O cartaz de 2025 não é apenas vasto, é uma riquíssimo de intenções. A música une nomes históricos e novas vozes: Gisela João, Capicua, Paulo de Carvalho, Linda Martini, A Garota Não, Stereossauro e convidados internacionais como Mariana Aydar ou Fermín Muguruza. No Avanteatro, a dramaturgia contemporânea abre espaço à reflexão crítica.
O CineAvante! dá palco ao cinema português e lusófono, provando que a cultura também é memória e futuro. E como se não bastasse, os debates convidam à inquietação: inteligência artificial, direitos das mulheres, políticas de mobilidade, democracia cultural.
A Festa não foge às perguntas difíceis — antes convoca-as, num tempo em que tantas vozes preferem o ruído ao diálogo.
Quem percorre a Atalaia sabe que a Festa é feita de universos paralelos. Há o Espaço Ciência, que aproxima miúdos e graúdos das descobertas científicas; o Pavilhão da Mulher, que dá palco à igualdade e à luta feminista; o Espaço Criança, um paraíso de jogos tradicionais, teatro de fantoches e insufláveis.
E há também o desporto, que celebra corpos em movimento: da 36.ª Corrida da Festa (10 km e caminhada de 4,5 km) ao boccia sénior, passando pelo futsal jovem. Cada detalhe reforça a ideia de que aqui se celebra a vida em todas as suas expressões.
Postos médicos, bombeiros, acessibilidade plena para pessoas com mobilidade reduzida, fraldários, zonas de amamentação, pagamentos contactless, informação clara e horários respeitados. Este cuidado com quem participa não é detalhe: é parte do ADN de uma iniciativa que se pretende inclusiva e cidadã.
Em 2025, a Entrada Permanente (EP) mantém-se como chave de acesso aos três dias, a preços acessíveis — €34 até à véspera e cerca de €47,50 no recinto. Chegar é simples: comboio Fertagus até ao Fogueteiro, autocarros TST, ferry para o Seixal ou automóvel pela A2. Até o aeroporto de Lisboa fica a menos de meia hora, aproximando o mundo da Atalaia.
Dizem que “não há festa como esta”. E não há. Porque a Festa do Avante! não é apenas o reflexo de um partido político — é, sobretudo, um património coletivo, um exercício de cidadania cultural e uma vitrine de Portugal plural. É música e política, é família e amizade, é livro e debate, é sardinha assada e teatro, é sonho e ação.
Num tempo em que as sociedades vivem cada vez mais de algoritmos, individualismo e pressas, a Festa resiste como espaço de encontro, de desaceleração e de pertença. É uma cidade que se constrói em três dias e que deixa memórias para doze meses.
Num país tantas vezes dividido por ideologias, a Festa do Avante! consegue algo raro: criar um espaço onde a cultura é vivida em liberdade e partilha. Pode-se discordar do PCP, pode-se criticar políticas ou visões, mas é impossível ignorar a força simbólica e a qualidade da maior festa cultural de Portugal.
Num tempo em que tanto se fala em democracia frágil, aqui a democracia respira — através da música, da palavra, da ciência, da arte e do convívio. Em 2025, mais uma vez, confirma-se: a Festa do Avante! não é apenas uma festa. É um manifesto vivo de que a cultura é o maior antídoto contra a apatia.