Ao mergulhar nesse projeto, Torres reencontrou a matemática, estudando a sua história e descobrindo a sua filosofia. Segundo ele, "a matemática, como todas as ciências, nasceu da filosofia e não existe uma separação real entre ciências humanas e exatas, pois ambas são faces da mesma busca pelo conhecimento". Além disso, o autor destacou o papel das mulheres na matemática e a sua contribuição fundamental ao desenvolvimento de áreas como a ciência da computação e a inteligência artificial.
Mas Décio Torres é também conhecido por outra faceta interessante: a sua "imortalidade". Integrante da Academia de Letras da Bahia, ocupa atualmente a cadeira 19, sucedendo ao historiador Cid Teixeira. Ao esclarecer este conceito, Décio explicou que a "imortalidade" dos académicos é simbólica e representa a continuidade das suas ideias, eternizadas através da escrita. "Como dizia Shakespeare, a verdadeira imortalidade está no que deixamos escrito e nos filhos que geramos. Escritores e intelectuais têm múltiplas imortalidades", concluiu.
Outro momento curioso foi a revelação da história por trás do seu livro anterior, "Histórias Roubadas". Originalmente intitulado "O Ladrão de Histórias", a obra mudou de nome graças à intervenção da premiada escritora portuguesa Teolinda Gersão, de quem Décio "roubou" a sugestão de título. O livro explora o conceito de escritores que "roubam" narrativas da vida real para criar as suas histórias, uma prática que, segundo Décio, já era feita por ninguém menos que Shakespeare.
Esta capacidade singular de entrelaçar diferentes disciplinas e perspetivas coloca Décio Torres como uma referência singular na literatura contemporânea, capaz de encantar tanto matemáticos quanto amantes da poesia.
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