Uns mais à direita, outros mais moderados e outros associados à dita esquerda, dando lugar a sucessivas tentativas de golpes de Estado, como o 28 de Setembro de 74, organizado pela direita e conhecido como a maioria silenciosa, o 11 de Março de 75, comandado pelo general fascista António de Spínola, na altura Presidente da República, e, por fim, o 25 de Novembro de 75, preparado por parte do PCP e que acabou por falhar por falta de apoio do povo.
Assim, o 25 de Novembro de 1975 começa por ser um golpe falhado, desencadeado e dirigido pelo partido social-fascista de Barreinhas Cunhal, que é neutralizado nesse mesmo dia. Na verdade, o que aconteceu no dia 25 de Novembro foi a neutralização de golpe e não um contra-golpe, o que “é uma coisa bem diferente. Trata-se de uma neutralização do golpe, porque, de facto, nenhum dos sectores da contra-revolução mobilizava forças suficientes para levar até ao fim uma operação deste género. Nem os social-fascistas puderam consumar o seu golpe, nem as forças que se opõem puderam consumar o contra golpe” (in Matos, Arnaldo As lições do 25 de Novembro).
Mas, o que interessa aqui referir, neste momento, é se faz sentido ou não, comemorar o 25 de Novembro de 1975 como se a libertação do povo português tivesse acontecido nesta data, tal como defende o sector da direita reaccionária e fascista, encobrindo, desta forma, a tentativa do golpe por parte do PCP (e da quinta divisão das forças armadas), que o preparava já algum tempo, (ver artigo As Lições do 25 de Novembro no luta Popular online) e pretendendo transformar a neutralização do golpe social-fascista num contragolpe dado nesse mesmo dia e equiparado a uma e única revolução que libertou o povo português.
A História só pode ser contada com a verdade dos factos que ocorreram entre o golpe militar do 25 de Abril de 74 até à última tentativa do golpe de Estado do 25 de Novembro de 75 e respectiva neutralização, ou seja, não se pode falar do 25 de Abril sem se falar das tentativas de golpes de Estado até ao 25 de Novembro e vice-versa. Portanto, tudo o resto é branquear a história dos acontecimentos, como pretendem os fascistas.
Na verdade, vai fazer, precisamente no próximo dia 25 de Novembro, 50 anos que um grupo de oficiais entre os quais o Otelo do Exército, o Contreiras da Marinha, bem como um sector dos paraquedistas da Força Aérea, entre outros, comandados pelos social-fascistas do PCP tentaram concretizar um golpe do Estado, nessa mesma madrugada.
De salientar que meses antes, como forma de preparação deste golpe, o Copcon a mando do seu Comandante, Otelo Saraiva de Carvalho, mais precisamente, no dia 28 de Maio de 75, tomou de assalto as sedes do MRPP, munidos de mandados de captura em branco, prendendo centenas de militantes e simpatizantes do Partido a mando do PCP, segundo disse mais tarde.
Ainda no processo de preparação do golpe social-fascista, e durante o 6.º governo provisório do Almirante Pinheiro de Azevedo (setembro de 1975), que sucedeu ao Governo de Vasco Gonçalves que entretanto fora demitido, realizaram-se várias manifestações de apoio a Otelo e ao presidente da República, General Costa Gomes, porque interessava ao PCP ter o apoio do PR para poder fazer o golpe de Estado. De salientar ainda que ainda em Novembro de 75, ocorreu uma manifestação frente à Assembleia da República, durante a qual o 1º Ministro, almirante Pinheiro de Azevedo disse aos jornalistas que tinha sido sequestrado, para criar um clima de agitação e instabilidade política.
Porém, e para que fique claro, esta tentativa de golpe falhou porque, em primeiro lugar, a suposta intervenção do povo preparada e esperada pelo PCP não aconteceu.
Um aspecto importante a reter é o seguinte: no seguimento dos acontecimentos e dos seus resultados verificaram-se algumas alterações a nível da burguesa e das suas alianças, com destaque para o posicionamento que tomaram relativamente ao PCP, derrotado na sua intenção do golpe para tomar o poder, passando a considerá-lo um partido democrata, atribuindo-lhe uma função bem clara, tal como o expressaram publicamente na televisão: “devem conter os operários e controlar a extrema esquerda” função que ainda hoje exercem diligentemente.