Mas recordemos que ja no século XVI, Filipe II estabelecera, por Edito Régio, a jornada de oito horas: «Todos os trabalhadores das fortificações e fábricas trabalharão oito horas por dia, quatro da manhã e quatro da tarde; As horas serão distribuídas pelos engenheiros de acordo com o horário mais conveniente, para evitar aos trabalhadores o calor do sol e permitir-lhes cuidar da sua saúde e da sua conservação, sem falhar nas suas funções.”
Filipe II, por acaso I de Portugal, foi um monarca extremamente rigoroso em todos os aspectos do seu reinado que se preocupava ate com a distribuição de celas nos mosteiros que o necessitassem, ou discutia teologia com o próprio Papa, organizar as defesas do Caribe espanhol ou supervisionava cada detalhe de sua obra-prima, o Real Mosteiro de El Escorial, como se fosse o criador de construção.
A elevada despesa financeira deste palácio monumental não foi nada comparada com o custo de oportunidade de manter o Rei da mais extensa e poderosa Monarquia do seu tempo envolvido em obras durante tantos anos.
E ha longínquos cem anos, a 5 de janeiro de 1914, a Ford Motor Company anunciou que a partir daquela data ficaria estabelecida a jornada de trabalho de oito horas diárias para os seus funcionários.
Esta decisão foi acompanhada por um significativo aumento de salário de US$ 2,34 para US$ 5 por dia.
Estas medidas, que integravam um sofisticado projeto de engenharia social, decididas por Henry Ford, um Maçon, foram consideradas revolucionárias pela indústria da época.
Acreditava-se então que diminuir a carga horária de trabalho que iam ate às 12 ou 14 horas diárias
afetaria direta e negativamente a produtividade dos operários.
Ford comprovou que a produtividade se manteve praticamente a mesma e este novo padrão de gestão da jornada de trabalho dos seus funcionários, a gerou sim um salto significativo dos seus lucros.
O resultado, no entanto, seria concedido somente aos funcionários que comprovassem a mais completa abstenção dos vícios do álcool e dos jogos de azar e ainda os empregados da companhia tinham também de apresentar boa convivência familiar.
Ford argumentou que os seus trabalhadores seriam mais produtivos em menos horas e o resultado foi uma programação que persiste até hoje.
Aliás na semana passada, a Ford Motor, que emprega cerca de 183 mil pessoas e produziu 3,9 milhões de veículos no ano passado, puxou o gatilho para a mudança mais significativa no seu trabalho desde os primeiros dias do seu fundador homônimo.
No âmbito do seu novo modelo híbrido, 25.000 dos seus trabalhadores assalariados são instruídos a ir ao escritório quando a colaboração é necessária e a trabalhar em casa quando a intensidade do trabalho.
Funcionários adicionais não dependentes do local seguem o modelo híbrido onde os regulamentos locais da Covid permitem, e mais de 100.000 trabalhadores constroem veículos nas instalações da Ford.
Não há cronograma mestre, cada equipe, geralmente grupos de menos de 20 pessoas, decide quando e onde trabalhar.
Entretanto a empresa está prestes a lançar uma versão eléctrica do seu camião mais vendido F-150 parte do seu esforço de 50 mil milhões de dólares para acompanhar o Tesla.
Para apoiar o novo modelo de trabalho – e num sinal de que não há como voltar atrás – a Ford converteu cerca de 33% dos seus locais de trabalho no sudeste do Michigan, ou cerca de 3,35 milhões de pés quadrados, no que chama de “centros de colaboração”, que são projetados especificamente para apoiar sua nova definição de trabalho.
Os recursos incluem videoconferência, sistema de reserva de espaço de trabalho online e áreas de meditação.
Existem apoios para ajudar os trabalhadores que podem ter esquecido, por exemplo, o carregador do iPhone; Suporte de TI; balcões de informação para novos trabalhadores; e uma cafeteria reforçada com sistema de pedidos on-line.
As conversões para espaço de colaboração continuam.
Um estudo interno da Ford, que concluiu que 95% dos 56.000 entrevistados globais preferiram o trabalho híbrido e também que 91% dos funcionários concordaram que “o orgulho da Ford permanece elevado” no quarto trimestre de 2020.
Em Setembro de 2020, a empresa convocou uma reunião para criar um “grupo de reflexão sobre o futuro do trabalho” composto por 50 líderes de unidades de negócios e especialistas externos em assuntos como neurologia, planejamento urbano, antropologia, diversidade e bem-estar e este think tank apresentou princípios que incluíam “promover a interação e a colaboração, independentemente da localização” e “nutrir o bem-estar”.
Uma conclusão inicial: muitos trabalhadores vão para o escritório apenas durante parte do dia, o que é uma prova de que usam o escritório principalmente para interagir com outras pessoas.
Este paraíso na Terra claro que nao cabe sequer na cabecita neo liberal chegana, il’ista, psd’ista e ate de muitos socialistas bloquistas e comunistas e citamos,
O artigo 89.º da Constituição da República Portuguesa (CRP), no texto atual, estabelece, no âmbito da “participação dos trabalhadores na gestão”, que “nas unidades de produção do setor público, é assegurada uma participação efetiva dos trabalhadores na respetiva gestão”.
Parece que o governo quer estender essa doutrina a todas as grandes empresas. Com efeito, na sessão de encerramento da Conferência Comemorativa do 45.º Aniversário da União Geral de Trabalhadores (UGT), em Lisboa, Ana Mendes Godinho, ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, preconizou a ideia da criação de “mecanismos de inclusão” dos representantes dos trabalhadores na administração das grandes empresas. “Temos sempre novos reptos pela frente e, neste momento em que celebramos os 50 anos do 25 de Abril, precisamos de dar mais passos nesta democratização nos locais de trabalho”, disse a governante, defendendo “a capacidade de encontrar mecanismos de inclusão dos representantes dos trabalhadores na administração das grandes empresas”.
Ana Mendes Godinho lembrou que, para que isto “aconteça”, deve garantir-se que “há diálogo social”. “E o instrumento deve ser [feito] através dos sindicatos, da negociação e dos IRCT – Instrumento de Regulamentação Coletiva de Trabalho”, sublinhou.
( https://sinalaberto.pt/trabalhadores-na-administracao-de-grandes-empresas/ )
Para as CIP/CAP/CCP/CTP etc o discurso da Ford é claro um “discurso comunista” a ser erradicado das “boas famílias” que sao as “empresas” portuguesas!
Mas não só!
Nos governos socialistas dominados pelos caritativistas nada de agitar muito com leis incentivadoras dessas “modernices”!
Joffre Justino
---