Em Belém do Pará, cidade que acolherá a COP30, António Guterres lançou um apelo global urgente: a revolução da energia limpa precisa de avançar mais rápido, mais fundo e com mais justiça.

O secretário-geral das Nações Unidas discursou esta sexta-feira na sessão temática sobre Transição Energética da Cúpula de Líderes, sublinhando que 90% de toda a nova capacidade de geração de energia no mundo já provém de fontes renováveis — um sinal de mudança, mas ainda insuficiente.

“O panorama energético global está a mudar a uma velocidade vertiginosa”, afirmou Guterres, recordando que a energia limpa é hoje a fonte mais barata de eletricidade em quase todos os países. Acrescentou ainda um dado revelador: “Cada dólar investido em energias renováveis cria três vezes mais empregos do que quando investido em combustíveis fósseis.”

O líder das Nações Unidas insistiu que esta revolução deve beneficiar todas as nações, defendendo um aumento urgente dos investimentos em energia solar, eólica, hidrelétrica e biomassa, como forma de reduzir a dependência mundial do carvão e do petróleo.

A transição energética que falha “perigosamente”

Na sua intervenção, Guterres recordou que, na COP28, os países se comprometeram a triplicar a capacidade global de energia renovável até 2030 e a realizar uma transição “justa” para longe dos combustíveis fósseis. Contudo, o secretário-geral advertiu que esses compromissos estão a ser cumpridos de forma perigosa e lenta.

Mesmo que os novos planos nacionais sejam totalmente implementados, o mundo ainda caminha para um aumento de temperatura superior a 2°C, cenário que o próprio classificou como um “bilhete direto para mais inundações, mais calor e mais sofrimento em todos os lugares”.

Tecnologia e inteligência artificial: parte da solução, não do problema

Guterres destacou ainda a necessidade de preparar a infraestrutura energética mundial para responder ao aumento exponencial da procura de eletricidade, impulsionado pelo crescimento dos centros de dados e da Inteligência Artificial. Advertiu que a tecnologia deve ser “parte da solução climática e não uma nova fonte de tensão”.

A transição, defendeu, deve ser “rápida, justa e definitiva”, garantindo proteção, formação e novas oportunidades para trabalhadores e comunidades ainda dependentes dos combustíveis fósseis, com particular atenção a jovens e mulheres.

Às vésperas da Conferência da ONU sobre Mudança Climática, o apelo de Guterres ecoa como uma mensagem de esperança e urgência:

“A era dos combustíveis fósseis está a chegar ao fim. A energia limpa está em ascensão — mas o tempo está a esgotar-se.”

Fontes:

  • Nações Unidas – UN News

  • COP30 – Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática

  • Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)