A base da crise é conhecida,  a decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, que entrará em vigor nesta sexta-feira, 01.08,  de impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, como carne bovina, café e suco de laranja.

Lula lembrou  que o governo brasileiro trata o tema com firmeza e atenção. “Tenham certeza de que estamos tratando isso com a máxima seriedade. Mas seriedade não exige subserviência”, declarou. “Trato a todos com muito respeito. Mas quero ser tratado com respeito”, reforçou o presidente.

Lula realçou  que o Brasil não aceitará pressões ou imposições por parte do governo estadunidense.

“Em nenhum momento o Brasil negociará como se fosse um país pequeno contra um país grande”, afirmou pois reconhecendo o peso dos EUA no cenário internacional, tal não intimida seu governo.

“Conhecemos o poder economico dos EUA, reconhecemos o poder militar dos EUA, reconhecemos a dimensão tecnológica dos EUA. Mas isso não nos deixa com medo. Nos deixa preocupados”, disse

Lula da Silva  condenou a postura de Trump por ter feito ameaças economicas ao Brasil através da rede social Truth Social.

“É vergonhoso”, resumiu Lula. “O comportamento do presidente Trump se desviou de todos os padrões de negociação e diplomacia”, completou.

Lula também enfatizou a necessidade de diálogo para lidar com conflitos comerciais. “Quando você tem um desentendimento comercial, um desentendimento político, você pega o telefone, marca uma reunião, conversa e tenta resolver o problema. O que você não faz é cobrar impostos e dar um ultimato".

Segundo o New York Times, “talvez não haja nenhum líder mundial desafiando o presidente Trump tão fortemente quanto o senhor Lula”, que  associou os ataques estadunidenses à tentativa de Trump de favorecer Jair Bolsonaro (PL), considerado por ele como um aliado. 

Para Lula, os estadunidenses também sofrerão com as tarifas impostas por Trump. “Os esforços de Trump para uma ‘defesa’ de Bolsonaro serão pagos pelos estadunidenses, que enfrentarão preços mais altos por café, carne bovina, suco de laranja e outros produtos que são, em grande parte, originários do Brasil”, apontou. “Nem o povo estadunidense, nem o povo brasileiro merecem isso”, declarou. “Vamos passar de uma relação diplomática de 201 anos de ganhos mútuos para uma relação política de perdas mútuas".

O presidente também reagiu às informações de que Trump estendeu as tarifas como forma de atacar o Supremo Tribunal Federal (STF), alegando que a Corte teria adotado medidas de censura contra empresas de tecnologia dos EUA.

Desde o dia 18 de julho, juizes  do STF, incluindo Alexandre de Moraes, tiveram seus vistos de entrada nos EUA revogados.

O jornal destaca ainda que Eduardo Bolsonaro, deputado federal e filho do ex-mandatário está em Washington “fazendo lobby pelas chamadas sanções da Lei Magnitsky Global contra o ministro Moraes”, lei que  prevê punições a estrangeiros acusados de violações graves de direitos humanos ou corrupção.

O secretário de Estado, Marco Rubio, afirmou ao Congresso dos EUA que “há uma grande possibilidade de que isso aconteça”.

Se o que você está me dizendo for verdade, é mais sério do que eu imaginava. O Supremo Tribunal Federal de um país precisa ser respeitado não só pelo seu próprio país, mas pelo mundo”, reagiu Lula.