PCP recorda o centenário do nascimento de Carlos Paredes com concertos entre O povo e uma guitarra!

O PCP comemorar o centenário do nascimento do guitarrista Carlos Paredes com um programa que se iniciará na próxima edição da Festa do Avante!, em setembro, e inclui concertos, um seminário e outras homenagens.

O Estrategizando saúda esta iniciativa comunista e aguarda que não se repita a escandaleira do pimba cavaco silva face a Saramago !

Este programa das comemorações do músico nascido a 16 de fevereiro de 1925 e que foi um insigne militante comunista entre 1958 e 2004, ano da sua morte, foi tornado publico numa sessão no Centro de Trabalho Vitória, na Avenida da Liberdade, em Lisboa.

 As comemorações, que terão como lema "O povo e uma guitarra", arrancam este ano, na 48.ª edição da Festa do Avante!, entre 06 e 08 de setembro, com uma homenagem a Carlos Paredes no concerto sinfónico logo no primeiro dia.

A companheira do guitarrista, Luísa Amaro, irá tocar também no Avante!, juntamente com a guitarrista Mafalda Lemos e o clarinetista Gonçalo Lopes, num concerto intitulado,

"Sons de guitarra para Carlos Paredes".

Esta edição do certame que assinala a rentrée do PCP haverá também um painel expositivo no espaço central.

A apresentação ficou a cargo de Bárbara Carvalho, dirigente comunista para o setor cultural, que defendeu que estas comemorações "não são um mero exercício de memória, além de celebrarem Paredes e a sua música, contribuirão para aprofundar o conhecimento sobre o homem, sobre a obra e o pensamento".

Em fevereiro do próximo ano será organizado um seminário "com o objetivo de aprofundar o conhecimento sobre o homem, sobre a música e o seu pensamento estético" e esta iniciativa dará origem a uma publicação "que contribuirá para a literatura sobre Carlos Paredes, sobre a música portuguesa das últimas décadas e sobre a conceção de cultura dos comunistas", referiu.

Em abril haverá lugar a um concerto de homenagem ao guitarrista, que "reunirá músicos de diferentes gerações" e "será uma celebração da sua arte e de como as suas criações continuam a inspirar novas formas de expressão".

Bárbara Carvalho disse também que a estas iniciativas vão somar-se "outros momentos a desenvolver pelas organizações regionais do partido".

Jorge Pires, da Comissão Política do Comité Central do PCP, recordou Carlos Paredes como um "génio da guitarra" e uma "figura ímpar no meio musical em Portugal".

"Comemorar o centenário de Carlos Paredes é sobretudo relembrar e valorizar a vida e a obra de um homem que foi, e é, um símbolo ímpar da cultura portuguesa e um dos principais responsáveis pela divulgação e popularidade da guitarra portuguesa", defendeu.

Note-se que a "a militância no partido foi testemunho da sua grande dimensão humana, do seu imenso talento artístico e da ardente vivência que marcou toda a sua existência".

Jorge Pires considerou também que "Carlos Paredes é o exemplo inequívoco de um artista comprometido com o seu povo, com quem nunca deixou de estar antes e depois do 25 de Abril de 1974 e que foi fonte de inspiração para a sua obra" e assinalou que Paredes, "nunca tendo desvalorizado a resistência e o que representou na luta contra o fascismo, recusou sempre o estatuto de herói pelo facto de ter passado pelas prisões fascistas".

Também presente na cerimónia, e antes de tocar composições de Carlos Paredes, a companheira do músico assinalou o seu "humanismo, generosidade para com todos e a forma disciplinada com que estava na vida".

Carlos Paredes foi um dos principais responsáveis pela divulgação e popularidade da guitarra portuguesa, seguindo pai tio e avô como foi um grande compositor e é um dos símbolos ímpares da cultura portuguesa.

Para além das influências dos seus antepassados- pai, avô e tio, o pai, Artur Paredes, foi o seu grande mestre da guitarra de Coimbra - e por tal Paredes manteve um estilo musical coimbrão, pois a sua guitarra era de Coimbra e a própria afinação era do Fado de Coimbra.

Mas a sua vida em Lisboa marcou-o e inspirou-lhe muitos dos seus temas e composições. Ficou conhecido como O mestre da guitarra portuguesa ou O homem dos mil dedos. Foi militante do Partido Comunista Português desde 1958.

Filho do famoso compositor e guitarrista, mestre Artur Paredes, neto e bisneto de guitarristas, Gonçalo Paredes e António Paredes, começou a estudar guitarra portuguesa aos quatro anos com o seu pai, embora a mãe preferisse que o filho se dedicasse ao piano.

Frequenta o Liceu Passos Manuel, e tem aulas de violino na Academia de Amadores de Música.

Em 1934, a família muda-se para Lisboa, pois o seu pai funcionário do BNU vem transferido para a capital.

Abandona a aprendizagem do violino para se dedicar, sob a orientação do pai, completamente à guitarra.

Carlos Paredes fala com saudades desses tempos: "Neste anos, creio que inventei muita coisa. Criei uma forma de tocar muito própria que é diferente da do meu pai e do meu avô".

Carlos Paredes inicia em 1949 uma colaboração regular num programa de Artur Paredes na Emissora Nacional e termina os estudos secundários num colégio particular.

Não chega a concluir o curso liceal e inscreve-se nas aulas de canto da Juventude Musical Portuguesa.

Em 1949, é funcionário administrativo do Hospital de São José e 1958, em cima da eleições com Humberto Delgado e nesse ano é preso pela PIDE por fazer oposição a Salazar, sendo acusado de pertencer ao Partido Comunista Português.

Realmente Carlos Paredes tornara-se militante no início desse ano, posição que manteria até ao fim da sua vida.

Sendo libertado no final de 1959, é expulso da função pública, na sequência de julgamento.

Na cela andava de um lado para o outro da cela fingindo tocar música, o que levou os companheiros de prisão a pensar que estaria louco - de facto, o que ele estava a fazer, era compor músicas, na sua cabeça.

Quando voltou para o local onde trabalhava no Hospital, uma das ex-colegas, Rosa Semião, recorda-se da mágoa do guitarrista devido à denúncia de que foi alvo: «Para ele foi uma traição, ter sido denunciado por um colega de trabalho do hospital. E contudo, mais tarde, ao cruzar-se com um dos homens que o denunciou, não deixou de o cumprimentar, revelando uma enorme capacidade de perdoar!»

Em 1962, é convidado pelo realizador Paulo Rocha, para compor a banda sonora do filme Os Verdes Anos: «Muitos jovens vinham de outras terras para tentarem a sorte em Lisboa. Isso tinha para mim um grande interesse humano e serviu de inspiração a muitas das minhas músicas.

Eram jovens completamente marginalizados, empregadas domésticas, de lojas - Eram precisamente essas pessoas com que eu simpatizava profundamente, pela sua simplicidade».

Recebeu um reconhecimento especial por “Os Verdes anos”.

Tocou com muitos artistas, incluindo Charlie Haden, Adriano Correia de Oliveira e Carlos do Carmo.

Escreveu muitas músicas para filmes e em 1967 gravou o seu primeiro LP "Guitarra Portuguesa".

Quando os presos políticos foram libertados depois do 25 de Abril de 1974, eram vistos como heróis Carlos Paredes sempre recusou esse estatuto, dado pelo povo.

Sobre o tempo que foi preso nunca gostou muito de comentar. Dizia «que havia pessoas, que sofreram mais do que eu!».

Ele é reintegrado no quadro do Hospital de São José e percorre o país, actuando em sessões culturais, musicais e políticas em simultâneo, mantendo sempre uma vida simples, e por incrível que possa parecer, a sua profissão de arquivista de radiografias.

Várias compilações de gravações de Carlos Paredes são editadas, estando desde 2003 a sua obra completa reunida numa caixa de oito CDs.

A sua paixão pela guitarra era tanta que, certa vez, como a sua guitarra se perdeu numa viagem de avião e ele confessou a um amigo que «pensou em se suicidar».

A militância política activa acompanhou Carlos Paredes toda a vida, sendo referidas a sua disponibilidade regular para tarefas que iam da colagem de cartazes do Partido Comunista Português nas ruas, a turnos como segurança de Centros de Trabalho deste partido, até às conferências intelectuais e naturalmente aos concertos musicais, tendo participado em todas as edições da Festa do Avante! em que a sua saúde lhe permitiu.

Uma doença do sistema nervoso central, (mielopatia), impediu-o de tocar durante os últimos 11 anos da sua vida.

Morreu a 23 de julho de 2004 na Fundação Lar Nossa Senhora da Saúde em Lisboa, sendo decretado Luto Nacional.

Foi sepultado no Talhão dos Artistas do Cemitério dos Prazeres, em Lisboa.[carece de fontes]
“ "Quando eu morrer, morre a guitarra também.
O meu pai dizia que, quando morresse, queria que lhe partissem a guitarra e a enterrassem com ele.
Eu desejaria fazer o mesmo. Se eu tiver de morrer.”

Carlos Paredes foi um dos principais responsáveis pela divulgação e popularidade da guitarra portuguesa, tendo sido igualmente um grande compositor.

É considerado como um dos símbolos ímpares da cultura portuguesa.

Para além das influências dos seus antepassados- pai, avô e tio, tendo sido o pai, Artur Paredes, o grande mestre da guitarra de Coimbra - Paredes manteve um estilo musical coimbrão, a sua guitarra era de Coimbra e a própria afinação era do Fado de Coimbra. A sua vida em Lisboa marcou-o e inspirou-lhe muitos dos seus temas e composições. Ficou conhecido como O mestre da guitarra portuguesa ou O homem dos mil dedos. Foi militante do Partido Comunista Português desde 1958.[1]

Vida


Filho do famoso compositor e guitarrista, mestre Artur Paredes, neto e bisneto de guitarristas, Gonçalo Paredes e António Paredes, começou a estudar guitarra portuguesa aos quatro anos com o seu pai, embora a mãe preferisse que o filho se dedicasse ao piano; frequenta o Liceu Passos Manuel, começando também a ter aulas de violino na Academia de Amadores de Música. Na sua última entrevista, recorda: "Em pequeno, a minha mãe, coitadita, arranjou-me duas professoras de violino e piano. Eram senhoras muito cultas a quem devo a cultura musical que tenho".
Em 1934, a família muda-se para Lisboa, o pai era funcionário do BNU e vem transferido para a capital. Abandona a aprendizagem do violino para se dedicar, sob a orientação do pai, completamente à guitarra. Carlos Paredes fala com saudades desses tempos: "Neste anos, creio que inventei muita coisa. Criei uma forma de tocar muito própria que é diferente da do meu pai e do meu avô".
Carlos Paredes inicia em 1949 uma colaboração regular num programa de Artur Paredes na Emissora Nacional e termina os estudos secundários num colégio particular. Não chega a concluir o curso liceal e inscreve-se nas aulas de canto da Juventude Musical Portuguesa, tornando-se, em 1949, funcionário administrativo do Hospital de São José.
Em 1958, preso pela PIDE por fazer oposição a Salazar, é acusado de pertencer ao Partido Comunista Português, do qual Carlos Paredes se tornara militante no início desse ano, posição que manteria até ao fim da sua vida.[2] Sendo libertado no final de 1959, é expulso da função pública, na sequência de julgamento. Durante este tempo andava de um lado para o outro da cela fingindo tocar música, o que levou os companheiros de prisão a pensar que estaria louco - de facto, o que ele estava a fazer, era compor músicas, na sua cabeça. Quando voltou para o local onde trabalhava no Hospital, uma das ex-colegas, Rosa Semião, recorda-se da mágoa do guitarrista devido à denúncia de que foi alvo: «Para ele foi uma traição, ter sido denunciado por um colega de trabalho do hospital. E contudo, mais tarde, ao cruzar-se com um dos homens que o denunciou, não deixou de o cumprimentar, revelando uma enorme capacidade de perdoar!»
Em 1962, é convidado pelo realizador Paulo Rocha, para compor a banda sonora do filme Os Verdes Anos: «Muitos jovens vinham de outras terras para tentarem a sorte em Lisboa. Isso tinha para mim um grande interesse humano e serviu de inspiração a muitas das minhas músicas. Eram jovens completamente marginalizados, empregadas domésticas, de lojas - Eram precisamente essas pessoas com que eu simpatizava profundamente, pela sua simplicidade». Recebeu um reconhecimento especial por “Os Verdes anos”.

Tocou com muitos artistas, incluindo Charlie Haden, Adriano Correia de Oliveira e Carlos do Carmo. Escreveu muitas músicas para filmes e em 1967 gravou o seu primeiro LP "Guitarra Portuguesa".

Quando os presos políticos foram libertados depois do 25 de Abril de 1974, eram vistos como heróis. No entanto, Carlos Paredes sempre recusou esse estatuto, dado pelo povo. Sobre o tempo que foi preso nunca gostou muito de comentar. Dizia «que havia pessoas, que sofreram mais do que eu!». Ele é reintegrado no quadro do Hospital de São José e percorre o país, actuando em sessões culturais, musicais e políticas em simultâneo, mantendo sempre uma vida simples, e por incrível que possa parecer, a sua profissão de arquivista de radiografias.

Várias compilações de gravações de Carlos Paredes são editadas, estando desde 2003 a sua obra completa reunida numa caixa de oito CDs.

A sua paixão pela guitarra era tanta que, conta que certa vez, a sua guitarra se perdeu numa viagem de avião e ele confessou a um amigo que «pensou em se suicidar».

A militância política activa acompanhou Carlos Paredes toda a vida, sendo referidas a sua disponibilidade regular para tarefas que iam da colagem de cartazes do Partido Comunista Português nas ruas, a turnos como segurança de Centros de Trabalho deste partido, até às conferências intelectuais e naturalmente aos concertos musicais, tendo participado em todas as edições da Festa do Avante! em que a sua saúde lhe permitiu.

Uma doença do sistema nervoso central, (mielopatia), impediu-o de tocar durante os últimos 11 anos da sua vida. Morreu a 23 de julho de 2004 na Fundação Lar Nossa Senhora da Saúde em Lisboa, sendo decretado Luto Nacional. Foi sepultado no Talhão dos Artistas do Cemitério dos Prazeres, em Lisboa.[carece de fontes]
“ "Quando eu morrer, morre a guitarra também.
O meu pai dizia que, quando morresse, queria que lhe partissem a guitarra e a enterrassem com ele.
Eu desejaria fazer o mesmo. Se eu tiver de morrer.” ”
Reconhecimento

A 10 de Junho de 1992 foi feito Comendador da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.
Em 2003, a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira homenageou-o com a criação do Prémio Carlos Paredes.
O seu nome pode ser encontrado na toponímia de várias localidades portuguesas, nomeadamente Amadora, Queluz, Vila Franca de Xira, entre outras.

OBRAS

1967 «Guitarra portuguesa»


Com acompanhamento de Fernando Alvim, Guitarra Portuguesa foi registado no estúdio de Paço de Arcos da Valentim de Carvalho pelo mítico engenheiro de som Hugo Ribeiro.

Distanciando-se da tradição formalista da guitarra de Coimbra, explorando de modo inspirado a arte da miniatura melódica, Paredes revela-se um compositor delicado e um instrumentista fulgurante.

Depois deste álbum, a guitarra nunca mais foi a mesma.
* Variações em Ré maior
* Porto Santo
* Fantasia
* Melodia N.2
* Dança
* Canção verdes anos
* Divertimento
* Romance N.1
* Romance N.2
* Pantomima (sem acompanhamento)
* Melodia N.1
(Acompanhamento à viola de Fernando Alvim)

1971 «Movimento perpétuo»

Com o segundo álbum, Carlos Paredes provava que o primeiro não havia sido um acaso.

Movimento Perpétuo era o som de um perfeccionista em controlo absoluto, capaz de construir delicadas filigranas de improvável sustentação, sem nunca perder de vista a economia.

* Movimento perpétuo
* Variações em ré menor
* Danças portuguesas N.2
* Variações em mi menor
* Fantasia N.2
* Valsa
* Variações sob uma dança popular
* Mudar de vida - tema
* Mudar de vida - música de fundo
* António Marinheiro - tema da peça
* Canção
* 1980 – “O oiro e o trigo” (editado na RDA)

1983 «Concerto em Frankfurt»


* Canto do amanhecer
* Canto de trabalho
* Canto de embalar
* Canto de amor
* Canto de rua
* Canto de rio
* A montanha e a planície
* Dança palaciana
* Sede
* Dança dos camponeses
* In Memoriam
* Festa da Primavera
* Variações

1987 «Espelho de Sons»


* Coimbra e o Mondego: Variações
* Variações sobre o Mondego, de Gonçalo Paredes
* Variações em Ré Menor, de Artur Paredes
* Variações em Lá Menor, de Artur Paredes
* Os amadores: Desenho duma melodia
* Amargura
* O discurso
* A canção: Melodia para um poeta
* Canção de Alcipe
* O teatro: A noite
* O fantoche
* Lisboa e o Tejo: Canto do amanhecer
* Serenata
* Dança palaciana
* Canto de trabalho
* Jardins de Lisboa (Verdes anos)
* Canto de rua
* Canto do rio
* A dança: Prólogo - Abertura para um bailado
* Raiz (Dança melancólica)
* Dança de camponeses
* A mãe e o lar: Canto de embalar
* Canto de amor
* Contrastes: Sede
* Canto da primavera

1989 «Asas Sobre o Mundo»


* Asas sobre o mundo
* Nas asas da saudade
* Canto do amanhecer
* Canto de rua
* Canto de trabalho
* Canto de amor
* Verdes anos
* Canto de embalar
* Dança dos camponeses
* Marionetas
* Raiz
* Sede
* Canto de primavera
* Variações sobre o Mondego
* Variações sobre o Mondego N.1
* Variações sobre o Mondego N.2
* Canto do Tejo
* Serenata no Tejo
* Fado moliceiro
* Desenho duma melodia
* O discurso
* A noite
* Amargura
* 1994 - «O Melhor dos Melhores»
* 1996 – “Na corrente” (compilação de material inédito)

2000 «Canção para Titi: Os inéditos 1993»


* Memórias
* Valsa diabólica
* Uma canção para minha mãe
* Escadas do quebra costas
* Canção para Titi
* Mar Goês
* Arcos do jardim
* Arco de Almedina
* Discurso

Álbuns em colaboração


* 1970 – “Meu país”, de Cecília Melo
* 1975 – “É preciso um país”, com Manuel Alegre
1986 «Invenções Livres», com António Vitorino d'Almeida

* Improviso 1
* Improviso 2
* 1990 – “Dialogues”, com Charlie Haden
Antologias

* 1998 – O Melhor de Carlos Paredes: Guitarra
* 2002 - Uma Guitarra com Gente Dentro
* 2003 - O Mundo segundo Carlos Paredes (obra completa)
* 2010 - A Voz da Guitarra
EPs

* 1962 – "Variações em Si Menor / Serenata / Variações em Lá Menor / Danças"
* 1963 – “Guitarradas sob o Tema do Filme «Verdes Anos»”
Filmes


A música de Carlos Paredes, composta com esse fim ou não, foi utilizada em diversos filmes:
* 1960 – “Rendas de metais preciosos” de Cândido da Costa Pinto
* 1962 – “Verdes anos” de Paulo Rocha e “P.X.O.” de Pierre Kast e Jacques Doniol-Valcroze
* 1964 – “Fado corrido” de Jorge Brum do Canto
* 1965 – “As pinturas do meu irmão Júlio” de Manoel de Oliveira
* 1966 – “Mudar de vida” de Paulo Rocha e “Crónica do esforço perdido” de António de Macedo
* 1968 – “A cidade” de José Fonseca e Costa e Tráfego e estiva” de Manuel Guimarães
* 1969 – “The Columbus route” de José Fonseca e Costa e “Na corrente” (documentário para a televisão) de Augusto Cabrita, composto de improviso
* 1970 – “Hello Jim” de Augusto Cabrita
* 2006 - “Movimentos Perpétuos: Tributo a Carlos Paredes” de Edgar Pêra
Outros

* 1971 - Paredes compôs a música para a peça “O avançado centro morreu ao amanhecer” de Augustin Cuzzani encenada pelo Grupo de Teatro de Campolide
* 1982 – “Danças para uma guitarra”, coreografia de Vasco Wellenkampsobre música de Carlos Paredes
* 1984 - Compôs a música para a peça “O Avarento”, de Molière, produção do Teatro Na Caixa, encenada por Adolfo Gutkin
* 1989 – Paul McCartney integra o tema “Dança” na música ambiente da sua digressão mundial
* 1991 – Acompanhado por Luísa Amaro, é convidado especial dum concerto que os Madredeusrealizaram no Coliseu dos Recreiosde Lisboa, posteriormente editado com o título “Lisboa”
* 1992 – A RTP grava um espectáculo de Carlos Paredes (acompanhado por Luísa Amaro e Fernando Alvim) e com a participação entre outros de Nuno Guerreiro, Mário Laginha e Rui Veloso


https://youtu.be/b_iaItjC72M

A Guitarra Portuguesa

Assim como outros cistreseuropeus, ela representa tanto ao nível da afinação como ao nível da construção do seu interior e exterior um dos desenvolvimentos diretos do cistre europeu renascentista.

Este instrumento esteve fortemente presente na música de corte de toda a Europa, mas especialmente na Itália, França e Inglaterra desde meados do século XVI até finais do século XVIII.

Deste instrumento existem ainda centenas de exemplares bem conservados espalhados em vários museus por toda a Europa.

Os primeiros cistres com ligeiras alterações em dimensão da caixa de ressonância, braço, material das cordas, etc, divulgaram-se a partir do início do século XVIII como um instrumento também bastante usado pela Burguesia para interpretar música mais ao seu gosto (como suites, minuetos, modinhas, etc) e, em dado momento, nalgumas regiões também usado pelas camadas mais populares para interpretar música popular (das quais nos resta menos documentação).

O cistre terá, por sua vez, baseando-se no vasto legado iconográfico da Idade Média, como antepassado mais provável a cítola medieval, da qual existem várias imagens, esculturas e relatos em crônicas da época e um único exemplar num museu em Inglaterra, do século XIII.

O cistre inglês do século XVIII (em Portugal chamada Guitarra Inglesa), por vezes erroneamente considerada o antepassado da guitarra portuguesa, é também uma descendente do cistre renascentista, mas acrescentada de alterações substanciais, como uma afinação e uma construção interior completamente diferentes das típicas do cistre.

Nao é pois um antepassado, mas sim parente próximo.

O único elemento que a guitarra portuguesa provavelmente assimilou "por empréstimo" da guitarra inglesa, foi a mecânica de afinação, posteriormente alterada e aprimorada esteticamente em Portugal.

Nas suas origens remotas e mais incertas, esta família de instrumentos remonta provavelmente à cítara grega e aos primeiros instrumentos de corda com braço, dos quais os vestígios mais antigos foram encontrados na presente Turquia (não confundir com o alaúde, que é muito mais tardio e ao nível da construção e afinação, apesar das semelhanças na forma, pertence a outra genealogia de instrumentos).

Afinação

 

Afinação de Lisboa

Afinação de Coimbra

Afinação natural

A afinação de Lisboa é, atualmente a mais utilizada na guitarra portuguesa.

Inicialmente era chamada de afinação do fado ou afinação do fado corrido, tendo provavelmente sido desenvolvida no início do século XIX, sendo maioritariamente adotada pelos fadistas de Lisboa em meados desse século.

Com a diminuição da utilização da afinação natural (ver abaixo) por parte dos guitarristas, esta afinação veio a ser chamada simplesmente de afinação de Lisboa, quando afinada aguda em Ré, ou afinação de Coimbra, quando afinada em Dó;
isto decorre do facto de que, enquanto a maioria dos guitarristas de Lisboa afinava as suas guitarras em Ré, em Coimbra, os estudantes começaram a afinar habitualmente as suas em Dó, principalmente através da influência de Artur Paredes.

É importante notar, no entanto, que, independentemente da diferença de tom entre as duas variações da afinação, na prática, esta última ainda faz uso das convenções da primeira, como tal, um Dó é chamado Ré, um Ré é chamado Mi, etc., pelos guitarristas.

Assim, uma guitarra Portuguesa afinada com afinação de Coimbra fica a comportar-se como um instrumento transposto, semelhante a um trompete Si-bemol, em que uma nota é referida pelo nome da nota um tom acima do nome da nota que as convenções de tom usariam.

A afinação natural, herdada do guitarra inglesa do século XVIII, também foi utilizada com muita frequência até a primeira metade do século XX, sendo preferida à primeira por alguns músicos do final do século XIX; era frequentemente afinada em Mi em vez de Dó, pois isso simplificava a mudança entre afinação do fado e a afinação natural para os guitarristas que usavam ambos.

Algumas variações dessa afinação também foram adotadas, como a afinação natural com 4ª, também conhecida como afinação da Mouraria, ou a afinação de João de Deus, também conhecida como afinação menor natural.

A afinação natural e suas variações deixaram de ser utilizadas, na prática, há várias décadas.

Gonçalo Paredes e Flávio Rodrigues, entre outros, foram os compositores do século XX mais respeitados dentro do estilo solista tradicional.

Posteriormente Artur Paredes surgiu com a sua abordagem e interpretação pessoal do instrumento, ampliando a versatilidade, o reportório, a expressividade, a técnica e até melhorando em colaboração com construtores a acústica do instrumento.

Trabalhando com a família de construtores Grácio, de Coimbra, Paredes trouxe o instrumento para a era moderna, onde ele se mantém hoje, como perfeitamente actual.

Carlos Paredes, filho de Artur Paredes e neto de Gonçalo Paredes, criou novas melodias e tornou a Guitarra Portuguesa num instrumento de concerto, tocando a solo ou em grupo com músicos de alto gabarito, como músicos de jazzcomo Charlie Haden, entre outros.

Simultaneamente, em Coimbra, João Bagão, José Maria Amaral, JAntónio Brojo e António Portugal, Jorge Tuna, Octávio Sérgio, Eduardo e Ernesto de Melo, António Andias, Nuno Guimarães, Manuel Borralho e tantos outros desenvolveram tanto a Guitarra Portuguesa como a Canção de Coimbra, ultrapassando limitações anteriores, quer na composição quer na improvisação. Carlos Paredes fez pela composição o que seu pai fez pelo instrumento propriamente dito.

Será também de referir o papel fundamental de Pedro Caldeira Cabral na divulgação a nível internacional da Guitarra Portuguesa como instrumento solista e em Portugal a vários níveis, nomeadamente na compilação e publicação de "A Guitarra Portuguesa", editado pela Ediclube, e na composição, nos arranjos e interpretação de repertório erudito para a Guitarra Portuguesa.

https://fadotradicional.wixsite.com/fadostradicionais/historia-da-guitarra-portuguesa

Lista de guitarristas


* Álvaro Martins
* Ângelo Freire
* António Chainho
* António Parreira
* Bernardo Couto
* Custódio Castelo
* Fontes Rocha
* Gentil Ribeiro
* Luís Guerreiro
* Ricardo Rocha
* Raul Nery
* Carlos Paredes
* José Manuel Neto

E claro uma especial homenagem ao Guitarrista antigo aluno da EPAR uma antepassada do Estrategizando - Ângelo Freire !

Ângelo Braz Freire, conhecido como Ângelo Freire é um fadista, guitarrista, compositor e produtor português que nasceu a 19 de Fevereiro de 1989. Ainda em criança, venceu aos 11 anos, no ano 2000, a Grande Noite do Fado, na categoria de Juvenis, e o concurso internacional “Bravo Bravíssimo”.

Ao longo do seu percurso artístico tem acompanhado e gravado com vozes como: Ana Moura, António Zambujo, Carlos do Carmo, Carminho, Mariza, Mísia, Mafalda Arnauth, Sara Correia, entre outros.

É considerado, pelos críticos, um dos melhores guitarristas portugueses, comprovado nos prémios que recebeu ainda na Grande Noite do Fado, de 2004, como melhor instrumentista de Guitarra Portuguesa, em 2007 com o Prémio Francisco Carvalhinho (conceituado Guitarrista Português) e mais tarde, em 2012, como melhor guitarrista do ano nos prémios Amália Rodrigues.

Já tocou em algumas das maiores salas do mundo como o Olympia, Carnegie Hall, Barbican Centre, Festival Hall, Queen Elizabeth Hall, Town Hall, Walt Disney Concert Hall ou o Sidney Opera House. Como fadista, destaca-se um percurso de 20 anos, pautado pela força das suas interpretações, e pelo reconhecimento de todo o público que o escuta como uma das grandes vozes e guitarristas do Fado.

Edita em Novembro de 2023, como fadista, o seu primeiro álbum de originais. É, desta forma, uma das figuras mais reconhecidas e admiradas no circuito da música tradicional portuguesa.

Antonio de Sousa