Ja estudante de Direito na Universidade de Coimbra no final da década de 1950, foi expulso da mesma por motivos políticos e só veio a concluir a licenciatura já em Lisboa.

Foi defensor de presos políticos nos Tribunais Plenários do Porto e Lisboa integrou então a Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos.

Participou ativamente no Cineclube da cidade, na Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto (Cooperativa Unicepe), bem ao lado de onde era a sede da AE da fac de Economia onde tive a honra de ser diretor, e fundou a Cooperativa Cultural Confronto.

Como advogado do Sindicato dos Bancários do Norte, participou também na criação da Intersindical e após o 25.04.74 Mário Brochado Coelho defendeu associações de moradores do Grande Porto e esteve envolvido no processo de construção de habitação do SAAL Norte, de forte participação popular.

Foi fundador e dirigente da UDP, foi eleito por duas vezes deputado municipal no Porto, em 1977 e 1981.

Foi um dos promotores do Tribunal Cívico Humberto Delgado, que se opôs à impunidade dos crimes da PIDE/DGS e que juntou figuras de vários quadrantes da esquerda na recolha de depoimentos, documentos e outros registos da repressão política da ditadura.

Mas o seu maior combate político pós Abril foi pela verdade sobre o assassinato à bomba do padre Max e da estudante Maria de Lurdes em abril de 1976, horas antes da aprovação da Constituição, perto de Vila Real.

O padre e professor era candidato da UDP às eleições legislativas marcadas para esse mês e foi barbaramente assassinado pelos fascistas apoiados pelo dito conego Melo e
por décadas fora Mário Brochado Coelho representou a acusação particular e empenhou-se para que se fizesse justiça a este assassinato político, sem desistir perante os golpes opusdeistas que terão as mãos sujas do sangue do padre Max e só vinte anos depois dos assassinatos, na terceira vez é que o Tribunal da Relação do Porto se pronunciou sobre o processo, e que foi decidido efetuar o julgamento de 4 arguidos como autores materiais de dois crimes de homicídio voluntário a mando da rede de extrema-direita fundada por Spínola e Alpoim Calvão, o MDLP.

Como de costume em caso político que envolva qualquer tipo de Direita na sentença proferida em fevereiro de 1999, o tribunal recusou condenar com base na prova testemunhal, deixando o crime sem castigo.

Mário Brochado Coelho foi consultor jurídico dos Serviços Municipalizados de Águas e Saneamento do Porto, tornando-se em seguida no Provedor do Cliente deste organismo até 2006.

Recebeu a Ordem da Liberdade das mãos do Presidente Jorge Sampaio em 2005 e dez anos depois a Medalha Municipal de Mérito - Grau Ouro da Câmara Municipal do Porto.

O funeral de Mario Brochado Coelho aconteceu no sábado no cemitério do Prado do Repouso.

Joffre Justino