Os complexos acordos das maiorias relativas!

A Catalunha está a votar hoje, domingo, 12.05 em eleições autonómicas.

E neste momento nao é possível saber se os independentistas continuarão à frente do governo regional, como nós esperamos e como tem acontecido nos últimos 14 anos, ou se irá caber a vez aos socialistas.

As últimas sondagens davam todas uma vitória clara ao Partido Socialista, mas sem maioria absoluta e em segundo lugar nas sondagens surgia o Juntos pela Catalunha (JxCat, do centro-direita), liderado finalmente pelo forçado ao exílio Carles Puigdemont, por ter assumido uma declaração unilateral de independência, face à monarquista castela/ Espanha.

Tanto Carles Puigdemont como o candidato socialista, Salvador Illa, foram subindo nas sondagens nas últimas semanas, segundo a em detrimento do atual presidente regional, Pere Aragonès, da também independentista Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), a nossa preferência, que surgiu nos estudos mais recentes em terceiro lugar depois de ter iniciado a campanha a disputar o segundo com o JxCat.

A Catalunha tem governos nacionalistas e independentistas há 14 anos consecutivos, sendo que desde 2017 resultam de "geringonças" parlamentares porque os partidos que defendem a separação de Espanha deixaram de ser os mais votados.

A incógnita desta vez é saber se a dimensão da vitória do Partido Socialista impede nova "geringonça" separatista liderada por Puigdemont ou se se abre uma nova fase na Catalunha.

Pela primeira vez em mais de uma década, não se vislumbra facilmente uma maioria absoluta independentista no parlamento catalão, lançando ainda mais incerteza sobre os cenários pós-eleitorais e a formação do próximo governo regional até porque temos quase 40% de indecisos nas sondagens.

Illa admitiu durante a campanha um acordo com a ERC, e disse também que só recusa falar com a extrema-direita enquanto que Puigdemont apelou à unidade independentista e garantiu que jamais fará o socialista presidente da Generalitat

Já vAragonès não se comprometeu nem rejeitou qualquer cenário, incluindo o de não haver alianças com nenhuma parte, o que abriria a porta a um bloqueio político e à repetição das eleições no outono.

O desfecho das eleições de hoje na Catalunha terá também impacto na estabilidade política de Espanha, por o Governo nacional de Pedro Sánchez depender do apoio parlamentar tanto da ERC como do JxCat mas a ERC já disse que os resultados e eventuais acordos pós-eleitorais não põem em causa os compromissos assumidos em Madrid.

Infelizmente Puigdemont ameaçou retirar o apoio a Sánchez se os socialistas aceitarem os votos do Partido Popular (PP, direita espanhola) para inviabilizarem um executivo regional liderado por independentistas, como aconteceu no ano passado na câmara municipal de Barcelona.

Joffre Justino

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Foto de destaque: IA;  imagem simbólica para ilustrar o artigo sobre as eleições autonómicas na Catalunha. Esta captura o ambiente de um dia de eleição, refletindo a tensão entre os sentimentos de independência catalã e a unidade com a Espanha.