Nesse espírito, uma iniciativa de história oral da Cátedra Bahá'í voltou-se para aqueles que cresceram à sombra da segregação durante a era Jim Crow nos Estados Unidos e pediu que descrevessem, com suas próprias palavras, como famílias e bairros moldaram vidas dignas, perseverantes e de cuidado mútuo.

“Os ensinamentos bahá'ís afirmam que devemos celebrar a diversidade humana”, disse a Dra. Mahmoudi.

Ela explicou que celebrar essa diversidade implica aprender a história e a experiência vivida de um povo, o que ajuda a eliminar estereótipos e desperta um senso mais verdadeiro de unidade.

O projeto, intitulado Legados Afro-Americanos: Lembrando Comunidades Resilientes, reúne conversas longas gravadas ao longo de dois anos com 24 pessoas de diferentes regiões e estilos de vida nos Estados Unidos.

Como parte do programa de pesquisa mais amplo da Cátedra, a iniciativa aborda o racismo estrutural e as causas profundas do preconceito — um dos cinco temas que a Cátedra identifica como essenciais para a remoção de obstáculos à paz.

Esses temas também incluem a natureza humana, o empoderamento das mulheres, a governança e a liderança globais e a degradação ambiental.

Entrevistados representando uma ampla gama de regiões, gerações e ocupações — de cidades rurais a centros urbanos — relembram os ritmos da vida familiar e comunitária e a esperança em um futuro melhor que os sustentou em uma era marcada pela exclusão.

Entrevistas em vídeo (disponíveis aqui) abrem uma janela para experiências históricas de uma era diferente e revelam padrões de resiliência que permanecem relevantes, mesmo com a persistência das desigualdades até hoje.

Esses relatos mostram comunidades que, enfrentando barreiras impostas, apoiaram indivíduos em sua educação, na obtenção de seu sustento, na prática religiosa e na assistência mútua.

“As entrevistas tornam visível uma população muitas vezes invisível e oferecem um recurso educacional para as salas de aula e um espelho para a sociedade”, disse a Dra. Mahmoudi.

“O progresso foi real”, continuou ela, “mas o trabalho de promover a unidade racial permanece inacabado. Ouvir atentamente essas memórias pode fortalecer a determinação e a empatia necessárias para uma mudança construtiva.”

A força do projeto reside em como ele reformula a história de uma era. Os entrevistados descrevem comunidades nas quais cada papel importava e a posição social não determinava o valor. As descobertas do projeto iluminam como as famílias se apoiavam mutuamente e como um espírito de serviço criou ambientes onde todos — dos mais jovens aos mais velhos — se sentiam valorizados e incluídos.

Nessas comunidades, o apoio mútuo não era apenas uma estratégia de sobrevivência; era a expressão de uma visão de mundo que via cada pessoa como tendo contribuições valiosas a fazer para o bem coletivo. Os relatos coletados no projeto revelam as capacidades que cresceram sob pressão: firmeza, solidariedade, imaginação.

Para a Cátedra Bahá'í, documentar esses legados não se refere apenas ao passado. Em vez disso, é um convite a considerar o que será necessário para promover comunidades onde a nobreza seja reconhecida em cada pessoa e onde a diversidade seja uma fonte de força.

“Quanto mais nos voltamos para o exterior e trabalhamos com os outros”, refletiu o Dr. Mahmoudi, “melhor compreendemos o significado de nossa humanidade comum”.

 

Nota : As leis de Jim Crow eram leis estaduais e locais promulgadas no sul dos Estados Unidos entre o final da década de 1870 e meados da década de 1960. Essas leis impunham a segregação racial, negando aos afro-americanos direitos e oportunidades iguais em vários aspectos da vida, incluindo transporte público, educação, moradia, emprego e voto.

O sistema Jim Crow era caracterizado pela doutrina "separados, mas iguais", legitimada pela decisão da Suprema Corte no caso Plessy v. Ferguson (1896).

Essa decisão permitia a segregação desde que as instalações separadas fossem consideradas de qualidade igual. No entanto, na prática, as instalações e os recursos fornecidos aos afro-americanos eram consistentemente inferiores aos dos brancos.

 

 

https://youtu.be/SSDQkgTQUgg