Segundo Díaz, as tarifas impostas por Donald Trump à União Europeia refletem a “irracionalidade” do capitalismo em fase imperialista:
“O capitalismo tende à globalização, mas já em crise, nem a globalização lhe serve de solução. A única saída para a humanidade é avançar para o socialismo”, afirmou.
Questionado sobre a decisão de Trump em proibir diplomatas brasileiros de participarem na Assembleia Geral da ONU, o líder comunista foi categórico:
“Não é apenas um capricho pessoal. Ele é expressão de um sistema em decadência. Se a ONU não pode ser espaço de democracia, então que se transfira, por exemplo, para Brasília.”
Díaz também não poupou críticas ao atual governo espanhol, a que chama de “socialdemocracia que se diz progressista”:
“É um governo que aumenta o gasto militar para cumprir as exigências da NATO, que fragiliza as pensões, privatiza a saúde e a educação, e mantém a lei mordassa repressiva. Trata-se de um governo antipopular, que vive do discurso do medo: ‘cuidado, que os que vêm são piores’.”
O dirigente destacou que o papel do PCPE é organizar os trabalhadores para resistirem e defenderem direitos conquistados no passado:
“Só a luta social pode impedir que se percam direitos arrancados à burguesia.”
Sobre a história do partido, Díaz explicou a cisão com o antigo PCE, que aderiu ao eurocomunismo após a ditadura franquista:
“O PCE histórico, heróico na Guerra Civil e na Resistência antifascista, acabou liquidado ao aceitar a transição para uma ditadura burguesa sob a monarquia. Em 1984, vários grupos de militantes uniram-se e fundaram o PCPE para manter o fio vermelho da luta marxista.”
Em relação à guerra na Ucrânia, o secretário-geral do PCPE foi claro ao considerar que se trata de uma guerra da NATO contra a Rússia:
“Trump conseguiu o que queria: eles põem os mortos, mas quem vende as armas são os Estados Unidos. A oligarquia europeia empurra-nos para um cenário de guerra, talvez em meses ou anos. A Rússia tem direito a defender a sua soberania.”
A entrevista a Julio Díaz deixa evidente que, para os comunistas dos povos de Espanha, a luta de classes permanece no centro das suas prioridades. Num contexto de crise global, denunciam tanto o imperialismo norte-americano como a submissão da União Europeia e reafirmam: “O futuro só pode ser socialista.”