Quem não se recorda dos vergonhosos cartazes racistas dirigidos a António Costa, em plena greve dos professores? E quem organizava essas greves?

Onde estava o PSD nessa altura? Terá protestado contra a fascização crescente de certa militância sindical, que acabaria por alimentar a extrema-direita e dar votos à “cheganice”? Não. Silêncio. E o PS? Terá levantado a voz contra a vaga de greves claramente orquestradas por sindicatos com ligações ao PSD e até à Opus Dei, que ameaçavam não só a estabilidade como o próprio conceito de ação sindical? Também não.

Na altura, Pedro Nuno Santos foi claro e frontal:“O direito à greve é intocável e exige potencial negocial para solucionar o conflito inerente.”Hoje, é o PSD que prova do próprio remédio. Os sindicatos que outrora ajudou a criar — sobretudo com o intuito de instrumentalizar a UGT — voltam-se agora contra o governo que ajudaram a eleger. Sindicatos de casta profissional, focados mais na hierarquia do que na base, protagonizam greves que expõem a fragilidade de um ministro das Infraestruturas que se julgava patrão, mas se revela... um patrão falido.

António Costa enfrentou greves partidárias (ainda que, em alguns casos, com razões legítimas), insultos e afrontas visuais — sem nunca pôr em causa o direito à greve, nem publicamente o desvalorizar. Não chorou nem se fez de vítima.Vale a pena reler a Lei:Artigo 530.º — Direito à GreveA greve constitui, nos termos da Constituição, um direito dos trabalhadores. Compete aos trabalhadores definir o âmbito de interesses a defender através da greve.  O direito à greve é irrenunciável.

Como afirmou Pedro Nuno Santos, a saída está no diálogo: negociar, saber negociar, procurar soluções consensuais.Mas parece que, para esta direita, negociar continua a ser um verbo indigesto.