A instabilidade no emprego marcou o primeiro trimestre de 2025. Segundo dados da Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT), foram registados 161 processos de despedimento coletivo, um aumento em relação aos 125 contabilizados no mesmo período de 2024, sinalizando um agravamento na dinâmica das relações laborais sob a governação de Luís Montenegro.

Ao todo, 1.614 trabalhadores foram abrangidos por despedimentos coletivos até março, um valor praticamente estável face aos 1.604 registados no primeiro trimestre do ano passado. No entanto, o número de processos em si — ou seja, o número de empresas que optaram por esta forma de rescisão — cresceu, apontando para uma fragmentação do impacto por parte de micro e pequenas empresas.

Entre os setores mais afetados, destacam-se o comércio e a restauração, que continuam a ser os mais vulneráveis à volatilidade económica e às quebras de consumo. A redução de pessoal continua a ser a razão principal apresentada pelas empresas, num contexto de incerteza e ajuste estrutural.

Lisboa e Norte na Frente dos Despedimentos
Lisboa e Vale do Tejo lideram a lista de regiões com maior número de trabalhadores despedidos (230), seguida pelo Norte, com 88. Ainda assim, os números absolutos representam uma descida acentuada face aos dados de 2024, quando as duas regiões registaram, respetivamente, 796 e 503 despedimentos no mesmo período.

No que diz respeito à dimensão empresarial, também se nota uma retração nas grandes empresas: 145 trabalhadores despedidos este ano contra 161 no ano passado. Entre micro, pequenas, médias e grandes empresas, 50 recorreram ao despedimento coletivo, bem abaixo das 132 que o fizeram em 2024.

Apesar disso, o aumento do número de processos, mesmo com menor volume de trabalhadores por empresa, indica uma pressão crescente sobre o tecido económico nacional. Especialistas alertam para o risco de descentralização da precariedade, onde empresas mais pequenas, com menor resiliência financeira, são obrigadas a ajustar quadros, mesmo sem impacto imediato nos números agregados de desemprego.

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