A mobilidade suave, um termo cada vez mais presente nas discussões urbanas, refere-se a todas as formas de deslocamento não motorizado, como caminhar, andar de bicicleta, usar trotinete ou mesmo patins.

O conceito, que à primeira vista parece uma simples mudança de hábitos, envolve uma transformação profunda no modo como vemos as nossas cidades, a nossa relação com o espaço público e, sobretudo, o impacto que queremos deixar no planeta.

Quando se fala em mobilidade suave, pensamos em ruas menos congestionadas, em passeios mais largos, e até em vias exclusivamente para bicicletas. Mas este conceito vai muito além das infraestruturas; ele exige uma revolução cultural e social. Envolve repensar hábitos, trocar a rapidez pela experiência, e, mais importante, buscar alternativas que respeitem o meio ambiente.

Segundo o relatório da Agência Europeia do Ambiente, os transportes são responsáveis por cerca de 25% das emissões de gases com efeito de estufa na União Europeia, sendo que o setor rodoviário é o maior contribuinte. A mobilidade suave, ao reduzir a dependência dos veículos motorizados, apresenta-se como uma das alternativas mais eficazes para diminuir a pegada ecológica. Para além disso, diversos estudos destacam que a prática de caminhar ou pedalar não só melhora a saúde física e mental dos cidadãos, como também fomenta a interação social e o sentido de comunidade.

As Cidades que Escolhem a Suavidade

Inúmeras cidades europeias já estão na vanguarda da mobilidade sustentável. Copenhaga, Amesterdão e até Barcelona têm implementado modelos que priorizam o peão e o ciclista, reduzindo o espaço dos carros em prol de infraestruturas verdes e acessíveis a todos. Copenhaga, por exemplo, orgulha-se de ter mais bicicletas do que carros nas suas ruas, e as suas ciclovias são pensadas para que os ciclistas possam deslocar-se com segurança e conforto, mesmo nos dias mais frios de inverno.

Em Portugal, cidades como Lisboa e Porto têm investido em ciclovias e na implementação de redes de bicicletas partilhadas. Contudo, a transição para uma mobilidade suave enfrenta obstáculos, sobretudo no que diz respeito a uma mudança de mentalidades. Como observou a urbanista Jane Jacobs, "as cidades foram feitas para as pessoas, e não para os carros". Esta frase, aparentemente simples, revela uma verdade que estamos apenas a começar a redescobrir: a prioridade deve ser sempre dada às pessoas, ao ambiente e ao bem-estar coletivo.

Mobilidade Suave como Um Compromisso de Sustentabilidade

A adoção de formas de mobilidade ecológica é mais do que uma escolha individual; é um compromisso com as gerações futuras. Imagine uma cidade onde a qualidade do ar é melhorada, onde as ruas são vivas e onde o ruído constante dos motores dá lugar ao som de conversas e de passadas calmas. Tal cenário é possível e está ao nosso alcance.

Estudos mostram que, ao escolhermos andar de bicicleta em vez de conduzir, estamos a poupar cerca de 21g de CO2 por quilómetro. E não se trata apenas do impacto ambiental. Cidades mais acessíveis a peões e ciclistas também tendem a ser mais inclusivas, permitindo que todas as pessoas, independentemente da idade ou condição física, possam deslocar-se com segurança.

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