Lula citou o escritor Mia Couto para descrever o longo período de distanciamento entre os dois países, interrompido, segundo ele, por um momento de “despertar” há cerca de 20 anos — período em que Moçambique se tornou o maior destinatário da cooperação brasileira na África.
A seguir o Brasil “se perdeu por caminhos sombrios”, afirmou o presidente, fazendo referência ao desmonte das relações Sul-Sul nos últimos anos.
Agora, enfatizou: “É hora de recobrar a consciência.”
Lula anunciou a assinatura de nove novos acordos bilaterais, que abrangem:
Segundo o presidente Lula, a cooperação pode e deve ir além e realçou que Moçambique tem grandes desafios de infraestruturas — como portos, estradas, fabricas e linhas de transmissão — e que empresas brasileiras têm capacidade e interesse em contribuir.
Para isso, Lula afirmou que é essencial recuperar instrumentos de financiamento: “Nenhum grande país consegue exportar serviços sem oferecer opções de crédito”, disse, destacando que o governo trabalha para que o BNDES volte a financiar a internacionalização de empresas brasileiras.
Lula explicou que o fortalecimento do complexo industrial da saúde no Brasil permitirá retomar a produção conjunta de fármacos e medicamentos em Moçambique.
E destacou o potencial brasileiro para cooperar na segurança alimentar. “Com tecnologia adequada, é possível ampliar a produtividade da savana africana sem comprometer o meio ambiente”, afirmou.
O presidente anunciou ainda programas de formação profissional:
A iniciativa envolverá o Ministério da Educação, a Agência Brasileira de Cooperação e a Embrapa, que atuará também com treinamentos presenciais e à distância para técnicos moçambicanos.
O Brasil trabalha para incluir Moçambique na etapa de implementação acelerada da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza e destacou que este país é um dos mais vulneráveis às mudanças climáticas.
Por isso, propôs cooperação em duas áreas:
Lula afirmou que o crime organizado ameaça de forma semelhante o Brasil e Moçambique e colocou a Polícia Federal à disposição para colaborar:
“A Polícia Federal brasileira é reconhecida internacionalmente por sua capacidade de rastrear ativos ilícitos e combater a lavagem de dinheiro.”
O presidente reforçou que o fortalecimento dos laços culturais e educacionais é essencial para aproximar os povos.
Ele defendeu:
“A educação e a cultura são as melhores ferramentas para cultivar nossos laços”, disse Lula.
Concluiu com um recado direto ao povo moçambicano: “A minha visita a Moçambique é o recomeço de uma história que nunca deveria ter parado de acontecer.”
Lula afirmou que Brasil e Moçambique podem cooperar em todas as áreas — indústria, ciência e tecnologia, agricultura, energia, saúde e educação — e reforçou: “O Brasil está de volta e o Brasil quer colaborar com Moçambique em todas as áreas.”