Greenpeace alimenta concorrência desleal? Ou defende o direito ambiental com métodos pouco ortodoxos?

Segundo o portal Brasil 247, a sede da JBS — uma das maiores empresas de alimentos do mundo, com mais de 70 anos de existência, sede em São Paulo e presença em mais de 20 países — foi palco de uma invasão conduzida por ativistas do Greenpeace. O episódio contou com a participação direta do empresário João Paulo Pacífico, fundador do Grupo Gaia, reconhecido no setor financeiro por sua atuação em “investimentos de impacto”.

O caso chamou a atenção pela forma como foi executado: Pacífico utilizou um mecanismo legítimo de governança corporativa — a aquisição de uma única ação da JBS — como pretexto para viabilizar a entrada de ativistas na sede da companhia. Ao chegar ao edifício acompanhado por duas ativistas, que não constavam na lista de visitantes e não se identificaram como acionistas, facilitou o acesso ao interior da empresa sem autorização.

Simultaneamente, outros integrantes do grupo escalaram os muros da empresa com cordas, escadas e uniformes falsos de manutenção, numa ação claramente coordenada e previamente planejada.

Entre os participantes estava Cristiane Mazzetti, conhecida ativista do Greenpeace, que transmitiu a invasão em direto nas redes sociais da organização. A transmissão foi usada para criticar os planos da JBS de listagem de ações no exterior — um movimento que poderia fortalecer ainda mais a multinacional, onde o BNDES detém participação acionista.

Nem Cristiane nem a sua colega realizaram o registo de entrada conforme o protocolo de segurança da empresa, o que evidencia o caráter irregular da ação. Ao não ser acionista, a presença de Mazzetti revelou-se não apenas irregular, mas também um uso indevido da estrutura formal da assembleia para fins de protesto.

No Brasil, a ação do Greenpeace gerou críticas e levantou suspeitas de possível aproveitamento de estratégias de concorrência desleal — utilizando o ativismo para influenciar o posicionamento de mercado da empresa.

Este caso reacende o debate sobre os limites do ativismo ambiental e os riscos do uso instrumental de práticas legais para fins de militância radical, num cenário onde ética, legalidade e reputação empresarial estão em jogo.

---

Foto de destaque: Criada por IA