Um professor de equitação, atualmente em prisão preventiva por suspeitas de abuso sexual de menores, foi candidato autárquico pelo Chega nas duas últimas eleições locais.
A informação foi confirmada esta segunda-feira, 22 de dezembro, por fonte ligada à investigação, na sequência de notícias avançadas pela revista Sábado.
O arguido, identificado como Rui Pedro Teixeira Moreira, de 22 anos, encontra-se em prisão preventiva desde 15 de dezembro. Segundo os editais disponíveis no site da Câmara Municipal de Azambuja, ocupou o 15.º lugar na lista do Chega à Assembleia Municipal de Azambuja nas autárquicas de 26 de setembro de 2021 e o 6.º lugar na lista do mesmo partido à Assembleia de Freguesia de Azambuja nas eleições de 12 de outubro de 2025. Não foi eleito em nenhuma das ocasiões.
A 15 de dezembro, a Polícia Judiciária anunciou a detenção de um “formador de uma modalidade desportiva extracurricular”, por suspeitas da prática dos crimes de abuso sexual de menores dependentes ou em situação particularmente vulnerável, pornografia de menores e abuso sexual. As vítimas identificadas são dois rapazes, de 11 e 14 anos.
Sem divulgar inicialmente a identidade do suspeito, a PJ esclareceu que o homem, também praticante da modalidade, treinava crianças e jovens dos 6 aos 16 anos e acompanhava-os em competições. “Foi neste contexto que praticou os crimes, entre abril e novembro deste ano, subsistindo a suspeita de existirem mais vítimas”, precisou a polícia.
A investigação teve início após a denúncia apresentada por uma das vítimas. O professor de equitação foi detido em Alenquer e colocado em prisão preventiva pelo Tribunal de Loures, medida aplicada face à gravidade dos factos e ao risco para outras crianças.
Este é já o quarto caso conhecido de indivíduos ativos na política suspeitos ou acusados de crimes de abuso sexual de menores — três associados ao Chega e um ao Partido Socialista — um dado que, independentemente das cores partidárias, levanta questões sérias sobre escrutínio, prevenção e responsabilidade das estruturas políticas.
O caso volta também a expor uma fragilidade estrutural persistente: a ausência de uma abordagem consistente, informada e preventiva à educação sexual de jovens e adultos. Bloquear, desvalorizar ou instrumentalizar politicamente a educação sexual não protege ninguém. Pelo contrário, cria contextos de silêncio, desconhecimento e vulnerabilidade que facilitam o abuso. A proteção das crianças exige menos moralismo e mais informação, menos tabu e mais responsabilidade coletiva.