Estes valores tornam o terciàrio português em comparação num conjunto de mercearias de bairro…
Já a Americanas passou em 2015, da quarta maior empresa de comércio de retalho do país, conforme o ranking do IBEVAR, caindo para quinta colocação em 2022, com 32,2 biliões de reais de faturamento anual.
Mas em 2023, após a divulgação controversa de passivos até então não reconhecidos, foi forçada a entregar um pedido de recuperação judicial citando dívidas superiores a R$40 biliões e entretanto a Americanas anunciou que fechou um acordo com os bancos credores de capitalização de 24 biliões de reais no âmbito de seu plano de recuperação judicial.
A Americanas e os bancos credores na realidade assinaram nesta 2ª feira, 27.11.2023, um acordo para uma solução para a empresa .
O PSA (sigla em inglês para Plano de Recuperação Judicial) terá de ser protocolado junto à 4ª Vara Empresarial da Comarca do Rio de Janeiro.
Segundo o acordo ficou determinado a ampliação do capital da empresa em R$ 12 biliões, a ser realizado pelo trio de principais acionistas: Beto Sicupira, Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles ficando assegurado a demais acionistas da empresa o direito de preferência.
Este PSA também estabeleceu o pagamento integral de credores com créditos de até R$ 12.000, além da disponibilização de R$ 40 milhões aos credores com crédito superior a R$ 12.000.
Aqueles que aceitaram R$ 12.000 devem renunciar ao recebimento do valor excedente e dar a quitação a Americanas.
No acordo também ficou determinado:
- pagamento nas condições originais para credores das Classes I e IV (trabalhistas e micro e pequenos empreendedores); condições diferenciadas de pagamento, incluindo pagamento integral, em alguns casos, para os fornecedores da companhia; aumento de capital da Americanas que viabilize a subscrição e integralização de novas ações pelos acionistas de referência, no valor de R$ 12 bilhões; ainda no aumento de capital, para cada 3 ações emitidas, será conferido 1 bónus de subscrição como vantagem adicional, cujo preço de exercício será de R$ 0,01; realização de assembleia geral de acionistas da companhia depois da conclusão do aumento e capital, com objetivo de deliberar sobre a eleição de nova liderança para compor o seu conselho de administração, cujo mandato será de 2 anos, sendo autorizada a recondução por igual período;
destino de até R$ 8,7 biliões para pagamento de credores financeiros, por meio de leilão reverso (R$ 2 biliões) ou pagamento antecipado de créditos com desconto (R$ 6,7 biliões).
O PSA estabelece que depois de colocar as medidas em prática, a Americanas será reestruturada com até R$ 1,875 bilião da dívida bruta.
“A Companhia conseguiu assegurar na negociação com os credores apoiadores a garantia-firme para uma linha de fianças bancárias ou seguros-garantia num volume de R$1,5 biliões , disponível por um período de 2 anos contados da conclusão das etapas de reestruturação aplicáveis aos credores que assegurarem a concessão de linhas de fianças bancárias ou seguros-garantia, ou até o encerramento da recuperação judicial, o que ocorrer primeiro”.
INCONSISTÊNCIA CONTABILISTICA
De acordo com a Americanas, a fraude na empresa foi de R$ 25,2 biliões com a empresa a reportar um prejuízo líquido de R$ 6,2 biliões em 2021 e R$ 12,9 biliões em 2022.
A empresa acusa Miguel Gutierrez, ex-CEO da empresa, pelas fraudes sendo que ele lldeixou a empresa em dezembro de 2022 depois de comandar a companhia durante 20 anos.
O CEO da retalhista , Leonardo Coelho, disse que os números dos balanços financeiros publicados nesta 5ª, 16.11.23, estão “livres” das irregularidades e defendeu que a empresa foi vítima de fraude “sofisticada” e “bem arquitetada”.
O endividamento bruto da companhia pass ou de R$ 7,8 biliões em janeiro de 2021 para R$ 37,3 biliões em dezembro de 2022.
Esta piora se deve à reclassificação das operações de “risco sacado” (R$ 15,9 biliões), de capital circulante (R$ 1,4 biliões) e da conta de fornecedores (R$ 13,3 biliões).
Dados do balanço financeiro mostram a trajetória do fluxo de caixa e endividamento bruto de janeiro de 2021 a dezembro de 2022
O risco-sacado é baseado na relação dos bancos e instituições financeiras com a empresa.
Camille Faria, CFO (chief finantial officer, diretora financeira na sigla em inglês) da empresa, declarou que a posição de caixa da empresa passou de R$ 6,6 biliões em janeiro de 2021 para R$ 2,5 biliões no fim de 2022.
O património líquido passou de R$ 9,5 biliões positivos para R$ 26,7 biliões negativos no período.
“Depois de todo trabalho que foi conduzido pela empresa até aqui, foi possível concluir que o tamanho total da fraude de resultados sofrido pela companhia foi de R$ 25,2 biliões”, declarou.
Do total, há R$ 20,4 biliões com irregularidades de VPC (venda de propaganda cooperada), R$ 1,2 biliões de capitalização de despesas e R$ 3,6 biliões com juros capitalizados.
“A fraude levava um buraco de caixa na companhia. Fabricava resultados que não se convertiam em geração de caixa. Na nossa visão, o que permitiu que o esquema perdurasse por múltiplos exercícios e atingisse esse montante foi esse engenhoso mecanismo de contratar, sem autorização necessária de governança, as operações de risco sacado e escondendo a conta de fornecedores”, declarou a CFO.
RECUPERAÇÃO JUDICIAL
O CEO da empresa, Leonardo Coelho, assumiu o cargo depois de se decretar a recuperação judicial.
Disse que a Americanas fez o maior plano de recuperação do retalho.
Defendeu que irá bater-se por um acordo com credores para dar sustentabilidade à empresa.
A empresa apresentou uma nova proposta para os credores que está baseada na capitalização de R$ 12 biliões pelos acionistas de referência – Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira.
A proposta visa que a negociação dos credores evolua de forma “significativa”, disse a CFO da Americanas, Camille. “A gente segue trabalhando duro para tentar uma AGC (Assembleia Geral dos Credores) para aprovar esse plano ainda em dezembro deste ano”, declarou.
Camille declarou que a empresa terá um aumento de capital de R$ 24 biliões com o plano de recuperação.
Coelho declarou que houve uma manipulação dolosa dos controles internos da companhia pela alta administração e defendeu que a Americanas foi vítima desse esquema e disse que a empresa desenha um novo plano de cargos, semestre no 2º semestre o que deve ser oficializado na empresa nas próximas semanas, segundo ele.
A assembleia geral de credores está prevista para o dia 19 de dezembro e os acionistas de referência Jorge Paulo Lemann, ( Lemann é o acionista controlador da cervejeira AB Inbev, com participações ainda em conglomerados como Kraft Heinz e o Restaurant Brands International, que é responsável por empresas como as redes de fast-food Tim Hortons e Burger King. Ainda tem em seu portfólio a São Carlos Empreendimentos ) Marcel Telles ( Em 1989, comprou a cervejaria Brahma, que em 1999 foi fundida com a Antartica para formar a AmBev e que em 2004 foi fundida novamente com a Interbrew, para formar a InBev, a maior cervejaria do mundo.Além dessa, Marcel Telles é sócio de outras empresas globais como Burger King e Kraft Heinz, que valem juntas mais de US$ 250 biliões.
Sócio-fundador da 3G Capital, sua empresa é proprietária de várias companhias que atuam na área de bebidas, alimentos, lojas de departamento, ferrovias, comércio eletrônico, construção civil etc, em 2010 comprou uma cobertura de um apartamento na cidade do Rio de Janeiro por R$ 22 milhões.
Em outubro de 2013 a fortuna de Marcel Herrmann Telles era de R$ 19,50 bilhões.
Em agosto de 2014 a fortuna de Marcel Herrmann Telles era de R$ 25,58 bilhões.
Listado em 2016 entre os 70 maiores bilionários do Brasil pela revista Forbes, com fortuna estimada em R$ 48,69 bilhões ) e Carlos Alberto Sicupira Ele é um dos fundadores do 3G Capital, um fundo de investimento com participações em várias grandes empresas, como a AB InBev, a maior cervejaria do mundo, e a Restaurant Brands International, proprietária de marcas renomadas como Burger King e Tim Hortons), realizarão um entrega de 12 biliões de reais e os outros 12 biliões serão convertidos em dívida por parte dos credores.
Entre os principais bancos credores, apenas o Safra se posicionou de forma contrária ao acordo.
A negociação teve o aval de Bradesco, Santander, Itaú e BTG
Mas o que aconteceu com a Americanas?
Esta empresa teve o seu pedido de recuperação judicial aceite, depois de se revelarem de dívidas de mais de R$ 40 biliões, pela Justiça
Na verdade a 11 de janeiro de 2023, , a divulgação de uma informação alteraria radicalmente a história da Americanas, umas das maiores e mais tradicionais retalhistas do Brasil e sob pressão ao fim daquele dia, a empresa divulgou ao mercado a descoberta de inconsistências contabilisticas da ordem de R$ 20 biliões número que aumentaria dias depois para R$ 40 biliões.
A esta notícia chegou também a da renúncia do então CEO, Sérgio Rial, e do diretor de relações com investidores, André Covre.
Na quinta, 19.01, oito dias e muitos desdobramentos depois, a empresa entrou com um pedido recuperação judicial.
Segundo a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), existem oito processos administrativos abertos para apurar as inconsistências da Americanas.
O chamado risco sacado ou forcais, uma antecipação de recebíeis está a ser apontado como uma das potenciais causas do rombo apesar de se tratar uma prática, comum no retalho, e que consiste em obter um financiamento com um banco para a compra de material de fornecedores.
Dessa forma, a dívida da retalhista passa a ser com o banco e la não com o fornecedor sendo que se o pagamento for prorrogado, entra a incidência de juros.
A empresa retalhista consegue desta forma um maior prazo para pagar a dívida, e o fornecedor recebe o dinheiro antes do acordado.
Aconteceu no caso da Americanas, que tal não foi devidamente reportado no balanço e o erro pode aumentar o grau de endividamento da empresa e permite de acordo com cláusulas contratuais à cobrança antecipada de dívidas.
Como o rombo financeiro foi descoberto
No dia seguinte ao anúncio das inconsistências e renúncias, Sergio Rial afirmou que teve de escolher entre revelar o rombo financeiro naquele momento ou aguardar uma auditoria dos números.
Segundo ele, o cenário foi descoberto depois de conversas com diretores da empresa na sua chegada. "Nessas conversas, informações e dúvidas foram compartilhadas e com o natural aprofundamento para entendê-las e dar-lhes direcionamentos conjuntamente com o novo CFO, Andre Covre".
Houve no entanto analistas do mercado, que veem com desconfiança o facto de diretores da companhia terem vendido mais de R$210 milhões em ações da empresa antes do anúncio do rombo financeiro.
A 17.01, o Ministério Público de Contas, junto ao Tribunal de Contas da União (MPTCU), solicitou que o tribunal apure possível "omissão" da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em finalizar o "suposto esquema de fraude ocorrido na empresa".
Obviamente que gravidade da crise aqueceu as relações entre a Americanas e seus credores.
O BTG, por meio de seus advogados, atacou fortemente , os acionistas de referência da retalhista, Lemann, Telles e acusando a empresa de má fé, (!), com o banco conseguir uma decisão judicial favorável para bloquear cerca de R$ 1,2 biliões em recursos da Americanas.
O estadunidense Goldman Sachs, também entrou na Justiça com dívida que pode chegar a R$ 408 milhões.
O Bradesco reteve mais de R$ 450 milhões no caixa da Americanas e, junto ao Itaú, pediu que a Americanas só possa sacar recursos com autorização da Justiça.
As operações financeiras das duas instituições com a retalhista são de cerca R$ 2,3 biliões.
Face a este cerco de credores, a Americanas afirmou, na manhã de quinta-feira, 19.01, que "nos próximos dias ou até potencialmente nas próximas horas" aprovaria o ajuizamento de seu pedido de recuperação judicial em caráter de urgência, o que aconteceu horas depois com um pedido entregue no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro
Quem são os acionistas de referência da Americanas
A crise na Americanas colocou Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto Sicupira, acionistas de referência das Americanas, nos holofotes.
Lemann, Telles, e Sicupira, considerados os homens mais ricos do país, os três que fundaram e comandam a 3G Capital, um fundo de private equity com grandes empresas do setor de comércio e alimentício no portfólio e que com ele investem e detêm o controle de várias empresas de grande relevância no Brasil e no exterior, como AB InBev, Kraft-Heinz e Burger King como era o caso da Americanas: antes da reorganização societária, quando a B2W passou a controlar a retalhista, Lemann, Telles e Sicupira comandavam a empresa e hoje só possuem 40% de participação na Americanas, por meio de outros fundos.
Na quinta-feira, 12.01, dia seguinte ao anúncio das inconsistências, os três perderam R$ 3,18 biliões, com a queda de 77% no valor das ações da empresa naquele dia.
Na quinta, 19.01, a Americanas assegurou que o grupo de acionistas pretende manter a liquidez da companhia em patamares que permitam o bom funcionamento da operação de todas as lojas, do seu canal digital, da Ame e suas demais coligadas e na noite de domingo, 22.01, o trio em comunicado alegam que nunca souberam de "quaisquer manobras ou dissimulações contábeis na companhia", mencionam a auditoria feita pela PwC e se colocam ao lado dos demais acionistas, dizendo que acreditavam "firmemente que tudo estava absolutamente correto" e que foram "alcançados pelo prejuízo".
Nessa quinta-feira, 19.01, o juiz da 4ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio, Paulo Assed, aceitou o pedido de recuperação judicial da Americanas e a empresa informou que o valor total de sua dívida é de cerca de R$ 43 biliões e que conta com 16.300 credores – a lista completa deve ser divulgada na quarta-feira, 25.01,
A retalhista teve um prazo de 60 dias, para apresentar o plano de recuperação, para a 4ª maior recuperação judicial já registrada no Brasil.
A recuperação judicial é feita com o objetivo de assegurar a continuidade da empresa e evitar que ela abra falência e ao recorrer à Justiça, a companhia consegue blindar a sua caixa de cobrança pelos credores por um período de 180 dias (que podem ser prorrogados pelo juiz da recuperação).
Nessa fase , a empresa tem de iniciar negociações com os credores para formular um plano de recuperação, que precisa ser aprovado em assembleia por eles.
Perante os riscos gerados tanto para consumidores e quanto para parceiros, organismos de proteção começaram a se manifestar e atuar na crise como a Secretaria Nacional do Consumidor Senacon e o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), que notificou a Americanas sobre a crise e deu um prazo para a companhia explicar os impactos para consumidores.
Perante esta crise da retalhista alguns lojistas elevaram os preços dos bens e em alguns casos, como eletrónicos, os itens chegam a custar até quatro vezes mais.
Na sexta-feira , 20.01, a Americanas divulgou um comunicado aos seus vendedores do marketplace informando que eles foram enquadrados na recuperação judicial como “clientes” e não como “fornecedores”.
O texto ainda garante que os pagamentos recebidos pela retalhista continuarão sendo repassados normalmente.
Quer Fornecedores quer franqueados da retalhista também devem atentar às recomendações nesse período, enquanto aguardam os detalhes do plano de recuperação judicial da retalhista .
Para fornecedores, a recomendação de Flávia de Oliveira Santos do Nascimento, conselheira da OAB SP, recomenda uma ação imediata. “É importante que já iniciem a negociação de seus créditos, por meio, por exemplo, de notificação extrajudicial, para que as grandes empresas não façam valer seus direitos antecipadamente, exaurindo os ativos existentes”, sugere.
Aos franqueados, Thaís Kurita, advogada especializada em franquias e retalho, sócia da Novoa Prado Advogados, explica que o contrato de franquia pode prever decisões a serem tomadas em casos de recuperação judicial.
Eis porque, será necessário analisar caso a caso e Nascimento, da OAB, pede que os franqueados redobrem a atenção nos próximos passos da empresa.
“No caso do Rio de Janeiro, a Americanas apresentará um Plano de Recuperação Judicial (PRJ), que, em resumo, conterá a proposta de pagamento de seus credores, bem como a maneira de continuidade (ou não) das franquias.”
Recordamos que a empresa foi fundada em 1929, pelos americanos John Lee, Glen Matson, James Marshall e Batson Borger que partiram dos Estados Unidos para Buenos Aires com o objetivo de abrir uma loja no estilo Five and Ten Cents (lojas que vendiam mercadorias a 5 e 10 centavos, na moeda americana).
A ideia era lançar uma loja com preços baixos, no modelo que já fazia sucesso nos Estados Unidos e na Europa no início do século.
No navio em que viajavam, conheceram os brasileiros Aquino Sales e Max Landesman que os convidaram para conhecer o Rio de Janeiro.
Na visita ao Rio de Janeiro, os americanos perceberam que havia muitos funcionários públicos e militares com renda estável, porém com salários modestos, e a maioria das lojas não eram destinadas a esse público.
As lojas existentes, em geral, vendiam mercadorias caras e especializadas, o que obrigava uma dona de casa ir a diferentes estabelecimentos para fazer as compras.
Foi assim que decidiram que o Rio de Janeiro era a cidade perfeita para lançar o seu sonho, uma loja de preços baixos para atender àquela população “esquecida” e que vendesse vários tipos de mercadorias isto é oferecer uma maior variedade de produtos a preços mais acessíveis.
Assim, no ano de 1929, inauguraram a primeira Lojas Americanas, em Niterói com o slogan “Nada além de 2 mil réis”.
No fim do primeiro ano, já eram quatro lojas: três no Rio e uma em São Paulo.
Em 1940, a Lojas Americanas tornou-se uma sociedade anónima, abrindo seu capital e em 1982, os principais acionistas do Banco Garantia, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, entraram na composição acionária de Lojas Americanas como dominantes.
Década de 1990
No primeiro semestre de 1994, concretizou-se a formação de uma joint venture com o nome de Wal Mart Brasil S/A, com participação de 40% das Lojas Americanas S.A, e 60% por parte da Wal Mart Store Inc. na composição do capital.
Em dezembro de 1997, por decisão do Conselho de Administração da empresa, foi aprovada a venda total da participação de 40% na joint venture para o Walmart Inc.
Essa decisão foi tomada após a conclusão de que seria necessário a total concentração de recursos no próprio negócio da companhia.
Em agosto de 1998, o Conselho de Administração aprovou a venda total da participação acionária das Lojas Americanas na empresa 5239 Comércio e Participações S.A, subsidiária que detinha o controle acionário de suas 23 lojas de supermercado, para a empresa francesa Comptoirs Modernes (pertencente ao Grupo Carrefour).
A decisão pela saída do segmento supermercadista deveu-se ao processo de consolidação pelo qual passa este setor no Brasil com a entrada de grandes concorrentes internacionais, o que exigiria expressivos investimentos para a manutenção da posição de mercado da Companhia.
Desta forma, a Lojas Americanas decidiu novamente focar em seu principal negócio: lojas de descontos.
Em julho de 1999, a companhia decidiu-se pela separação de seu negócio imobiliário, tendo o seu capital social sido reduzido em R$ 493.387 mil, valor correspondente ao investimento possuído pela São Carlos Empreendimentos e Participações S.A.
Década de 2000
O ano de 2003 teve como principal característica a aceleração do programa de expansão e assim foram inauguradas 13 lojas convencionais, fortalecendo a presença da companhia em mercados importantes das regiões Sudeste e Sul do país.
Duas outras lojas foram reformadas para possibilitar um melhor atendimento aos clientes.
O conjunto de inaugurações contemplou também a abertura das três primeiras lojas "Americanas Express", concebidas segundo o "conceito de vizinhança" no Rio de Janeiro.
Em 2004, deram continuidade ao processo de expansão com a abertura de mais 35 lojas e da conclusão do novo Centro de distribuição em Barueri, na grande São Paulo, visando suportar numa primeira fase, o crescimento orgânico da companhia, tanto das lojas físicas como da loja virtual.
O ano de 2005 foi um ano de importantes realizações para maximizar o valor de Lojas Americanas: foram inauguradas 37 novas lojas, foi adquirido um canal de TV e um site de comércio eletrônico Shoptime e foi ainda realizada uma joint venture com o Banco Itaú, criando a Financeira Americanas Itaú, ou Americanas Taií.
Em 2006, prosseguiu a expansão inaugurando-se 45 novas lojas e sendo criada uma nova empresa, a B2W, companhia Global de Varejo, produto da fusão Americanas.com e do Submarino.
A nova empresa tinha valor de mercado de cerca de 6,5 biliões de reais, tornando-se a terceira maior do setor no mundo.
A B2W Digital é líder em comércio eletrônico na América Latina e opera por meio de uma plataforma digital, com negócios que apresentam forte sinergia e um modelo único, multicanal, multimarca e multinegócios.
A B2W Digital possuía um portfólio com as marcas Americanas Empresas, Americanas.com, Submarino, Shoptime, Submarino Finance, Sou Barato e Supermercado Now que oferecem mais de 38 categorias de produtos e serviços, por meio dos canais de distribuição internet, televendas, catálogos, TV e quiosques.
Em 2017, tinham 10 mil vendedores registrados, com um crescimento de cerca de 2 mil novos lojistas por trimestre.
Em janeiro de 2007, Lojas Americanas anunciou a aquisição da BWU, empresa detentora da marca Blockbuster Inc. no Brasil por R$ 186,2 milhões e adaptou as lojas ao modelo Americanas Express, somando assim mais 127 lojas à sua rede.
Década de 2010
No ano de 2013, a B2W realizou a aquisição de três empresas de tecnologia especializadas em desenvolvimento de sistemas e soluções para comércio eletrônico e criou o BIT - B2W Inovação e Tecnologia e assim a Companhia dobrou seu time de tecnologia/internet, que é o maior da América Latina e conta atualmente com mais de 600 engenheiros em escritórios em São Paulo, Rio de Janeiro e Recife.
Em setembro de 2013, a rede Lojas Americanas foi condenada a pagar 250 mil reais para entidades assistenciais sem fins lucrativos devido ao uso de mão-de-obra em condições trabalhistas análogas às de escravidão.
A fiscalização ocorreu em janeiro de 2013 na empresa BASIC+ que vende sua mercadoria para as Lojas Americanas e encontrou nessa situação um grupo de bolivianos na cidade de Americana que fornecia roupas infantis para a Americanas.
Em janeiro de 2014, a B2W Digital anunciou um aumento de capital no valor de R$ 2,38 biliões que tem por objetivo melhorar a estrutura de capital da Companhia, utilizando os recursos para amortizar parte da dívida, permitindo que a empresa siga investindo nos pilares do seu negócio, acelerando o seu crescimento e consolidando sua posição de liderança no mercado.
A operação contou ainda com a participação do investidor de tecnologia/internet Tiger Global, que entre outras possui participação na Amazon.
A B2W anunciou em 14 de Junho de 2014 a aquisição da Direct, maior operadora logística de e-commerce no Brasil, especializada em entregas de itens pequenos. Continuam do o feito em 2013,com a aquisição da Click – Rodo, operadora logística também especializada em entregas para o comércio electrónico, com foco em itens grandes.
Em junho de 2015, a B2W comprou o Sieve Group, grupo de empresas especializadas na prestação de serviços para o e-commerce, entre elas a Sieve, especializada em monitoramento e inteligência de preços online, a InfoPrice focada em monitoramento e inteligência de preços no mercado offline (retalho físico), a Admatic, de gerenciamento de média digitais, Skyhub, integradora de Marketplace e o Site Blindado, focado em soluções de segurança.
Em setembro de 2015 a companhia vende a Ingresso.com por 280 milhões de reais e também finaliza a venda do Submarino Viagens para a CVC.
Ao longo de 2016 e 2017 a B2W Digital lançou seus dois primeiros projetos de código aberto, o Marvin-AI, plataforma de inteligência artificial e o restQL, uma linguagem de consulta para micro serviços.
No final de 2019, a B2W Digital anunciou novas empreitadas, como a abertura de mais sete centros de distribuição, além dos 15 atuais, até 2022 e uma parceria entre Ame e Stone bem como a abertura de um escritório na China, para operar vendas on-line de produtos estrangeiros no país asiático, com base na atividade "Americanas no Mundo".
Década de 2020
Foram adquiridas as empresas Uniconsult — de otimização de controle de pedidos (expedição e reversa), de sistemas para operação de múltiplos centros de distribuição e desenvolvimento de sistemas específicos para operação de marketplace, Ideais Tecnologia, de desenvolvimento e otimização das plataformas de venda online, B2B/B2B2C e sistemas mobile, e Tarkena — de otimização de sistemas de busca e algoritmos para gerenciamento de frete.
Em julho de 2021, a Lojas Americanas S.A. e a B2W Digital S.A. se fundiram em uma única empresa, chamada de Americanas S.A.
Em setembro de 2021, a Lojas Americanas anunciou a aquisição da plataforma digital literária Skoob Books, maior plataforma digital de conteúdo para leitores do país.
Crise
Em janeiro de 2023 uma análise preliminar apontou um déficit estimado em 20 biliões de reais nos balanços da empresa, que, segundo dado relevante divulgado pela mesma, não teria efeito caixa.
Após a divulgação de tal, os CEO e CFO da empresa pediram demissão depois de nove dias no cargo como diretores estatutários.
Numa ligação com acionistas, o demitido Sérgio Rial disse que o rombo se deu por "inconsistências no balanço da empresa" que não teriam começado agora, mas já se arrastavam "por cerca de 7 a 9 anos".
Segundo Rial, os pagamentos a fornecedores eram antecipados contraindo dívida com bancos, operação conhecida como "risco sacado", mas não eram contabilizadas como dívida bancária, o que inflaria o lucro contábil.
Ainda segundo Rial, as despesas foram pagas e, portanto, não geramram efeito caixa. As regras brasileiras não impedem tal contabilização, mas há recomendação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) pelo seu reconhecimento como dívida.
As ações da empresa chegaram a cair 90% durante o leilão do dia seguinte, afetando também o preço das ações de outras retalhistas, por receio de semelhante contabilidade.
Analistas e gestores criticaram a forma como Rial e a empresa comunicaram o mercado do facto, citando a ausência de detalhes relevantes.
A chamada com acionistas foi limitada a 1.000 pessoas, e mais de 3.500 esperavam na fila.
No dia 13 do mesmo mês, o juiz Paulo Assed Estefan do Rio de Janeiro concedeu proteção à Americanas contra vencimento antecipado de dívidas, atendendo ao pedido das empresas do grupo, dando fôlego para a empresa enfrentar uma crise sem precedentes após ter anunciado um rombo contábil de R$ 43 biliões.
No dia 14, o credor BTG Pactual, que possui R$ 1,9 biliões a receber da retalhista, impetrou recurso contra a tutela de urgência concedida à Americanas.
No dia 18, o mesmo banco conseguiu bloquear judicialmente R$ 1,2 biliões das contas da Americanas até ulterior análise do caso.
No dia 19, a empresa entrou com um pedido de recuperação judicial na 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro.
A quantia em caixa, segundo a varejista, estaria em R$ 800 milhões (contra os R$ 8,6 biliões reportados no terceiro trimestre de 2022).
Segundo a Americanas, boa parte do recurso está "injustificadamente indisponível para a movimentação da companhia desde ontem", atribuindo a situação à decisão que permitiu que o BTG bloqueasse R$ 1,2 biliões da varejista.
A B3, no mesmo dia, anunciou a retirada dos papéis da Americanas de todos os índices da bolsa brasileira, incluindo o Ibovespa.
Investidores minoritários da Associação Brasileira de Investidores (ABRADIN) buscam responsabilizar a PwC e o advogado criminalista do grupo deve acionar o Ministério Público Federal (MPF), para apurar suspeita de insider trading na venda de mais de R$ 210 milhões em ações da companhia feita por seus diretores, pois os valores que envolvem o caso excluem a possibilidade de que tenha se tratado apenas de negligência.
No dia 23, a Vibra Energia anunciou o a anulação da joint venture Vem Conveniência empresa destinada a lojas de pequeno retalho dentro e fora de postos de combustíveis com as marcas Local e BR Mania.
A Americanas detinha 50% do negócio estabelecido em fevereiro de 2021.
Gestores e executivos de bancos, credores das Americanas, e fundos que tinham alguma participação na empresa classificaram o caso como uma fraude contabilistica de grandes proporções.
Em junho de 2023, pela primeira vez a empresa atribuiu a fraude parte dos problemas contabilisticos do seu balanço citando nominalmente integrantes da ex-administração da empresa.
Conheça a história do retalho no Brasil
Passa o Brasil por um momento de profundas mudanças, que devem acrescentar novos pontos à evolução do retalho no Brasil.
O comércio é uma importante atividade e sofre transformações de acordo com o desenvolvimento e com a adaptação da sociedade.
Conhecer a história e a evolução do retalho no Brasil ajuda a compreender um pouco do comportamento dos consumidores, como ocorreu a sua estruturação ao longo dos anos e quais são as tendências para o futuro.
A história do retalho no Brasil inicia-se no tempo colonial, com o aparecimento dos primeiros armazéns.
A cultura de retalho perdurou na sociedade nas épocas das plantações de café, algodão, cana de açúcar e durante as quais os consumidores adquiriam os produtos em pequenas quantidades.
Com o passar do tempo, o retalho passou por uma grande evolução influenciada pela integração do Brasil no mercado mundial depois com a globalização e pelo impacto das tecnologias e da internet.
Em 1950, a venda em balcão deu lugar à liberdade do consumidor escolher sozinho as suas próprias mercadorias.
Depois. a tecnologia e a internet transformaram a relação entre vendedor e consumidor, permitindo que as vendas acontecessem virtualmente, por meio de sites e redes sociais.
E assim o retalho tem se transformado num mercado cada vez mais dinâmico e competitivo, entre estratégias diversas e investimentos concentracionarios para alcançar novos clientes, fidelizar os antigos e aumentar as vendas e a faturação do estabelecimento, real ou virtual
Vejamos algumas datas que marcaram a transformação do retalho no Brasil para exemplificar a evolução pela qual o mercado passou.
1500 – 1530
Tempo de colonização portuguesa: os portugueses fizeram dos índios escravos para extrair as riquezas naturais do Brasil e vendiam-nas como matéria-prima assim como diversos outros produtos.
1649
Fundação da Companhia Geral do Comércio do Brasil. Até então, existiam apenas empórios que vendiam itens importados.
1808
Ano de chegada da família real ao Rio de Janeiro fazendo surgir as primeiras lojas de luxo na cidade.
1884 – 1959
Chegada de, cerca de 5 milhões de imigrantes que auxiliaram no surgimento de vendedores ambulantes, feiras livres e armazéns.
1900 – 1930
Início do processo de industrialização no Brasil.
1908
Ano de inauguração das lojas Pernambucanas.
1953
Ano de aparecimento dos primeiros supermercados brasileiros no modelo de autosserviço seguindo o modelo americano de supermercados, que já existia desde 1920.
O primeiro supermercado brasileiro foi inaugurado em São Paulo e levava o nome de “Tecelagem Paraíba”.
1966
Ano de inauguração do primeiro shopping center do Brasil: o shopping Iguatemi, em São Paulo.
1992
A primeira loja virtual do Brasil lançada pelo Magazine Luiza.
1995
A conexão com a internet para fins comerciais no Brasil é permitida pelo Ministério das Comunicações. A partir daí, inicia-se o e-commerce no Brasil.
2000
Surgimento da banda larga no Brasil um marco para o fortalecimento do e-commerce brasileiro.
2013
Plataformas online e offline passaram a funcionar de maneira complementar: o conhecido retalho omnichannel
2015
Um ano desafiador com a crise económica no país. O aumento no desemprego e a inflação em alta abalaram a credibilidade e diminuíram o ritmo de compra e venda, provocando uma retração de 4,3% no retalho, o pior quadro desde 2001.
As mudanças provocadas pelo novo coronavírus
Os negócios que ainda não tinham se firmado no digital foram obrigados a surgir nesse mercado com a chegada do coronavírus pois a principal medida adotada para conter a disseminação da doença foi o isolamento, o que abriu espaço para as compras on-line.
Muitas pessoas começaram a adquirir produtos pela internet, inclusive itens de necessidade básica ― comida e remédios, por exemplo.
Essa mudança também provocou o aumento no uso de pagamentos digitais. A adquirente de cartões Cielo observou uma elevação no sistema de pagamento por link de 200%.
Ao mesmo tempo, a preocupação com a crise económica e as incertezas em relação a um futuro próximo levou à redução dos padrões de consumo, seja por medo da perda de rendimentos, seja para guardar dinheiro, seja, até mesmo, como consequência da redução de salário ou do desemprego.
O risco de contágio pela COVID-19 aumentou os cuidados com a higiene e, nas lojas físicas, surge uma readequação dos espaços para passar a ideia de limpeza e de segurança.
Por isso, predominarão as lojas mais claras e arejadas, com o uso de muito vidro, o aumento do uso de plantas nos locais, como forma de quebrar a sobriedade, trazendo mais cor, vida e humanizando o espaço.
Fim dos caixas
Uma tendência de diminuição da presença de caixas nos comércios com os meios de pagamento a migrarem para tecnologias, como uso de links, carteiras digitais e serviços contactless.
Embora as redes sociais tenham apresentado um mercado cheio de novidades e que acelerou muito as compras por impulso, essas necessidades tendem a ser sendo reequacionadas até mundialmente.
A valorização de mais experiências do que de produto e o consumo colaborativo, reforçando a sustentabilidade e os modelos de acesso a bens.
Uma maior preocupação em se adaptar a lojas de bairro e pequenos negócios com menor circulação de pessoas reduzindo o risco de contágio a gerar um atendimento mais personalizado uma política de entregas e fidelização, ate via pedidos feitos diretamente por telefone ou WhatsApp próprio
O e-commerce brasileiro cresceu 22% em 2019 em relação ao ano anterior, com uma faturação de R$ 75,1 biliões.
Segundo dados do Compre & Confie, a faturação dos e-commerces brasileiros em abril 2023 foi 81% maior do que o registrado no mesmo período do ano anterior, totalizando 24,5 milhões de compras online, com predominância do setor de Alimentos & Bebidas.
O mobile-commerce também é uma tendência importante a ser acompanhada pois de acordo com dados divulgados pelo Webshoppers, essa modalidade já responde a ⅓ das compras realizadas online, e é um dos principais responsáveis pelo crescimento do e-commerce no Brasil.
Nardia M.