Um museu do sul da Inglaterra, o museu North Hertfordshire, decidiu que se referirá ao imperador romano Marco Aurélio Antonino, conhecido como Heliogábalo por ser um adorador deste deus sírio romano, como uma mulher trans.

Assim no museu e na exposição em sua homenagem tudo será renomeado e passará a utilizar os pronomes femininos ela/dela, conforme relato da BBC News.

A decisão do museu resulta dos estudos de textos clássicos onde se afirma que o imperador disse uma vez "não me chame de senhor, pois sou uma senhora".

Desta forma o uso dos pronomes seria "educado e respeitoso ser sensível à identificação de pronomes para pessoas do passado", segundo um porta-voz do museu.

O museu apresenta a moeda de Heliogábalo entre os itens LGBTQIA + de seu acervo.

Também segundo Cassius Dio, senador e contemporâneo de Heliogábalo, escreveu em textos da época que o imperador Heliogábalo foi casado cinco vezes — uma delas com um homem.

Sobre o último casamento, Dio escreveu que o imperador "foi concedido em casamento e foi denominado esposa, amante e rainha".

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Para o professor de clássicos da Universidade de Cambridge, Shushma Malik, a citação de Cassius não serve como confirmação do gênero do imperador.

“As palavras que Dio usa não são uma citação direta de Heliogábalo e, no momento em que este artigo foi escrito, o imperador estaria no início da adolescência", explica Malik.

Diz este professor que há mais exemplos de “épocas em que linguagem e palavras efeminadas eram usadas como forma de criticar ou enfraquecer uma figura política", pelo que as referências a Heliogábalo usando maquilhagem e perucas pode ter sido feitas para minar a popularidade do imperador, que aparentemente era bem fraca!

Já o vereador Keith Hoskins, membro executivo de Empresas e Artes do North Herts Council, disse que o texto é uma evidência de que Heliogábalo preferia o pronome “ela”.
"Sabemos que Heliogábalo se identificou como mulher e foi explícito sobre quais pronomes usar, o que mostra que os pronomes não são uma coisa nova".

Este imperador alias governou o Império Romano durante apenas quatro anos, até ser assassinado pelos seus guardas em 222 DC, aos 18 anos.

No curto período de governo, terá sido uma figura controversa, desenvolvendo uma reputação de promiscuidade sexual.

Diversos historiadores acreditam que Heliogábalo mostrou desrespeito às tradições religiosas romanas e aos seus tabus sexuais.

Mas o mais escandaloso para a época poderá ter sido a substituição do tradicional deus Júpiter no panteão romano por Heliogábalo e por ter forçado membros importantes do governo de Roma a participarem em rituais que celebravam esta divindade, liderados por ele próprio.

Este deus, Heliogábalo, foi inicialmente venerado em Emesa, Síria, sendo o nome a versão latinizada da palavra semitica Ilāh Hag-Gabal, que deriva de Ilāh "deus" e gabal "montanha" (em árabe: جبل jabal), resultando em "o Deus da Montanha".

Este culto espalhou-se Império Romano, no século II havendo referências a ele em lugares tão longe como Woerden, na Holanda.

A estátua de culto foi trazido para Roma por um outro imperador também Marco Aurélio Antonino

A divindade Síria foi assimilada com o deus romano do Sol conhecido como Sol Invicto.
Um templo chamado Elagabálio foi construído na face leste do monte Palatino, para abrigar a pedra sagrada do templo de Emessa, um meteorito.

Enfim o tempora, o mores, clássica exclamação de Cícero criticando a perversidade e os costumes dissolutos do seu tempo, algo aliás usual em todos os tempos por imposição das igrejas de cada tempo!