Desde que Donald Trump reassumiu a presidência dos Estados Unidos a 20 de janeiro de 2025, as deportações em massa de imigrantes latino-americanos em situação irregular aumentaram significativamente.

Dados oficiais indicam que, até 5 de fevereiro, 14.470 pessoas já tinham sido deportadas, sendo a maioria de origem mexicana (11.379). O impacto destas políticas de imigração mais rígidas não se limita ao México, afetando também países como o Peru, o Equador e outros da região.

 

As medidas refletem a intensificação da política de deportações do governo Trump, que tem priorizado a remoção rápida de migrantes indocumentados. O Peru, por exemplo, recebeu 130 compatriotas deportados apenas numa semana, totalizando 270 desde o início do novo mandato presidencial. Da mesma forma, o Equador já contabiliza mais de 1.200 cidadãos forçados a regressar ao seu país de origem.

Voos fretados e militares aceleram as deportações

A ministra dos Negócios Estrangeiros do Equador, Gabriela Sommerfeld, confirmou que as deportações estão a ser conduzidas através de aviões fretados pagos pelo governo dos EUA e, desde 28 de janeiro, também em voos militares. A escala e a rapidez destes regressos forçados evidenciam uma mudança estratégica na forma como a imigração está a ser tratada pela administração norte-americana.

Além do impacto humanitário e social, esta política tem gerado tensões diplomáticas entre os países latino-americanos e Washington. Muitos governos da região, preocupados com o acolhimento e reintegração dos deportados, têm reforçado mecanismos de assistência, tentando garantir que os cidadãos regressados recebam apoio adequado.

O que estão a fazer os países afetados?

Perante o aumento das deportações, os governos da América Latina têm procurado fortalecer redes de assistência para os seus cidadãos repatriados. No Peru, instituições como o Ministério da Mulher e Populações Vulneráveis, o Ministério do Trabalho, o Ministério da Saúde e o Seguro Integral de Saúde (SIS) estão a coordenar esforços para oferecer apoio médico, psicológico e social aos deportados.

O governo peruano também mantém contacto contínuo com as autoridades de imigração dos EUA através dos seus 16 Consulados-Gerais, visando agilizar processos e fornecer assistência aos cidadãos detidos antes da deportação.

No México, as deportações em massa de cidadãos nacionais representam um desafio ainda maior, uma vez que o país não só recebe os seus próprios cidadãos repatriados, mas também funciona como um território de trânsito para migrantes de outras nacionalidades que tentam entrar nos EUA. Este fenómeno pressiona ainda mais os recursos do governo mexicano para acolher e reintegrar os deportados.

Preocupações com os direitos humanos e impacto social

As deportações em grande escala levantam uma série de preocupações sobre os direitos humanos e o tratamento dispensado aos migrantes durante o processo de remoção. Organizações internacionais têm alertado para possíveis violações, incluindo detenções prolongadas, separação familiar e falta de acesso a apoio jurídico para os deportados.

A reintegração social e económica dos repatriados também representa um enorme desafio para os países de origem. Muitos migrantes regressam sem emprego, sem apoio familiar e em condições financeiras precárias, o que pode agravar problemas sociais como o desemprego, a pobreza e até mesmo o aumento da criminalidade.

Qual será o futuro da imigração sob Trump?

A administração Trump parece determinada a reforçar ainda mais as suas políticas anti-imigração, sinalizando possíveis aumentos nas deportações nos próximos meses. Esta situação coloca os países da América Latina perante um dilema: como garantir a proteção e dignidade dos seus cidadãos, ao mesmo tempo que tentam manter relações diplomáticas com os Estados Unidos?

A comunidade internacional está atenta aos desdobramentos desta política e à forma como os países latino-americanos lidarão com este fluxo inesperado de cidadãos regressados. A questão migratória, longe de ser apenas um problema de fronteiras, envolve direitos humanos, desenvolvimento social e desafios económicos que precisarão de respostas concretas e eficazes.

O Séc. XXI continuará a acompanhar de perto a evolução deste cenário, trazendo análises aprofundadas sobre o impacto das deportações e os desafios que os países da América Latina enfrentarão nos próximos meses. Subscreva o nosso jornal para se manter informado sobre este e outros temas essenciais para compreender o mundo atual.