"O combate faz-se contra a extrema-direita partidária, mas faz-se também contra as suas ideias que têm ganho cada vez mais espaço na agenda do centro-direita em Portugal. O combate faz-se em todas as frentes", defendeu.

Pedro Nuno Santos elencou as hipóteses pensadas por muitos como sendo "a melhor maneira de lidar com a extrema-direita", entre as quais o combate, o "ignorar e não dar palco", o "assumir parte da sua agenda" ou "metê-los dentro do Governo".

"É olhar para a nossa história. Só há uma forma: é combate-los, de frente, olhos nos olhos, como sempre os socialistas fizeram", defendeu.

De acordo com o líder do PS, a extrema-direita teve de "encontrar um rótulo" para condicionar e que as pessoas tivessem vergonha de lutar por aquilo em que acreditam.

"Aquilo que na realidade os incomoda são os avanços que os socialistas e os portugueses conseguiram nos direitos das mulheres, na igualdade, no respeito por todos, o respeito pelo direito a amar quem quisermos. Não é agenda woke, chama-se direitos humanos, igualdade, justiça social", defendeu.

No início do seu discurso, Pedro Nuno Santos tinha apelado à defesa do legado de Mário Soares.

"É muto importante que nenhum de nós, em nenhum momento se esqueça que a liberdade e a democracia não estão garantidas para todo o sempre, que têm que ser nutridas e defendidas diariamente. Vivemos hoje tempos desafiantes. Temos que estar à altura do momento que nós vivemos. A extrema-direita progride em todo o lado", justificou.

É pois preciso "garantir que não há terreno fértil" para a extrema-direita florescer porque "a luta pela liberdade é uma luta ainda inacabada".

Recusado que haja uma contradição entre o combate pela igualdade e pela liberdade, Pedro Nuno Santos defendeu que "não há liberdade igual para todos numa sociedade com pobreza e desigualdade".

Mas o combate, segundo o socialista, "é contra a extrema-direita radical e contra uma direita conservadora", mudando nesta altura o discurso para críticas ao Governo de Luís Montenegro.

Pedro Nuno Santos insistiu na ideia de que, depois de distribuir "o excedente deixado pelo PS", o executivo PSD/CDS-PP está a governar "para uma minoria" e acusou-o de estar a maltratar a política.

Lembrando que a primeira decisão foi a mudança de logótipo, o líder do PS criticou a questão das cores dos boletins de saúde e as aulas de cidadania, voltando a criticar a exploração feita sobre o tema da segurança com o "espetáculo deprimente" do primeiro-ministro com a conferência de imprensa.

"Em cada um destes momentos o que o Governo está a pensar é na sua disputa com a extrema-direita, fazendo o jogo do combate dos símbolos e da simbologia", condenou.

Esta jantar comemorativo do centenário de Mário Soares da família socialista reúne conhecidos rostos do PS, tendo-se sentado na mesa de honra Pedro Nuno Santos, os filhos de Mário Soares, Isabel e João, o presidente honorário do PS Manuel Alegre, os antigos líderes Ferro Rodrigues e Vítor Constâncio e fundadores do partido.

O presidente do PS, Carlos César, a líder parlamentar do PS, Alexandra Leitão, as antigas candidatas presidenciais Maria Belém Roseira e Ana Gomes, o ex-candidato à liderança do PS e deputado, José Luís Carneiro, os antigos ministros José António Vieira da Silva foram  alguns dos socialistas presentes.