A 36.ª edição do Amadora BD confirmou, uma vez mais, o papel de destaque do festival como o maior palco da banda desenhada em Portugal. A cerimónia de entrega dos Prémios de Banda Desenhada da Amadora (PBDA) decorreu no passado dia 26 de outubro, no Parque da Liberdade, distinguindo autores que marcaram o ano editorial de 2025 e celebrando a vitalidade criativa do setor.

O grande vencedor da noite foi Luís Louro, que conquistou o Prémio de Melhor Obra de Banda Desenhada de Autor Português com o livro “Os Filhos de Baba Yaga”, publicado pelas editoras A Seita e Arte de Autor.

O galardão, acompanhado de um prémio pecuniário de 5.000 euros, reconhece o talento e a consistência de uma das figuras mais respeitadas da BD nacional.

Homenagens e novos talentos

O júri, composto por Hugo Pinto (presidente do júri e representante do Município da Amadora), Paulo Monteiro (Presidente do Clube Português de Banda Desenhada) e Rui Cartaxo (investigador e especialista em BD), decidiu ainda atribuir o Troféu de Honra, a título póstumo, a Filipe Duarte Pina, pelo contributo excecional à banda desenhada portuguesa, com obras de referência como “BRK” e “Macho-Alfa”.

A Menção Honrosa do Prémio Revelação foi entregue a “Borboleta”, de Madeleine Pereira, destacada como uma estreia de grande relevância e promessa para o futuro da BD nacional.

De forma a garantir transparência e imparcialidade, o jurado Paulo Monteiro absteve-se de participar na votação das categorias onde existiam potenciais conflitos de interesse, nomeadamente nas de Melhor Fanzine/Publicação Independente e Prémio Revelação, já que o seu filho era coautor de uma das obras concorrentes.

Os vencedores de 2025

Além de “Os Filhos de Baba Yaga”, o júri destacou várias obras nacionais e internacionais que marcaram o panorama da BD em Portugal:

  • Melhor Obra Estrangeira de Banda Desenhada Editada em Português: “O Meu Irmão”, de Jean-Louis Tripp (Ala dos Livros)

  • Melhor Edição Portuguesa de Banda Desenhada: “O Meu Irmão”, de Jean-Louis Tripp (Ala dos Livros)

  • Prémio Revelação: “Tales from Nevermore”, de Pedro N. e Manuel Monteiro (Ala dos Livros)

  • Melhor Fanzine / Publicação Independente: “Tuas Palavras Minhas”, de Ana Margarida Matos (Centro de Língua Portuguesa Camões IP – Bruxelas / Bedeteca de Beja)

Um festival com história e alma

Criado em 1990 pela Câmara Municipal da Amadora, o festival Amadora BD é um dos mais antigos e consistentes eventos dedicados à banda desenhada na Europa. Promove, há 36 anos, um espaço de encontro entre autores, editores, colecionadores e leitores, com uma programação que inclui exposições, oficinas, sessões de autógrafos e lançamentos editoriais.

Os Prémios de Banda Desenhada da Amadora, integrados no festival, distinguem anualmente os melhores autores e publicações nacionais e internacionais, valorizando tanto nomes consagrados como novos talentos.

Exposições e novidades da 36.ª edição

A edição de 2025 apresenta 13 exposições distribuídas por vários espaços da cidade, com destaque para as retrospetivas de Luís Louro, Fábio Moon & Gabriel Bá, e as celebrações dos 150 anos de Zé Povinho, 85 anos de Spirit, 75 anos de Peanuts e 65 anos da Liga da Justiça.

Há também lugar para exposições centradas no olhar feminino, com os trabalhos recentes de Cy, Bea Lema e Zeina Abirached, bem como mostras dedicadas a Alice Geirinhas, Diniz Conefrey e Filipa Beleza, esta última vencedora do Prémio Revelação em 2024 com “Amor”.

Entre as novidades do festival, destaca-se a ampliação das sessões de autógrafos — agora também às sextas-feiras — e a introdução da Hora da BD, com descontos até 15% na compra de livros, de segunda a quinta-feira, entre as 18h e as 20h.

 

Com uma história feita de traços e sonhos, o Amadora BD continua a afirmar-se como o coração pulsante da banda desenhada em Portugal, celebrando o talento, a memória e o futuro de uma arte que une gerações e fronteiras.