Conselho das Finanças Públicas avisa que país não suporta taxas de crescimento da despesa de "dois dígitos", isto é o despesismo do PSD/AD

 

A presidente do Conselho das Finanças Públicas está "de facto preocupada com o comportamento da despesa"

A presidente do Conselho das Finanças Públicas (CFP) manifestou-se esta quinta-feira, 14.11, "preocupada" com o "comportamento da despesa" e avisa que "o país não suportaria" taxas de crescimento anuais "na casa dos dois dígitos".

"Estou de facto preocupada com o comportamento da despesa", afirmou a presidente do Conselho das Finanças Públicas (CFP), na discussão na especialidade do Orçamento do Estado para 2025 (OE25), referindo desejar que o comportamento da despesa deste ano seja "verdadeiramente excecional, anómalo e que não se torne um padrão".

"O país não suportaria termos taxas de crescimento de despesa anuais na casa dos dois dígitos", avisa Nazaré Costa Cabral, referindo-se à estimativa que aponta para uma taxa variação homóloga de "quase 10%".

Em termos comparativos, a responsável notou que a média entre 2021 e 2023 "essa despesa cresceu 4,2%".

A presidente do CFP fez ainda referência ao comportamento da despesa corrente primária, que se estima que "atinja também cerca de 10%" este ano, quando a média entre 2021 e 2023 "foi de 4,4%", precisou.

"Não é possível manter isto para a sanidade e salubridade das contas públicas", realçou.

Para 2025, Nazaré Costa Cabral sublinhou que o Governo "está a prever uma taxa de variação da despesa de 6,6%", o que se traduz numa desaceleração importante", todavia, alerta que ainda está acima da média dos últimos anos".

A presidente deste organismo quis deixar ainda "um aviso à navegação" no que diz respeita ao plano de médio prazo entregue a Bruxelas e que admite um crescimento da despesa pública líquida de 3,6%, sublinhando que "a margem é pequena" e que "há o risco de a qualquer momento esse limite ser ultrapassado".

Segundo Nazaré Costa Cabral, as estimativas do CFP apontam para uma taxa média de crescimento de 4,3%, isto é, "acima desse patamar".

Por outro lado, elencou como risco que se ultrapasse o limiar de referência previsto no plano orçamental estrutural de médio prazo, estimando que o desvio possa ser superior a 0,3% do PIB em 2025 e 2027. 

"A questão fulcral é que, havendo desvios anuais superiores àquilo que é o limiar de referência, há sempre risco de podermos ver acionado um procedimento por défice excessivo", aponta, e a única forma de salvaguardar essa situação é o país ter "um excedente orçamental ou, pelo menos, uma situação próxima do equilíbrio orçamental", mas aquilo que se verifica é que em 2026 e 2027 os excedentes previstos são "muito, muito débeis", o que coloca o país "na corda bamba" de não o poder atingir.

Questionada pelos deputados, Nazaré Costa Cabral indicou que o "perfil de cativações" será "bastante diferente dos anos anteriores".

A presidente do CFP diz ainda que a situação internacional deve ser olhada "com cautela" e que as notícias "que vêm do exterior não são animadoras", dando nomeadamente o caso da Alemanha, que enfrenta um "choque económico muito profundo", à luz dos desafios da inteligência artificial e da descarbonização da economia, processos que "está a gerir com muita dificuldade".