Juan d'Arienzo (Buenos Aires, 14 de dezembro de 1900 — 14 de janeiro de 1976) é um nome que ressoa com força no universo do tango argentino.

Conhecido como "El Rey del Compás" (O Rei do Ritmo), d'Arienzo foi muito mais do que apenas um diretor de orquestra; ele foi um revolucionário, cuja abordagem única revitalizou o tango e o tornou irresistível para o público de sua época.

Desde jovem, d'Arienzo demonstrou uma inclinação natural para a música. Participou de vários conjuntos musicais como violinista e, nos anos 1920, chegou a organizar uma jazz band, um reflexo da sua capacidade de explorar e misturar diferentes estilos musicais. No entanto, foi em 1934, quando formou sua própria orquestra, que o nome de Juan d'Arienzo começou a se tornar sinônimo de tango.

A proposta musical de d'Arienzo era singular. Ele resgatou o antigo ritmo 2x4 do tango, que havia sido, em certa medida, deixado de lado em favor do 4x4, mais complexo e com maior flexibilidade para o fraseado musical. D'Arienzo, com o apoio de músicos excepcionais, como o pianista Rodolfo Biaggi, modernizou o 2x4, devolvendo-lhe a energia vibrante que encantou tanto os dançarinos quanto os ouvintes. O 2x4 de d'Arienzo era dinâmico, pulsante, quase militar em sua precisão: "UM, dois. UM, dois", onde a primeira batida era forte e a segunda, mais suave. Esse ritmo criou uma sensação de urgência e paixão que fez com que suas apresentações fossem sempre muito aguardadas e os seus discos, avidamente consumidos.

Como Juan Pablo Genovese observa, "Não conheço tangos 4x8. 4x4, sim, é a maioria deles. 2x4 parece uma marcha militar. Foi o estilo que tornou Juan D’Arienzo famoso, e o grande culpado disso foi Rodolfo Biaggi com suas incríveis habilidades no piano." D'Arienzo conseguiu o que poucos artistas alcançam: ele recriou um gênero, moldando-o à sua visão e conquistando corações em todo o mundo.

A relação de d'Arienzo com a RCA Victor, onde foi artista exclusivo por 40 anos (de 1935 a 1975), é um testemunho do seu sucesso e influência. Durante essas quatro décadas, d'Arienzo gravou inúmeras composições que se tornaram clássicos do tango, como "Milonga Brava", "Chirusa", "El Vino Triste", "No Nos Veremos", "Garronero", "Apache", "Nada Más", "Ya Lo Ves" e "Paciencia". Cada uma dessas peças carrega o inconfundível ritmo 2x4, o que as torna instantaneamente reconhecíveis e, para muitos, irresistíveis.

A música de d'Arienzo não se limitou à Argentina; sua influência se espalhou pelo mundo, levando o tango para além das fronteiras do seu país natal. Suas gravações, muitas das quais permanecem populares até hoje, são uma prova da sua habilidade em capturar e comunicar a essência do tango.

O legado de Juan d'Arienzo é inegável. Ele não apenas influenciou o tango como o conhecemos, mas também inspirou gerações de músicos e dançarinos. A sua forma peculiar de tocar e interpretar o tango, marcada pelo vigor rítmico e pela precisão, fez dele uma figura central na história da música argentina.

D'Arienzo nos lembra que, na arte, a inovação não é apenas bem-vinda; ela é essencial. Ao olhar para o passado e reinventá-lo com uma nova energia, ele não apenas preservou o tango, mas garantiu que ele continuasse a evoluir e a encantar futuras gerações. Juan d'Arienzo, com sua batuta firme e visão clara, deixou um legado que ressoa até hoje em cada acorde e em cada passo de tango.

Se há algo que a história de figuras icônicas como Juan d'Arienzo nos ensina, é a importância de estar sempre um passo à frente, de se conectar com o que é relevante e transformador. D'Arienzo revolucionou o tango porque soube captar a essência do seu tempo e moldá-la à sua maneira. E é exatamente essa visão que o *Estrategizando* oferece a todos os seus leitores.

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