Estes crimes foram cometidos pelas autoridades e forças de segurança israelitas com a "intenção específica de destruir os palestinianos em Gaza", diz o relatório integral, a que a TSF teve acesso.
As conclusões da Comissão, presidida por Navi Pially, jurista sul-africana, que foi de 2008 a 2014, Alta Comissária das Nações Unidas para Direitos Humanos, baseiam-se em "provas extensas de assassinatos sistemáticos e sem precedentes, destruição de casas e locais culturais, fome deliberada, negação de cuidados de saúde, violência sexual e de género e ataques diretos a crianças".
Tambem nos últimos cinco dias, 10 prédios da Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa, foram bombardeados na Cidade de Gaza, incluindo sete escolas e duas clínicas usadas como abrigos para milhares de pessoas que fogem do conflito.
O comissário-geral da Unrwa, Philippe Lazzarini, contou que os ataques aéreos estão a aumentar na região, bem como no norte da Faixa de Gaza, forçando mais pessoas a fugir “rumo ao desconhecido”.
A agência teve que interromper o fornecimento de assistência médica no Beach Camp, o único centro de saúde disponível ao norte de Wadi Gaza.
Lazzarini afirmou que os serviços vitais de água e saneamento da Unrwa estão a operar com apenas metade da capacidade. Segundo ele, 11 mil funcionários da agência continuam a prestar serviços essenciais em outras partes do norte de Gaza e no restante da região.
O chefe da agência enfatizou o compromisso dos membros da equipe e disse que a determinação em “continuar trabalhando diante de condições desumanas é uma inspiração”.
Profissionais humanitários se sentem “correndo em areia movediça”
Na última sexta-feira, a porta-voz em Gaza do Escritório da ONU de Coordenação de Assuntos Humanitários, Ocha, alertou que “a história não julgará a comunidade internacional com base nos discursos, mas sim nas ações”.
Falando de Deir Al-Balah, Olga Cherevko relatou que “o cheiro inconfundível da morte está em toda parte, como um lembrete macabro de que as ruínas ao longo das ruas escondem os restos mortais de mães, pais e filhos”.
Ela disse que os profissionais humanitários vivem uma “corrida contra o tempo, contra a morte, contra a propagação da fome”, que se assemelha a “correr em areia movediça”. Ainda mais porque os comboios humanitários são “frequentemente impedidos, atrasados ou obstruídos pelas autoridades israelenses”, complementou.
Nesta segunda-feira um grupo de quatro peritos independentes da ONU* divulgaram um alerta sobre o “domínio financeiro de Israel sobre o Território Palestino”.
O levantamento aponta uma drástica inflação do custo de vida e uma queda no valor dos salários. Os preços do óleo de cozinha subiram 1.200% e os da farinha, 5.000% até meados de 2025.
Pagamentos digitais são impedidos por interrupções no fornecimento de energia elétrica e telecomunicações.
Em Genebra, um grupo de quatro relatores especiais de Direitos Humanos* realizaram, nesta segunda-feira, uma conversa com jornalistas sobre a situação dos direitos humanos em Gaza e nos Territórios Palestinos.
Nesta terça-feira, o Conselho de Direitos Humanos realiza um debate urgente para discutir o ataque de Israel a um edifício que abrigava uma delegação do grupo Hamas em Doha, capital do Catar, em 9 de setembro. O tema foi discutido no Conselho de Segurança na semana passada.
Em Genebra, o encontro foi solicitado pelo Paquistão, em nome dos Estados-membros da Organização para a Cooperação Islâmica, e pelo Kuwait, em nome do Conselho de Cooperação para os Estados Árabes do Golfo.
*Peritos independentes e relatores especiais atuam voluntariamente, não são funcionários da ONU e não recebem salário por seu trabalho.