O risco sísmico recorde-se depende da conjugação de três fatores: «Perigosidade – exprime-se pela possibilidade de ocorrência de vibrações sísmicas com determinada severidade, nesse local. Vulnerabilidade – característica que um elemento (estrutural ou outro) quando exposto ao perigo tem para sofrer determinado impacto ou dano (por incapacidade de responder à ação imposta) e exposição – está relacionada com os elementos físicos que estão localizados em áreas de perigosidade, como sejam população, urbanização e todos os recursos relacionados com o desenvolvimento económico».
Admite tambem que o risco diminui quando as construções mais vulneráveis e não-resistentes são reforçadas ou substituídas por novas construções.
Para Filipe Rosas, geólogo e diretor do Instituto Dom Luiz da Universidade de Lisboa, não há nenhuma base científica para dizer que vamos ter cada vez mais sismos e garante que prever isso «é pura especulação, sem nenhum suporte científico», afirmando que o que se pode garantir é que no espaço de seis meses houve dois sismos que foram sentidos. «Há muitos sismos de magnitude um bocadinho mais elevado e outros um bocadinho mais baixos e podem ocorrer em todo o mundo uns dez sismos por dia. O que acontece é que, na generalidade dos casos, por serem sismos de baixa magnitude não se fazem sentir e, por outro lado, há uns que estão mais próximos dos sítios onde estamos e, como tal, fazem-se sentir mais».
Ainda assim, o investigador admite que, por estarmos numa zona de risco de sismo considerável devemos estar preparados, quer do ponto de vista da formação cívica da população, quer do ponto de vista da construção, para um sismo de maior magnitude, uma vez entender que «a probabilidade de ocorrer é bastante grande».
No entanto, lembra que os de maior magnitude, como o que ocorreu em 1755 e em 1969, ocorrem mais longe do nosso território. «Estes sismos que têm ocorrido atualmente não são desta categoria. E acontecem ao longo de falhas que, muitas vezes, se formaram durante uma evolução geológica muito anterior, muito antiga, é como se fossem zonas fraturadas, zonas que ‘racharam’, às vezes, há centenas de milhões de anos».
O nosso território «tem a particularidade de pegar nestas fraturas antigas, nestas falhas antigas que se formaram em contextos muito diferentes no passado geológico e reativá-las».