A professora e escritora Lúcia Helena Galvão, conhecida pelas suas palestras na Nova Acrópole, esteve no Flow Podcast e deixou um recado direto: mudar é possível, mas exige querer.

Na conversa, conduzida por Igor Coelho, ela abordou temas como a alienação contemporânea, a diferença entre paixão e amor, e a necessidade de cultivar uma vida interior sólida.

Para a filósofa, a razão pela qual tantas pessoas não evoluem está na ausência de metas voltadas para o aprimoramento humano. “Não educamos nossos filhos para conquistar virtudes ou sabedoria, mas para alcançar sucesso material”, disse, citando uma parábola budista em que ninguém pedia sabedoria, mas sim riquezas e saúde.

Lúcia Helena defende três níveis de reflexão:

  1. Moral – definir, a partir de valores próprios e universais, o que é certo ou errado;
  2. Filosófica – reconhecer o que é verdadeiro ou falso, separando a essência da máscara social;
  3. Espiritual – discernir entre o que é real e o que é ilusório, identificando aquilo que é eterno, como justiça, bondade e fraternidade.

Outro ponto forte da entrevista foi a defesa da autenticidade. Para a convidada, muitas pessoas vivem mascaradas sem perceber, confundindo hábitos e condicionamentos com a sua verdadeira identidade. “Quando você expressa um valor genuíno, como a bondade ou a fraternidade, é nesse momento que a sua essência aparece”, explicou.

A conversa também mergulhou em temas como egoísmo, fanatismo e busca pela verdade. Lúcia Helena advertiu contra o relativismo absoluto e propôs um critério simples para ações morais: perguntar-se se o que fazemos poderia tornar-se uma lei universal que beneficie a humanidade. “O bem é aquilo que une”, resumiu.

No campo afetivo, distinguiu paixão — instável e sustentada por fantasia — de amor, que para ela é uma decisão e construção diária baseada no crescimento mútuo. “A melhor coisa que você pode fazer por quem ama é crescer como ser humano”, afirmou.

Entre histórias e metáforas, deixou um conselho aos jovens: cultivar identidade, vida interior e ideais elevados, resistindo à pressão dos modismos. “Seja autor da sua própria vida. Não permita que a sociedade te roube o tempo de viver de verdade.”

A mensagem final foi de responsabilidade pessoal: transformar-se para servir de exemplo e referência. “Se depender de mim, a humanidade terá alguma chance. E se cada um pensar assim, a mudança começa.”

Referências principais

* Kant, I. (1785). Fundamentação da Metafísica dos Costumes. — Introdução do imperativo categórico como critério moral universal.

* Platão. A República. — Definição da ideia do Bem como princípio que une e orienta a ação humana para a virtude.

* Frankl, V. E. (1946). Em Busca de Sentido. — O propósito como força motriz para a superação pessoal e a construção de uma vida com significado.