Há fenómenos que transcendem o mero calendário de eventos. Todos os anos, quando setembro desponta, a Quinta da Atalaia no Seixal transforma-se numa verdadeira cidade efémera: ruas improvisadas, palcos que fervilham, cores que dançam, vozes que ecoam, e uma comunidade que se reconhece em valores de partilha, diversidade e solidariedade.

É a Festa do Avante!, e em 2025 volta a cumprir a promessa de ser mais do que um festival: um ritual coletivo de pertença. A narrativa é  a mesma e, no entanto, sempre nova e apresentando inovação e a cultura do povo português: durante três dias — este ano de 5 a 7 de setembro — centenas de milhares de visitantes cruzam gerações e geografias.

Jovens que chegam em grupos para o palco 25 de Abril, famílias que levam os filhos à Festa das Crianças, veteranos da democracia que se encontram nos debates ou na Festa do Livro. Ali, todos encontram um pedaço de si.

Uma programação que espelha Portugal e o mundo

O cartaz de 2025 não é apenas vasto, é uma riquíssimo de intenções. A música une nomes históricos e novas vozes: Gisela João, Capicua, Paulo de Carvalho, Linda Martini, A Garota Não, Stereossauro e convidados internacionais como Mariana Aydar ou Fermín Muguruza. No Avanteatro, a dramaturgia contemporânea abre espaço à reflexão crítica.

O CineAvante! dá palco ao cinema português e lusófono, provando que a cultura também é memória e futuro. E como se não bastasse, os debates convidam à inquietação: inteligência artificial, direitos das mulheres, políticas de mobilidade, democracia cultural.

A Festa não foge às perguntas difíceis — antes convoca-as, num tempo em que tantas vozes preferem o ruído ao diálogo.

O território da infância, da arte e do desporto

Quem percorre a Atalaia sabe que a Festa é feita de universos paralelos. Há o Espaço Ciência, que aproxima miúdos e graúdos das descobertas científicas; o Pavilhão da Mulher, que dá palco à igualdade e à luta feminista; o Espaço Criança, um paraíso de jogos tradicionais, teatro de fantoches e insufláveis.

E há também o desporto, que celebra corpos em movimento: da 36.ª Corrida da Festa (10 km e caminhada de 4,5 km) ao boccia sénior, passando pelo futsal jovem. Cada detalhe reforça a ideia de que aqui se celebra a vida em todas as suas expressões.

Uma festa que cuida É também pela sua organização que a Festa se distingue.

Postos médicos, bombeiros, acessibilidade plena para pessoas com mobilidade reduzida, fraldários, zonas de amamentação, pagamentos contactless, informação clara e horários respeitados. Este cuidado com quem participa não é detalhe: é parte do ADN de uma iniciativa que se pretende inclusiva e cidadã.

Bilhetes e acessos: o gesto que abre as portas

Em 2025, a Entrada Permanente (EP) mantém-se como chave de acesso aos três dias, a preços acessíveis — €34 até à véspera e cerca de €47,50 no recinto. Chegar é simples: comboio Fertagus até ao Fogueteiro, autocarros TST, ferry para o Seixal ou automóvel pela A2. Até o aeroporto de Lisboa fica a menos de meia hora, aproximando o mundo da Atalaia.

A alma de um país em festa

Dizem que “não há festa como esta”. E não há. Porque a Festa do Avante! não é apenas o reflexo de um partido político — é, sobretudo, um património coletivo, um exercício de cidadania cultural e uma vitrine de Portugal plural. É música e política, é família e amizade, é livro e debate, é sardinha assada e teatro, é sonho e ação.

Num tempo em que as sociedades vivem cada vez mais de algoritmos, individualismo e pressas, a Festa resiste como espaço de encontro, de desaceleração e de pertença. É uma cidade que se constrói em três dias e que deixa memórias para doze meses.

Editorial

Num país tantas vezes dividido por ideologias, a Festa do Avante! consegue algo raro: criar um espaço onde a cultura é vivida em liberdade e partilha. Pode-se discordar do PCP, pode-se criticar políticas ou visões, mas é impossível ignorar a força simbólica e a qualidade da maior festa cultural de Portugal.

Num tempo em que tanto se fala em democracia frágil, aqui a democracia respira — através da música, da palavra, da ciência, da arte e do convívio. Em 2025, mais uma vez, confirma-se: a Festa do Avante! não é apenas uma festa. É um manifesto vivo de que a cultura é o maior antídoto contra a apatia.

🔗 Informações oficiais e programação completa: www.festadoavante.pcp.pt