De 5 a 14 de fevereiro de 2026, Guimarães volta a afirmar-se como um dos principais palcos da dança contemporânea em Portugal e na Europa, ao acolher a 15.ª edição do GUIdance – Festival Internacional de Dança Contemporânea.

Criadores de Portugal, Grécia, Inglaterra, Espanha e Canadá reúnem-se numa programação que cruza corpos, pensamento crítico e a relação profunda entre o ser humano e a natureza, sob o mote “a sincronização da diversidade”.

Num ano particularmente simbólico para a cidade, que vive a missão de Capital Verde Europeia, o GUIdance assume a dança como linguagem sensível para pensar o mundo contemporâneo. A diversidade surge não como conceito estático, mas como processo coletivo e dinâmico, onde diferentes corpos, linguagens e imaginários coexistem, se transformam e se interrogam mutuamente. Num tempo marcado pela aceleração tecnológica e pelas urgências ambientais, o corpo afirma-se aqui como tecnologia de futuro, de memória e de reinvenção.

Ao longo de dez dias, o festival espalha-se por vários espaços emblemáticos da cidade, como o Centro Cultural Vila Flor, o Teatro Jordão e o Centro Internacional das Artes José de Guimarães, reforçando a ligação entre criação artística, território e comunidade. Estreias absolutas e nacionais, coproduções, obras selecionadas pela rede europeia Aerowaves e o regresso de coreógrafos com ligação histórica ao festival constroem um programa que cruza gerações, geografias e estéticas da dança contemporânea.

A abertura do GUIdance 2026 faz-se com um momento de forte carga simbólica: o regresso de Olga Roriz a Guimarães. Doze anos depois do seu último solo, a coreógrafa apresenta O Salvado (5 de fevereiro), uma obra profundamente autobiográfica que confronta memória, tempo e reinvenção, questionando o que permanece após a perda e a transformação. A identidade cultural e a expressão coletiva atravessam também Mercedes máis eu (6 de fevereiro), de Janet Novás e Mercedes Peón, um dueto selecionado pela rede Aerowaves onde dança e música se fundem num ritual contemporâneo de intensa carga sensorial e política.

A programação inclui ainda a estreia absoluta de Tender Riot (7 de fevereiro), criação coletiva de sete artistas portugueses que transforma o palco num espaço de resistência afetiva, explorando a ternura como prática e o coletivo como resposta ao esgotamento do presente. No mesmo dia, a Compagnie Marie Chouinard regressa ao GUIdance com um programa duplo — Magnificat e BodyremixRemix — duas obras que exploram, com rigor e exuberância, o mistério do corpo, da liberdade e da condição humana, ambas com música de Johann Sebastian Bach.

O festival abre também espaço à infância e à descoberta sensorial com Ocelo (8 de fevereiro), de Daniela Cruz, um espetáculo multidisciplinar dirigido a crianças a partir dos seis anos, onde movimento, música e palavra se cruzam numa estufa transformada em laboratório de imaginação e espanto.

Em estreia absoluta, Tânia Carvalho apresenta dois novos solos — O Gesto do Falcão e O Sono da Montanha (12 de fevereiro) — concebidos para Bruno Senune e Marta Cerqueira. Obras que aprofundam a relação singular entre coreógrafa e intérpretes, afirmando cada corpo como território de experiência, memória e transformação contínua.

A criação emergente marca presença com Sirens (13 de fevereiro), de Ermira Goro, também selecionada pela rede Aerowaves, uma viagem hipnótica pelo desejo, pelo género e pelas fronteiras entre o humano e o maquínico. Segue-se Quando Vem a Taciturna de Limiar em Limiar o Presente Frágil (14 de fevereiro), de Joana von Mayer Trindade e Hugo Calhim Cristóvão, uma obra atravessada por referências literárias e filosóficas que confronta a fragilidade do presente e a natureza transitória da existência.

O encerramento do GUIdance 2026 fica a cargo da Akram Khan Company, com a estreia nacional de Chotto Desh (14 de fevereiro), uma adaptação do aclamado solo Desh, distinguido com o Prémio Olivier em 2012. Pensado também para uma nova geração de espectadores, o espetáculo cruza dança contemporânea e Kathak para contar uma história comovente sobre sonhos, memórias e identidade, num percurso intercultural entre a Grã-Bretanha e o Bangladesh.

Para além dos espetáculos, o GUIdance propõe uma programação alargada de debates, conversas com artistas, visitas às escolas e ações de mediação cultural, reforçando o seu compromisso com a formação de públicos e o acesso à dança contemporânea. Ao longo de dez dias, Guimarães transforma-se num campo sensível de encontro onde corpos, ideias e imaginários se cruzam, afirmando a dança como espaço de empatia, consciência ecológica e imaginação coletiva — um exercício partilhado para sincronizar o que parece improvável.

Os bilhetes já se encontram à venda em oficina.bol.pt e nas bilheteiras dos equipamentos geridos pel’A Oficina. O festival disponibiliza ainda assinaturas para 2, 3 ou 4 espetáculos, com descontos progressivos. Mais informações podem ser consultadas em www.aoficina.pt.