A exposição do caso foi formalizada pela Junta de Freguesia de Vimioso e enviada à Direção Regional de Educação do Norte (DREN). No entanto, a resposta das entidades competentes ainda se faz esperar, enquanto o trauma e a dor da criança permanecem irreparáveis. Perguntamo-nos: onde está a justiça num país que se orgulha de valores democráticos e de proteção infantil?
A sociedade portuguesa enfrenta hoje uma luta silenciosa contra o esquecimento imposto. Não é apenas o caso de Vimioso; trata-se de um padrão de silêncio que se impõe sempre que algo "incomoda". Tal como a escandalosa impunidade no caso BES, onde figuras de poder caminham impávidas perante anos de processos judiciais, também aqui, uma violação e uma vida despedaçada parecem não ser urgentes para as autoridades.
O problema não é de hoje. O silêncio tornou-se, quase como uma sombra, uma arma usada pelos poderes instituídos para perpetuar a amnésia social. A justiça parece preferir o esquecimento em vez da ação, como se as feridas desaparecessem sozinhas com o passar do tempo. "O que mais preocupa não é o grito dos violentos, mas o silêncio dos bons", escreveu Martin Luther King, e nada poderia ser mais verdadeiro para Portugal neste momento.
Por onde passa a solução? Urge exigir transparência, combater a indiferença e garantir que a proteção das crianças seja uma prioridade absoluta. A sociedade precisa de responsabilizar aqueles que escolhem o silêncio em vez da justiça, que preferem desviar o olhar e que esquecem que a proteção das vítimas é uma obrigação moral.
A censura é um fantasma que parece não se afastar da nossa história.
Enquanto isso, a sociedade assiste, cada vez mais resignada, ao esquecimento de casos como o de Vimioso, onde uma criança foi vítima de uma violência que nunca deveria ter ocorrido.