Canção do exílio
( Gonçalves Dias )

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar –sozinho, à noite–
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.


A seguir não tenho um poema tenho um texto sobre um poema pois que me falta ritmo para poemizar.


Não sou especialista em árvores mas nasci numa terra de palmeiras isso eu sei
Hoje vivo num país de pinheiros eucaliptos e oliveiras talvez alguns castanheiros
Vivo num país de chuva mole e de pouco temporal mas que hoje chove duro ou seca muito e reencontrei a mesma seca no país onde vivi infância e juventude e onde adulto sonhei uma paz que ma retiraram
Pela cor da pele pela ideologia do coração onde não cabe ódio nem exploração fui expulso por dizer não a todo o tipo de racismo branco creme pardo castanho
escuro negro
Teimosamente não cedi perdi amigos ganhei um perdi amores ganhei uma e ganhei filho filha e por ora neta
Eduquei formei qualifiquei e escrevi escrevo dizem que compulsivamente
A saudade sou, é, parte de mim há meio século com passagens na minha terra de palmeiras la longe entre guerras já que sem guerra nela só vivi 31 anos em 72 pelo que não se espantem com o meu ar triste conformado porque lutei luto e perdi
Mas é a saudade que me faz vivo e lutar porque recuso a ideia de que a Liberdade só é possível na infância e o respeito na velhice
Amar o outro como a nós mesmos não é mandamento é esforço na vida que não esquece amar a Deus acima de tudo
A saudade é bandeira para a Liberdade na luta pelo fim de fronteiras luta que se diz perdida num mundo que se separa em cores já esbatidas mas em cores norte claro centro pardo sul escuro e eu e a saudade
Das matinés no cinema das noites nas farras porque hoje é sábado onde também lutei e perdi num poema que canta que a puta dança e pôs fim ao baile
Sessenta e tal dias fechado sozinho numa cela pensando na maioria dos dias na derrota vivida depois anos depois sete dias fechado na esquadra sem água sem sanita sem papel da esquadra para nada eu e os polícias na mesma situação uma prisão fascista e uma esquadra sovietista fazem a vida e o estar nela momento especial de amor maior passada a dor e a derrota ou a dor e a vitória tanto faz
E escrevendo não paro de saudar a saudade e a luta pela Liberdade mesmo em exílio que já é uma vida...