Um Espetáculo de Luxo para os Cofres Públicos
Sabia que um espetáculo de fogos de artifício pode custar dezenas de milhares de euros? E isso sem contar com os "extras" como segurança, limpeza e possíveis danos ambientais. Num país onde tantas autarquias lutam com dívidas astronómicas, parece que o bom senso é o único que não tem lugar no orçamento.
Imaginemos uma pequena vila que decide celebrar o seu aniversário com pompa e circunstância. 15 minutos de pirotecnia podem custar facilmente 10.000 a 20.000 euros. Agora multipliquemos isto pelas centenas de vilas, cidades e freguesias que fazem o mesmo ao longo do ano. Estamos a falar de milhões de euros em impostos literalmente atirados ao ar. Tudo para impressionar durante um curto intervalo de tempo que ninguém vai recordar no dia seguinte. Será que não poderíamos ficar satisfeitos com 2 ou 3 minutos? Ou, ousando sonhar, sem fogos de artifício?
A Popularidade do Supérfluo
"Ah, mas o povo gosta!" – dizem os defensores da pirotecnia, como se este argumento justificasse tudo. Sim, o povo gosta de muitas coisas, mas será que tudo o que gostamos merece ser financiado com dinheiro público? Se amanhã o povo começar a gostar de lançar notas de 500 euros de um helicóptero, será que também vamos atender a esse desejo?
A verdade é que, enquanto os céus explodem em cor, os hospitais pedem mais camas, as escolas precisam de materiais e tantas famílias lutam para pagar contas básicas. Mas, claro, vamos primeiro garantir que temos fogo de artifício, porque nada diz "prioridades" como uma chuva de luzes no ar.
O Preço da Inconsciência
Além do custo financeiro, há também o impacto ambiental e social. As toneladas de resíduos deixadas pelos fogos de artifício raramente são limpas de forma adequada. O ruído afeta a fauna local e aterroriza os animais domésticos. E para quê? Para 15 minutos de aplausos que não mudam absolutamente nada na nossa qualidade de vida?
E não nos esqueçamos da ironia máxima: em pleno verão, enquanto os bombeiros lutam para apagar incêndios florestais, algumas localidades continuam a insistir em lançar fogos de artifício. Nada como arriscar mais um foco de incêndio para manter a tradição viva!
Uma Nova Perspetiva: Luzes, Tecnologia e Bom Senso
Não estamos a sugerir que se acabe com as celebrações, mas será que não é possível modernizar? Porque não optar por espetáculos de drones, que são mais económicos, ecológicos e seguros? Ou luzes LED sincronizadas com música, criando um espetáculo igualmente fascinante, mas sem o custo exorbitante?
A pirotecnia é como um vício caro e antiquado: parece bonito na altura, mas depois deixa-nos a pagar o preço, financeiramente e emocionalmente. É hora de pararmos de olhar apenas para o céu e começarmos a olhar para os números. Talvez assim possamos encontrar formas mais inteligentes – e responsáveis – de celebrar.
Conclusão: Racionalidade ou Luzes no Ar?
"Não é a aparência, mas a essência." Esta frase de Descartes encaixa perfeitamente aqui. Porque, afinal, de que adianta iluminar os céus se deixamos as nossas prioridades às escuras?
Fica o desafio para as autarquias: impressionem-nos com gestos de gestão eficiente, não com 15 minutos de fogos que, no fundo, só nos mostram quão pouco aprendemos sobre prioridades.