Num mundo cada vez mais multipolar, onde as estruturas tradicionais de poder económico são postas em causa, o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) dos BRICS surge como uma alternativa real aos tentáculos históricos do FMI e do Banco Mundial.

E no centro dessa transformação está uma mulher que fala português: Dilma Rousseff, antiga presidente do Brasil, ex-guerrilheira, sobrevivente da ditadura militar e símbolo de resistência.

A nomeação de Dilma para liderar esta nova instituição financeira internacional não é apenas uma nomeação técnica — é um ato político de profundo simbolismo histórico e geoestratégico. Mais do que uma economista ou gestora pública, ela é uma combatente. Presa e torturada na juventude pela ditadura militar, Dilma ascendeu à presidência da República do Brasil, de onde foi deposta num golpe jurídico-parlamentar com contornos de terrorismo institucional, típico dos processos de desestabilização que marcam a política latino-americana.

Hoje, renascida e mais combativa, Dilma Rousseff está à frente de uma das ferramentas mais poderosas da nova arquitetura financeira do Sul Global: o banco dos BRICS — grupo que integra Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, com crescentes adesões. Esta instituição é um contrapeso às receitas de austeridade impostas pelo Ocidente e um instrumento de financiamento ao desenvolvimento que respeita a soberania dos países e valoriza a cooperação entre nações do Sul.

Para a geração que cresceu com o espírito dos Países Não Alinhados, esta viragem é mais do que esperada — é desejada. O NDB representa uma nova via: multilateral, inclusiva, desenvolvimentista e resistente à hegemonia do dólar. Rejeita o neoliberalismo desregulado e os populismos autoritários com máscara trumpista que ameaçam reemergir em várias partes do globo.

E há um detalhe que não pode ser ignorado: Dilma fala português. E é mulher. Numa elite financeira global ainda dominada por homens e por uma lógica patriarcal de comando, ver uma mulher lusófona liderar uma instituição com o potencial de redesenhar o mapa do financiamento internacional é uma afirmação clara de que outras vozes, outras línguas e outros corpos podem — e devem — ocupar o centro da decisão.

É por isso que este momento incomoda tanto os velhos centros de poder. A China Popular tornou-se o novo “inimigo” dos impérios em declínio, e os BRICS são o alvo indireto de ataques estratégicos, tentativas de divisão interna e campanhas de desinformação. Mas é neste cenário que Dilma, com a serenidade de quem já enfrentou golpes reais, se destaca como uma líder firme, ponderada, e comprometida com um novo pacto económico global, baseado na justiça, na cooperação e no respeito mútuo.

Se o futuro pertence ao Sul Global — então que ele fale português, com voz feminina e punho firme.

 

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