Nas buscas da Polícia de Segurança Pública (PSP), com a presença de uma juíza e uma procuradora, estava também o deputado Chegano e o seu advogado.
No local, Miguel Arruda confessou os crimes, segundo o Público, e foi constituído arguido pelo crime de furto qualificado e prestou termo de identidade e residência - esta última informação foi confirmada à Lusa por fonte policial.
Alegadamente, o deputado do Chega pegava na sua mala - maior - e colocava outras mais pequenas na mala grande em espaços mais escondidos, como a casa de banho.
Na Assembleia da República terá sido visto com uma grande mala.
À SIC, Miguel Arruda disse estar "inocente".
Fontes da direção Chegana disseram à Lusa que o presidente do partido, André Ventura, vai reunir-se com Miguel Arruda na quinta-feira, quando regressar a Portugal, depois de ter estado nos últimos dias nos Estados Unidos da América.
O deputado eleito pelo círculo dos Açores não esteve presente na Assembleia da República durante a reunião plenária desta tarde.
No Parlamento sobre se mantém a confiança política em Miguel Arruda, o líder parlamentar Chegano Pedro Pinto, não quis prestar declarações.
"Falaremos em breve sobre isso", disse apenas.
Miguel Arruda terá furtado malas dos tapetes de bagagens das chegadas dos aeroportos de Lisboa e de Ponta Delgada quando viajava de e para os Açores no início e no final da semana de trabalhos parlamentares.
A PSP indicou ainda que o deputado do Chega não foi detido, sendo necessário o levantamento da imunidade parlamentar.
O presidente do Chega disse que iria exigir explicações ao deputado do seu partido alvo de buscas por suspeita de crimes de furto qualificado e contra a propriedade, e indicou que tiraria consequências se necessário.
"É exigível que sejam dadas explicações e que sejam retiradas consequências se essas explicações não foram satisfatórias. Não vai haver um milímetro de cedência e vamos exigir as mesmas regras que exigimos para os outros, independentemente de ser ou não um deputado do Chega", sublinhou André Ventura nos Estados Unidos da América, onde participou em Washington nas cerimónias de tomada de posse de Donald Trump.
De acordo com o estatuto dos deputados, "nenhum deputado pode ser detido ou preso sem autorização da Assembleia, salvo por crime doloso a que corresponda pena de prisão cujo limite máximo seja superior a 3 anos e em flagrante delito".
"Os deputados não podem ser ouvidos como declarantes nem como arguidos sem autorização da Assembleia, sendo obrigatória a decisão de autorização, no segundo caso, quando houver fortes indícios de prática de crime doloso a que corresponda pena de prisão cujo limite máximo seja superior a 3 anos", acrescenta.
O crime de furto qualificado "é punido com pena de prisão até cinco anos ou com pena de multa até 600 dias", estabelece o Código Penal, pelo que o parlamento é obrigado a autorizar o levantamento da imunidade, quando o pedido for enviado pela Justiça.
Miguel Arruda, 40 anos, foi eleito deputado pelo círculo dos Açores nas últimas eleições legislativas, nas quais foi cabeça de lista.