O PCP considerou esta sexta-feira, como 29.11, que a polémica em torno do número de alunos sem aulas mostra que o Governo fez "uma aldrabice" e que so se  preocupou “com os anúncios e a propaganda" do que em resolver os problemas.

"O que o Governo hoje [esta sexta-feira] afirma é que tinha sido uma aldrabice os dados que tinham sido disponibilizados na semana passada", afirmou a líder parlamentar do PCP, Paula Santos, em declarações aos jornalistas no parlamento.

Paula Santos reagia à notícia do Expresso que indica que o ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, reconheceu que as estatísticas avançadas pelo Governo segundo as quais, no primeiro período deste ano, houve menos 90% de alunos sem aula a pelo menos uma disciplina quando comparado com o ano passado, podem não corresponder à realidade.

Para Paula Santos, esta polémica à volta do número de alunos sem aulas mostra que o Governo "estava mais preocupado com os anúncios e a propaganda, em fazer crer que faz", mas na "verdade não faz e oculta aquilo que era preciso fazer".

"A ânsia era tão grande por parte do Governo de dizer que fez, que a verdade veio ao de cima e comparou o que não era comparável. A verdade é que a sua preocupação não foi a resolução do problema, aliás porque ele não está resolvido e são necessárias soluções estruturais para a sua resolução", afirmou.

A líder parlamentar do PCP defendeu que urgem medidas para valorizar a carreira docente e para atrair mais jovens para a profissão, e considerou que as medidas anunciadas pelo Governo para responder à falta de professores "revelam-se insuficientes".

"E remeter para 2026/2027, como o Governo remete, o fim do processo negocial no que diz respeito à revisão da carreira e a sua implementação para essa data, é pura e simplesmente ignorar o problema e pode ter uma consequência, que é a tendência para o agravamento deste problema", disse.

Paula Santos advertiu que "o número de professores que estão em condições de se aposentar é muito significativo" e, "se não houver uma intervenção célere para a resolução deste problema, a sua tendência é agravar-se".

Esta sexta-feira, em Bruxelas, o ministro da Educação entalado noticiou  que já pediu uma auditoria para esclarecer os diferentes números que recebeu sobre o número de alunos sem aulas no último ano letivo (2023-2024).

Na notícia do Expresso, lê-se que Fernando Alexandre reconheceu que "qualquer comparação com o ano letivo passado é neste momento impossível", tendo em conta os "dados contraditórios que recebeu dos serviços em diferentes momentos" e também "todas as dúvidas que surgiram, nomeadamente por parte do ex-ministro da Educação João Costa".

O Expresso refere que, após terem sido divulgados publicamente números por parte do PS e do ex-ministro João Costa que contrariavam os que estavam a ser comunicados pelo Governo, o Ministério da Educação pediu à Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEstE) que revalidasse os dados relativos ao ano letivo 2023/2024, "de modo a verificar a informação usada pela atual equipa do ministério referente a esse período".

Segundo o semanário, nessa resposta, a DGEstE indicava que "os alunos sem aulas desde o início do ano letivo eram 7381" e, "no final do 1.º período eram 3295", ou seja, números muito distantes dos 21 mil que o Governo identificava até agora e nos quais se baseava para argumentar que havia uma redução de 90%.