Na capital do estado do Pará, vivem mais de um milhão e 300 mil pessoas com um índice de pobreza de 39,5% e apesar da população ter 95,5% de acesso à água tratada, apenas 19,9% tem coletor de esgotos e o tratamento de águas residuais corresponde a 2,4% do total.
Belém conhecida como a "Cidade das Mangueiras Gigantes", à baia de Guajará, com vários parques naturais e 18% do território protegido depois de sofrer cerca e 54% de desflorestação entre as décadas de 70 e 90, resultado da expansão urbana.
"Aceitar o estado do Pará e a cidade de Belém como espaço geográfico para que a gente pudesse realizar aqui um evento que não é nosso, que é o evento da ONU, foi um desafio e muita ousadia, porque seria muito mais fácil faze-la num lugar que já tivesse tudo pronto e que a gente não tivesse que ter nenhum desafio para trazer a uma cidade que muitos brasileiros sequer conhecem."
Respondeu ainda a vozes críticas como até foi do PM da Alemanha, Merz. "segundo muita gente no Brasil, Belém não estava preparada para fazer a COP. Isso aqui fez uma melhor do que a COP de Copenhague, do que a COP de Dubai, do que a COP de Paris, do que a COP de Londres, do que a COP de qualquer lugar, porque aqui, o povo foi mais povo. O povo participou mais. Não foi a COP do André, ou do Guterres, ou do Lula. Esta aqui, pode ser chamada de primeira COP do povo do mundo inteiro."
Foi ainda um evento de promoção de destino, realizado às portas da Amazónia, visitado e acompanhado por pessoas de diversas partes do mundo, desde Pequim, a Berlim, ou Paris. " Era muito importante para nós colocar a Amazonia como ela é, do jeito que ela é, na cabeça dos povos do mundo inteiro. Eu tenho certeza que hoje as pessoas conhecem que não só existe uma cidade chamada Belém, que é onde nasceu Jesus Cristo, mas que existe a Belém do Pará, do povo brasileiro."
Do norte do Brasil, Lula da Silva vai agora até Brasilia, depois segue para a inauguração do Salão Automóvel de São Paulo, antes da reunião do G20 em Joanesburgo, na reunião do G20 e da visita de estado a Moçambique.
Mas o PR Lula da Silva não partiu sem deixar uma palavra ás comunidades indígenas que se mobilizaram para participar nesta COP30, em especial no evento paralelo, da Cimeira dos Povos.
" Estou muito feliz porque pela primeira vez na história das COPES, 3.500 indígenas participaram e porque as mulheres não fora objeto. Têm que ser tratadas como uma questão de gênero, merecem ser tratada com respeito na participação plena, pois não são cidadãs de segunda classe."
Lula da Silva elogiou ainda a Marcha pelo Clima e outras manifestações que marcaram estas duas semanas de duração da cimeira, colocando-se ao lado das reivindicações de rua.
" Os líderes que dirigem os países do mundo hoje precisam compreender que se a gente não tiver um comportamento de acordo com aquilo que é a aspiração do povo e a aspiração da juventude, a aspiração das mulheres, nós estaremos colocando em risco uma coisa chamada democracia. Nós estaremos colocando em risco uma coisa chamada multilateralismo. Nós estaremos colocando em risco uma coisa chamada credibilidade."
Para o PR brasileiro a questão do clima não é apenas uma visão académica, nem a visão de meia dúzia de intelectuais, ou de ambientalistas. "A questão climática é uma coisa hoje muito séria que coloca em risco a humanidade e por isso é que nós tratamos isso com muita seriedade e todos os dirigentes do mundo têm que saber que cuidar do clima, é cuidar da manutenção e da existência do planeta Terra, porque ainda não encontramos outro lugar para sobrevivermos."
E recordando que este também foi ponto de encontro de empresários e executivos de grandes companhias mundiais acabou por deixar farpas à banca e petrolíferas. " Nós precisamos convencer as pessoas de que os bancos multilaterais que cobram uma exorbitância de juros dos países africanos e dos países pobres da América Latina, precisam transformar parte dessa dívida em investimento para que se possa fazer com que a questão da transição energética seja verdadeira. As empresas petroleiras têm que pagar uma parte disso. As mineradoras têm que pagar uma parte disso. As pessoas que ganham muito dinheiro têm que pagar uma parte disso, porque senão, quem vai sofrer é a parte mais pobre do planeta Terra. São as ilhas, são os pobres da África, da América Latina, da Ásia. É preciso que as pessoas tenham consciência que todo mundo tem que ter muita responsabilidade. E é por isso que nós colocamos a questão do mapa do caminho. É preciso mostrar, sem impor nada a ninguém, sem determinar prazos, que cada país esteja dono de determinar as coisas que ele pode fazer dentro do seu tempo, dentro das suas possibilidades. Mas que nós estamos falando sério. É preciso que a gente diminua a emissão de gás de efeito estufa. E se o combustível fóssil é uma coisa que emite muitos gases, nós precisamos começar a pensar como viver sem combustível fóssil e construir a forma de como viver".
Argumentos de quem diz que fala à vontade, por ser de um país que extrai 5 milhões de barris de petróleo por dia e também da nação que mais utiliza etanol misturado na gasolina mas que tem 87% da sua energia elétrica limpa. "E eu quero que todos tenham."
Lula da Silva afirmou ainda, que não descansa, enquanto não convencer o presidente dos EUA da questão climática. " Eu estou tão feliz que um dia haverei de convencer o presidente dos Estados Unidos de que a questão climática é séria e que o desenvolvimento verde é necessário."
E afirmando que confia na equipa negociadora que deixa em Belém até final da COP30 não esqueceu a guerra às portas da Europa.
" Sonho um dia até acabar com a guerra da Rússia e da Ucrânia, que já não existe mais razão dessa guerra continuar. "
Desafiou os jornalistas a descobrir a gastronomia e a cultura local " este é um povo extraordinariamente simpático, agradável e generoso...se vocês da imprensa ainda não dançaram carimbó, por favor, vá dançar um carimbó. Vá comer a melhor culinária que nós temos nesse país aqui. E vá se divertir, porque isso aqui é um povo extremamente generoso e simpático."