sobre  golpe de estado para derrubar Lula da Silva 

Na Globo a  ideia é que o documento riscou uma linha clara sobre a seriedade dos crimes, pondo fim a  pressões por uma pacificação que signifique impunidade.

Segundo os  advogados que atuam no processo, integrantes do governo Lula e dos que rodeiam  Bolsonaro, a previsão é de que o ex-presidente possa receber uma sentença de, no mínimo, 25 anos de prisão. Há até previsões ainda mais pessimistas, aue vão aos  30 anos.

Alexandre de Moraes chegou a ser  enfático ao dizer : “A sociedade brasileira e as instituições mostraram sua força, sua resiliência, em que pese a manutenção de uma polarização. Nesses momentos, a História nos ensina que a impunidade, omissão e covardia não são opções para a pacificação, pois o caminho aparentemente mais fácil, e só aparentemente, que é da impunidade, da omissão, deixa cicatrizes traumáticas na sociedade”.

As penas pelos crimes dos quais Bolsonaro é acusado – organização criminosa, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, entre outros – podem somar até 43 anos.

A expectativa é que sua pena se aproxime do máximo. “Vai ser muito maior que 17 anos”, comentou um advogado de outro réu, lembrando que condenados por papéis menores no 8 de janeiro receberam penas de 14 a 17 anos.

Os advogados de Bolsonaro, Walter Braga Netto e Anderson Torres argumentam que o crime de abolição violenta do Estado Democrático de Direito (4 a 8 anos) absorveria o crime de golpe de Estado (4 a 12 anos), impedindo a condenação por ambos pois a defesa sustenta que são fatos conexos, não independentes.

Ja o procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou que o grupo liderado por Bolsonaro “desenvolveu e implementou plano progressivo e sistemático de ataque às instituições democráticas, com a finalidade de prejudicar a alternância legítima de poder nas eleições de 2022”.…“Todos aderiram à organização criminosa cientes do que defendia o presidente Jair Bolsonaro e contribuíram, em divisão de tarefas, para a consumação do projeto autoritário de poder”.

Apesar de o relator ter sinalizado a possibilidade de absolvição para algum réu se houver "prova da inocência ou mesmo qualquer dúvida razoável", o consenso à volta  do ex-presidente é de pessimismo. Como resumiu um de seus advogados: “Não tem como salvar o Bolsonaro, mas não acho que dá para colocar todo mundo no mesmo saco”.