Na Idade Média, começou a utilizar-se, em toda a Europa, um  tipo de móvel utilizado para descansar durante a noite que era um simples armário!

Conhecidos como “armários-cama” ou “cama fechada”, estas curiosas camas foram incrivelmente populares em toda a Europa, desde a época medieval até ao início do século XX.

Estes móveis pesados eram uma espécie de caixa de madeira, que poderia dispor de uma porta com dobradiça ou de correr ou, simplesmente de uma cortina, permitindo ao seu dono entrar e fechar-se no seu interior por muito claustrofóbico que isso nos pareça actualmente.

Na verdade, este tipo de cama era utilizado tanto pelas classes trabalhadoras, que dormiam em móveis muito simples, como pelas classes mais abastadas, que podiam dar-se ao luxo de comprar móveis ricamente decorados com painéis pintados ou talhas de grande qualidade artística.

Por vezes, estes armários-cama eram construídos com pés para evitar a humidade do solo ou encastrados numa concavidade na parede.

O  que tornou tão popular este tipo de armário-cama foi a poupança de espaço, pois não foi idealizado apenas para uma pessoa.

Na verdade os  armários maiores poderiam até albergar uma família inteira, apesar do incómodo e do evidente risco de asfixia.

Não obstante, este tipo de “cama” também tinha algumas vantagens por ser um espaço quente e protegido, já que, durante os Invernos frios da época (recordemos que a Europa foi afectada pela chamada Pequena Idade do Gelo entre os séculos XVI e XIX, com temperaturas anormalmente baixas), as famílias mais humildes não tinham sistemas de aquecimento adequados.

MIs ainda os camponeses criavam uma separação entre si e o gado.

Outro apontamento  do  passado é que não se dormia como actualmente.

Um estudo realizado pelo historiador Roger Ekirch, da Universidade da Virgínia (EUA), relata que o padrão de sono dominante noutras épocas era “bifásico”, pois  os nossos antepassados dormiam em dois blocos de quatro horas cada.

O primeiro era conhecido como “primeiro sono” ou “sono maior”, começava ao cair da noite e durava até às 2 ou 3 horas da madrugada.

Após este período, as pessoas acordavam e permaneciam uma ou duas horas em vigília, voltando em seguida à cama para um segundo sono, conhecido como “sono menor”, que durava até ao amanhecer.

O que faziam as pessoas durante o período de vigília? Coisas tão surpreendentes como nos conta Ekirch. “Durante esse tempo, algumas pessoas ficavam na cama, rezavam, pensavam sobre os seus sonhos, conversavam com os companheiros ou comiam. Outras levantavam-se e realizavam diversas tarefas e até visitavam os vizinhos antes de voltarem para a cama”, diz o investigador.

Porque uma actividade tão necessária como dormir, algo que hoje consideramos privado, nem sempre foi encarado dessa forma. Durante muito tempo, as pessoas dormiam em comunidade, o que significa que o acto de dormir estava associado ao ócio, daí que as pessoas tivessem o costume de conversar ou conviver antes de caírem, rendidas (embora por pouco tempo) nos braços de Morfeu.