Há demasiado para fazer crescer a posição portuguesa no mercado global
Joffre Justino

Mais de 70% do mercado externo a União Europeia (UE) que, anualmente, compra mais de 55 mil milhões de euros em exportações nacionais estão em crise pois a UE está estagnada, mas há casos que inspiram mais cuidados do que outros como o alemão, enquanto que em Portugal os empresários se mostram pouco ambiciosos na conquista do mercado global

O ser a Alemanha a maior economia da Europa faz com que o que acontece neste país, não fica só na Alemanha.

Note-se que, no caso de Portugal, a Alemanha é uma das fontes de IDE tecnologicamente mais avançado, com uma posição de investimento cá de quase oito mil milhões de euros (valores referentes a 2022, do Banco de Portugal), como a fábrica da Volkswagen, ou a Autoeuropa, são dos centros nevrálgicos do valioso cluster automóvel nacional.

Mais a economia alemã compra 11% das exportações portuguesas e é uma das principais origens de turismo estrangeiro, em número de pessoas e valor faturado.

Mas nas Espanhas as coisas não vão melhor pois é o maior investidor e comprador de exportações portuguesas e fonte de turismo, embora ainda resista, está a crescer hoje a menos de metade do ritmo de há um ano: avançou 1,8% em termos homólogos no segundo trimestre deste ano.

Após o Banco Central Europeu (BCE) ter começado a subir fortemente as taxas de juro (em julho passado, a taxa estava em 0%), as consequências danosas sobre as economias europeias começam a sentir-se.

Christine Lagarde, a presidente da autoridade monetária da Zona Euro, afirmou ino final de julho. ""Os anteriores aumentos das taxas de juro [o BCE começou a subir em julho do ano passado, com o ponto de partida nos 0%] estão a ser transmitidos de forma vigorosa: as condições de financiamento tornaram-se mais restritivas e estão a travar cada vez mais a procura [consumo e investimento], o que constitui um fator importante para fazer a inflação regressar ao objetivo de médio prazo de 2%"", disse a banqueira central.

E vale ler mais: ""As nossas futuras decisões assegurarão que as taxas de juro diretoras do BCE sejam fixadas em níveis suficientemente restritivos, durante o tempo que for necessário"" para atingir os desejados 2% de inflação.

O resultado da política restritiva do BCE está à vista com a inflação está a descer: diz o Eurostat, que deslizou de um máximo histórico de quase 11% em outubro passado para 5,3% em julho com o arrefecimento da atividade: a economia da zona euro cresceu 0,3% no segundo trimestre face aos primeiros três meses do ano 2023, mas travou de 1,1% para 0,6% em termos homólogos.

Na União Europeia, o Produto Interno Bruto (PIB) congelou em cadeia (0%) e abrandou de 1,1% para 0,5%.

Segundo o Eurostat, a Zona Euro evitou uma recessão (dois trimestres seguidos de contração em cadeia do PIB), mas da Alemanha não se pode dizer o mesmo pois entrou em recessão técnica no último trimestre de 2022 e primeiro de 2023. No segundo trimestre, estagnou.

A Espanha tem sido essencial nas relações económicas com Portugal sendo o maior investidor direto, com interesses avaliados em mais de 25 mil milhões de euros (posição ou stock), e é para lá que vão anualmente mais de 20 mil milhões das exportações portuguesas (26% do total).

Em cima disto, é o terceiro maior mercado em valor anual de receita turística. Segundo o Turismo de Portugal, que cita dados do INE e do Banco de Portugal, Espanha deu a ganhar ao setor turístico português quase 2,4 mil milhões de euros no ano passado. Os maiores emissores são Reino Unido e França.

Entretanto, as exportações portuguesas de bens e serviços para o Brasil subiram 211,2% entre janeiro e julho face ao período homólogo, para 1.055,3 milhões de euros, segundo dados cedidos pela AICEP à Lusa e segundo os dados enviados pela Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), com base em informação do Banco de Portugal, as exportações dispararam nos primeiros sete meses do ano face ao período homólogo, ajudadas sobretudo pelas exportações de serviços.   Já as importações cifraram-se em 2.985,7 milhões de euros, um aumento de 94,9%.   Deste modo, o saldo da balança comercial de bens e serviços de Portugal com o Brasil foi de -1.930,4 milhões de euros, o que compara com os -1.192,8 milhões de euros registados em igual período de 2021.   Segundo a informação cedida pela AICEP, com base em dados do Instituo Nacional de Estatística (INE), as exportações portuguesas de bens para o Brasil aumentaram para 489,9 milhões de euros entre janeiro e julho deste ano, uma subida de 17,7% face aos 416,2 milhões de euros registados em igual período de 2021.   Já as importações de bens subiram 98,3% nos primeiros sete meses deste ano, cifrando-se em 2.901,6 milhões de euros, acima dos 1.463,1 milhões de euros do período homólogo.   Deste modo, o saldo da balança comercial de bens de Portugal com o Brasil atingiu -2.901,6 milhões de euros nos primeiros sete meses do ano, o que compara com os -1.046,9 milhões de euros no período homólogo.   Entre janeiro e julho, o Brasil é somente o 13.º cliente das exportações de bens portugueses, com uma quota de 1,06%, sendo o 7.º fornecedor de Portugal, com uma quota de 4,66%.   Os dados cedidos pela AICEP indicam ainda que, durante o período de referência, o Brasil contribuiu em 0,20 pontos percentuais (pp.) para o crescimento das exportações globais de Portugal.   Em 2017 existiam 1.532 exportadoras para o Brasil, tendo subido para 1.621 em 2019, caído para 1.520 em 2020 e para 1.518 em 2021.  

Neste período, a quota do Brasil no comércio internacional português de serviços era de 3,47% enquanto cliente e de 4,73% enquanto fornecedor.

Mais de 4.500 empresas portuguesas exportam para Angola e cerca de 1.200 empresas de origem portuguesa ou capitais mistos operam diretamente no mercado angolano e as exportações para Angola atingiram 2,4 mil milhões de euros, em 2022, um crescimento de quase 60% face ao ano anterior e mantiveram tendência positiva nos primeiros quatro meses de 2023, indicou o embaixador português em Luanda.

Também as exportações portuguesas para Moçambique tiveram um crescimento médio de cerca de 5%, no período entre 2017 e 2022, havendo cerca de 1300 empresas nacionais a exportar para este mercado e cerca de cinco centenas empresas de capitais portugueses ali presentes. 

Os dados de estatísticas dos Serviços da Alfândega da China dizem-nos que as trocas comerciais entre a China e Portugal aumentaram em 2022. 

As trocas comerciais entre janeiro e dezembro totalizaram 8.424.476 mil euros, as exportações da China foram de 5.587.011 mil euros e as importações da China foram de 2.837.465 mil euros o que representaram uma variação homóloga total de 2.4%. 

Com os países de língua portuguesa, as trocas comerciais de janeiro a dezembro de 2022 foram de 200.077 mil milhões euros, registando um aumento homólogo de 6.27%.

Já as relações económicas entre Portugal e a Índia mostram um défice comercial para Portugal, sendo que em 2013 as nossas exportações totalizaram 117,1 milhões de euros e as importações 387,9 milhões de euros. De acordo com os dados mais recentes do INE, entre Janeiro e Outubro de 2014, as exportações para este mercado representaram 79,4 milhões de euros e as importações 424,9 milhões de euros.

Mas o comércio bilateral em 2022 aumentou 26%, totalizando mais de mil milhões de euros e as exportações da Índia para Portugal cresceram quase 30%, enquanto que as importações de Portugal aumentaram mais de 10%.

Houve também um aumento significativo no número de viajantes portugueses para a Índia em 2022, ultrapassando os 67 000 - mais do dobro do registado em 2021!

Joffre Justino

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