Os filmes vão ser exibidos em novas cópias restauradas acompanhados pela publicação de um livro com traduções de textos e entrevistas de João César Monteiro.
Protagonista em muitos dos filmes que fez, João César Monteiro terá sido o mais inclassificável dos realizadores do cinema português, um "verdadeiro libertino", como descreve o MoMA, que "subverteu tendências e definições numa obra que, na linha de Erich von Stroheim, se concentra nos mistérios pervertidos do prazer, da decadência e da tradução poética do sublime para a arte".
Esta retrospetiva, organizada por Francisco Valente, crítico de cinema, realizador e programador, assistente de curadoria do Departamento de Cinema do MoMA, pretende envolver a Cinemateca Portuguesa, o produtor Paulo Branco e a família do realizador
Aos 15 anos João César Monteiro veio viver para Lisboa, a «capital do Império», a fim de prosseguir os estudos liceais.
Expulso do Colégio Moderno, por contrair uma doença venérea, afirma numa entrevista, em 1973
Nasci aos 2 de Fevereiro de 1939, na Figueira da Foz.
Tive infância caprichosa e bem nutrida, no seio de uma família fortemente dominada pelo espírito, chamemos-lhe assim, da 1 ª República.
Por volta dos 16 anos, fixei-me com a família em Lisboa, para poder prosseguir a minha medíocre odisseia liceal. Instalado no colégio do dr. Mário Soares, acabei por ser expulso ao contrair perigosíssima doença venérea. Pensei, então, que entre a política e as fraquezas da carne devia existir qualquer obscena incompatibilidade e nunca mais fui visto na companhia de políticos.
Trabalha para o produtor Castello Lopes, e torna-se assistente de realização de Perdigão Queiroga quando este roda o filme O Milionário (1962).
Em 1963, vai para a Grã-Bretanha estudar na London School of Film Technique e de volta a Portugal, em 1965, inicia a rodagem daquela que viria a ser a sua primeira obra: Quem espera por sapatos de defunto morre descalço.
O filme só será concluído cinco anos depois, como média-metragem.
A sua veia satírica como realizador tem sido objecto de estudo para portugueses e estrangeiros, críticos e académicos e é conhecido como um dos mais importantes realizadores portugueses.
Foi um dos realizadores que obteve mais reconhecimento internacional: por duas vezes premiado no Festival de Veneza, a primeira vez com o Leão de Prata, por Recordações da Casa Amarela, de 1989, e a segunda vez com o Grande Prémio do Júri, por A Comédia de Deus, em 1995.
Protagonizou a maior polémica do cinema nacional, em 2000, com Branca de Neve.
O seu último filme, estreado em 2003, intitula-se Vai e Vem.
Morreu de cancro no pulmão em 2003.[2]