Apesar da dimensão da operação, nenhuma das marcas está, para já, formalmente sob investigação criminal. As empresas foram notificadas a entregar uma vasta lista de documentos, incluindo contratos, organogramas, registos de auditoria e informação detalhada sobre os seus processos de subcontratação. A medida surge num contexto mais amplo de suspeitas de exploração laboral em oficinas terceirizadas, muitas delas geridas por empresários chineses que têm sido alvo de investigações recorrentes por parte das autoridades.
As marcas intimadas incluem alguns dos maiores nomes da moda mundial: Dolce & Gabbana, Gianni Versace, Prada, Adidas, Off-White, Missoni, Ferragamo, Givenchy, Alexander McQueen, Gucci, Yves Saint Laurent, Cris Conf. (Pinko) e Coccinelle.
Segundo documentos judiciais consultados pela Reuters, estas empresas foram associadas à investigação depois de, durante inspeções realizadas nos últimos dois anos, a polícia ter encontrado peças, etiquetas e registos de subcontratação que as ligavam a oficinas sob suspeita de práticas abusivas. No mesmo período, outras seis empresas do setor já foram alvo de administração judicial devido à gravidade das violações detectadas.
No caso das 13 marcas notificadas agora, os procuradores consideraram que as quantidades de produtos encontradas eram reduzidas, o que afastou, por enquanto, medidas mais intrusivas.
A unidade de fiscalização laboral dos Carabinieri — que coordenou a operação em Milão, com apoio de equipas em Florença, Parma e Varese — procura agora esclarecer até que ponto grandes casas de moda poderão ter beneficiado, ainda que de forma indireta, de mão de obra altamente precarizada.
A documentação solicitada permitirá avaliar se os sistemas de governança e compliance destas empresas são suficientemente robustos para prevenir abusos na cadeia de produção. Caso sejam identificadas falhas, os promotores admitem a adoção de medidas corretivas internas voluntárias, antes de avançarem para ações mais severas.
Se, porém, as empresas não demonstrarem melhorias substanciais nos seus mecanismos de controlo, poderão ser aplicadas novas medidas preventivas para travar práticas que se aproximam perigosamente de uma lógica de exploração laboral moderna.