"Há sempre um patamar de responsabilidade política que é inultrapassável, quer se queira quer não ele está em cima da mesa e os eleitores estão lá em casa e avaliam-no. Outra coisa é saber se não há responsabilidade técnica que primeiramente tenha de ser avaliada e explicada sobre o ponto de vista dos contornos dos casos em especial", começou por dizer.

Para a eurodeputada socialista essas são "duas discussões que não se confundem".

"Há sempre, constantemente, a informação de que está a ser feita uma avaliação pelas autoridades competentes, seja as instituições de Saúde, seja o Ministério Público. Coisa diferente é a responsabilidade política".

Para Marta Temido, uma demissão neste tipo de casos "tem muito que ver com a natureza dos titulares": há casos em que "a responsabilidade política é apenas apurada em sede eleitoral" e há outros, como foi a sua situação, em que os titulares de cargos políticos "entendem que é possível dar um sinal".

Isso, entende, está "também relacionado com a sua avaliação, a sua relação de confiança com a população".

"O que sei é que, na minha experiência como ministra da Saúde, os portugueses habituaram-se a confiar em mim. Portanto, quando eu senti que essa confiança podia estar em causa, entendi dar um sinal, um sinal de respeito pela confiança que os portugueses tinham em mim. Com outros titulares, a avaliação pode ser diferente", admite.

Apesar de admitir que a saída de Ana Paula Martins não vai resolver os problemas da Saúde, para Marta Temido o momento que o SNS "vive é muito mais grave e perturbador do que aquilo que é essa avaliação em função de um caso ou outro caso".

"É mais grave e mais complexa. Aliás, as recentes palavras do Presidente da República mostram isso. Estamos perante um Governo que diz que vem romper com a inércia, mas na área da Saúde não apresenta uma linha de reforma", atirou a socialista.