Na segunda-feira, 28 de abril de 2025, Portugal e Espanha viveram um dos episódios mais críticos da sua história moderna: um apagão de grandes proporções que deixou milhões de pessoas sem eletricidade, internet, rede móvel e acesso a serviços básicos.

O corte de energia começou por volta do meio-dia e afetou simultaneamente as capitais Lisboa e Madrid, estendendo-se também a partes da Catalunha, Andaluzia e Norte de Portugal. A magnitude e o impacto levaram a comparações imediatas com os grandes apagões europeus de 2003 e 2006, superando-os em desorganização urbana e pânico social.

Semáforos desligados, hospitais em modo de emergência, transportes parados e caixas automáticos cercados de filas tornaram-se rapidamente imagens do dia. Em Madrid, a circulação na Plaza Castilla ficou completamente colapsada. O metro foi encerrado e passageiros ficaram presos em carruagens e elevadores. Os jogos do torneio de ténis Aberto de Madrid foram cancelados. Em Lisboa, a quebra no sistema de pagamentos eletrónicos obrigou os consumidores a recorrerem a dinheiro vivo — que também escasseava.

A nível político, o primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez declarou estado de emergência, alertando que “nenhuma hipótese pode ser descartada”, mesmo após as autoridades afirmarem que não há indícios de ciberataques. Em Portugal, a preocupação estendeu-se ao abastecimento de água e à segurança pública.

O fenómeno provocou ainda uma avalanche de fake news. Desde acusações infundadas à Rússia até pseudociência sobre “vibrações atmosféricas induzidas”, a desinformação circulou com rapidez nas redes sociais e até em agências de notícias respeitadas. A Comissão Europeia foi forçada a emitir desmentidos oficiais.

O episódio reforçou a necessidade urgente de repensar a resiliência das infraestruturas energéticas europeias. Com o contexto geopolítico instável e a ameaça crescente de guerras híbridas, os países da União Europeia devem agora acelerar planos de segurança elétrica, incluindo cenários de blackout prolongado, sistemas de resposta rápida e campanhas de preparação da população civil.

Tal como declarou uma residente brasileira em Barcelona, forçada a caminhar mais de uma hora até casa: “Foi como acordar num mundo onde tudo o que tomamos por garantido deixa de existir.”

📢 Para mais reportagens com verdade, análise e compromisso social, subscreve o jornal 'Séc. XXI':
👉 https://www.estrategizando.pt/assinatura