O impacto desta decisão foi imediato. O índice CSI 300, considerado o principal barómetro do mercado acionista chinês, registou nesta segunda-feira um crescimento de 8,48%, a maior valorização desde 2008. Este resultado reflete uma resposta positiva dos investidores à estratégia económica delineada por Pequim.
Desde o dia 13 de setembro, as ações chinesas acumulam uma alta de 27%, entrando assim num "bull market" – o termo utilizado para descrever um cenário em que um índice ou uma ação acumulam ganhos superiores a 20% a partir da última mínima registada.
Mas os efeitos dos estímulos não se limitam ao setor financeiro. O mercado de matérias-primas, em particular o minério de ferro, também registou uma valorização expressiva.
Este movimento positivo é visto como um reflexo da expectativa de aumento da atividade de construção civil e da consequente procura por materiais essenciais para obras de grande escala.
Enquanto o mercado chinês celebra o impulso governamental, os mercados ocidentais mantêm-se em terreno mais moderado. Na esteira dos cortes de juros anunciados pelo Federal Reserve (Fed) nos Estados Unidos, os índices de Wall Street apresentam um crescimento mais controlado.
Até ao dia 27 de setembro, o S&P 500 registou um aumento de 1,59%, enquanto o Nasdaq valorizou 2,29%. Embora positivos, estes números estão longe de alcançar a euforia verificada no mercado chinês.
Ainda assim, a euforia asiática não se reflete no humor dos investidores ocidentais. Com as bolsas europeias e americanas a iniciarem a semana no negativo, os futuros norte-americanos recuaram e as bolsas europeias seguiram a mesma tendência de cautela.
Esse comportamento sugere que, apesar dos sinais de recuperação vindos da China, os investidores globais ainda estão a avaliar os riscos e as incertezas inerentes ao contexto económico atual.
A reação dos mercados globais à estratégia de estímulo da China evidencia não apenas a força das medidas de Pequim, mas também as limitações das políticas monetárias no Ocidente. Enquanto a segunda maior economia do mundo se foca na revitalização de setores-chave, os Estados Unidos e a Europa continuam a lidar com os efeitos de um crescimento económico mais tímido e de políticas monetárias restritivas.
O resultado é um cenário dual: de um lado, um "bull market" chinês a galvanizar os investidores locais; do outro, um Ocidente ainda refém de incertezas, a gerir expectativas e a enfrentar uma volatilidade que parece longe de terminar.
Se a China conseguir sustentar esta tendência de recuperação, isso poderá ter implicações significativas para a economia global, especialmente num momento em que muitos países se debatem para encontrar um equilíbrio entre crescimento económico e controlo da inflação.
O próximo capítulo desta história dependerá, em grande medida, de como os estímulos anunciados por Pequim serão implementados e de como o restante mundo ajustará as suas estratégias face a um gigante asiático em movimento acelerado.