A noite começou com um discurso tocante de Ella Grace Trudeau, filha do primeiro-ministro, que, em poucas palavras, expressou o que representaram os últimos 12 anos para a sua família: “Os meus irmãos e eu partilhámos o nosso pai convosco durante todo este tempo, mas agora vamos levá-lo de volta”. Esta introdução comoveu a audiência e preparou o terreno para uma despedida intensa e pessoal.
Quando Trudeau subiu ao palco, a emoção foi evidente. O líder canadiano agradeceu à sua família pelo apoio incondicional e destacou os desafios enfrentados ao longo dos anos. “Ser primeiro-ministro deste país foi a honra da minha vida, mas estou ansioso por me dedicar ao meu papel mais importante: ser pai”, afirmou, com a voz embargada.
O discurso não foi apenas um momento de despedida, mas também uma reflexão sobre a jornada do Partido Liberal e do Canadá nos últimos anos. Trudeau reconheceu as dificuldades enfrentadas pelo seu governo, incluindo crises económicas e desafios políticos, mas enfatizou a resiliência do povo canadiano: “Passámos por tempos difíceis, mas, juntos, sempre emergimos mais fortes”.
Ao longo da sua liderança, Trudeau posicionou-se como um defensor da inclusão, da diversidade e da justiça social. No seu discurso, reiterou que o Canadá é um país que não define a sua identidade pelo que rejeita, mas sim pelo que abraça: “Somos uma nação que protege os direitos fundamentais de todos, que acredita na igualdade de oportunidades e que se recusa a escolher entre uma economia forte e um ambiente saudável”.
Apesar de ter evitado uma longa lista de conquistas, Trudeau reforçou o impacto das suas políticas, particularmente no apoio à classe média, na luta pelos direitos das mulheres e no compromisso com a reconciliação com os povos indígenas. Mas, mais do que olhar para trás, o seu discurso centrou-se no futuro: “Não se trata apenas do que fizemos nos últimos 10 anos, mas do que ainda podemos fazer nas próximas décadas”.
Para Trudeau, a política não se resume a um líder ou a um partido, mas sim às pessoas que diariamente lutam por um país melhor. Num tom mobilizador, instou os membros do Partido Liberal e os canadenses a continuarem o trabalho iniciado: “A democracia não é um dado adquirido, a liberdade não é garantida, e o Canadá não é um acaso. Tudo isto exige coragem, sacrifício, esperança e muito trabalho”.
A despedida de Trudeau encerra um capítulo significativo na história política do Canadá. O seu discurso final não foi apenas uma reflexão sobre o passado, mas uma convocação para que os valores progressistas continuem a guiar o país. “O futuro está agora nas vossas mãos”, afirmou, deixando claro que, embora deixe o cargo, a sua paixão pelo Canadá e pelos seus cidadãos permanece inabalável.
O legado de Justin Trudeau será lembrado pela sua visão de um Canadá inclusivo e progressista. O seu adeus não foi um encerramento definitivo, mas sim um convite para que a próxima geração continue a escrever novos capítulos na história do país.