No Chile rejeita-se a decisão da Justiça de permitir retratos de líderes militares da ditadura de Pinochet

Inumeras personalidades políticas chilenas questionaram esta quarta-feira, 11.09, a decisão do Supremo Tribunal de permitir a exibição de retratos de líderes da ditadura em instalações militares.

Na comemoração dos 51 anos do golpe de Estado contra o Governo do Presidente Salvador Allende, o tribunal superior invalidou a decisão do Tribunal de Apelações, após argumentos de que as fotografias do almirante José Toribio Merino e dos responsáveis pelo corpo de os policiais militares dos Carabineros, César Mendoza e Rodolfo Stange, são registros históricos.

A deputada Lorena Fríes da Frente Ampla (no Governo), ldescreveu a decisão como um “retrocesso nas garantias de não repetição” da interrupção da democracia no país. “A exposição de retratos de líderes da ditadura, de autoridades, a única coisa que faz é dar algum grau de justificação a esses anos sombrios que vivemos”, acrescentou.

Enfatizou que “é preciso alertar sobre esta retrocesso cultural que agora começa a envolver as instituições democráticas que foram claras no estabelecimento de um consenso e de uma rejeição do que foi a ditadura e suas políticas de repressão”.

Entretanto, a representante do Partido Comunista, Carmen Hertz, sustentou que a decisão “legitima o negacionismo”. A resolução aponta “que os retratos dos genocidas e do comando superior das políticas de extermínio são simples registros históricos”, afirmou, lamentando a decisão.

Esta decisão “ignora o direito inalienável de um povo que sofreu a opressão, o direito à memória”.

“É uma decisão terrível porque autoriza a utilização da imagem de personagens tão desastrosos da história do Chile, dá espaço para enaltecer as suas figuras num contexto onde temos uma ferida que ainda está aberta”, condenou o deputado Diego Ibáñez.

Entranto, o porta-voz do grupo de direitos humanos Memória Histórica, Luis Rendón, disse aos media que os retratos a óleo dos personagens "não servem simplesmente para registrar sua existência".

“Esse tipo de trabalho busca valorizar a imagem do personagem e, neste caso, normalizar os responsáveis pelas políticas criminais”, acrescentou.

A situação começou no ano passado, quando um tribunal chileno obrigou a Marinha a retirar do chão um retrato do almirante José Toribio, um dos membros da Junta Militar que governou ao lado de Pinochet, pintura que foi exposta num de seus recintos navais e posteriormente em outras instituições. como o Exército e os Carabineros (polícia militarizada) também fizeram o mesmo com outras figuras do regime.

Uma traição ao Chile pacifico é democrático que foi o golpe anti Allende eis o que esta decisão judicial é!

Nota especial

Para que continuemos a trilhar o caminho de um jornalismo fraterno e solidário, onde a verdade seja sempre o nosso norte, convidamos os nossos leitores a assinarem o Estrategizando. Num momento em que decisões judiciais como esta no Chile nos fazem refletir sobre a importância da memória histórica e da defesa dos valores democráticos, é fundamental garantir que a verdade seja preservada e amplificada.
Juntos, podemos combater o negacionismo e fortalecer a nossa missão de informar com rigor e justiça, honrando aqueles que lutaram pela liberdade e pelos direitos humanos.

Nardia M.

Imagem de destaque: IA