Segundo o professor Donal O’Shea, químico da RCSI University of Medicine and Health Sciences, “o diacetil provoca inflamação e cicatrizes nos bronquíolos, os ramos mais finos dos pulmões, dificultando a passagem do ar e reduzindo a capacidade respiratória”. E a advertência é clara: “Não há cura para o Pulmão de Pipoca. Quando o dano ocorre, o tratamento limita-se a aliviar os sintomas”.
Entre as terapias possíveis estão o uso de broncodilatadores, corticóides e, em casos extremos, transplantes pulmonares. Por isso, afirmam os especialistas, a prevenção é a única defesa eficaz.
Apesar de o diacetil estar proibido na União Europeia e no Reino Unido, continua a ser detetado em produtos ilegais e em dispositivos comercializados noutros países, incluindo os Estados Unidos. Segundo a Cancer Research UK, a exposição a gases tóxicos ou infeções graves também pode desencadear a doença, mas a associação ao vaping é hoje motivo de grande preocupação.
Dados do Office for National Statistics (Reino Unido) revelam que o uso de vapes e cigarros eletrónicos já supera o de cigarros tradicionais entre adultos com mais de 16 anos, sendo os jovens entre os 25 e os 49 anos os maiores utilizadores diários. Nos EUA, o CDC confirma que os cigarros eletrónicos são o produto de tabaco mais popular entre adolescentes do ensino básico e secundário, com 43,6% dos estudantes a afirmar que continuam a utilizá-los regularmente.
Os sintomas do “Pulmão de Pipoca” podem surgir entre duas semanas e dois meses após a exposição a gases tóxicos. Entre os sinais mais comuns estão tosse seca persistente, falta de ar, pieira, fadiga inexplicável, febre, suores noturnos e erupções cutâneas. Muitos pacientes, contudo, não apresentam sintomas nos estágios iniciais, o que torna o diagnóstico mais difícil e o tratamento menos eficaz.
A American Lung Association já classificou a doença como “um risco grave associado aos cigarros eletrónicos com sabores”. A mensagem é simples, mas urgente: o prazer momentâneo de uma tragada aromatizada pode custar uma vida inteira de respiração difícil.
“A liberdade de escolher o que inalamos termina onde começa a incapacidade de respirar”, lembra O’Shea.
Fontes:
The Conversation (Donal O’Shea, RCSI University of Medicine and Health Sciences)
Cancer Research UK
Office for National Statistics (UK)
Centers for Disease Control and Prevention (CDC, EUA)
American Lung Association
WebMD
Cleveland Clinic